Vidroplano
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Proteção garantida

09/05/2018 - 12h00

Não é segredo para os leitores de O Vidroplano que existem vários tipos de vidro plano, cada um com suas características e finalidades. Alguns deles são classificados como vidros de segurança, e esse nome não é dado à toa: são peças especiais, cujo uso é obrigatório em estruturas que precisam garantir a proteção de quem se encontra perto deles. Nas próximas páginas, conheça um pouco mais sobre esses materiais e saiba onde aplicá-los.

O que é um vidro de segurança?
vp_casetempNOVASegundo Vera Andrade, coordenadora técnica da Abravidro, a norma NM 293 — Terminologia de vidros planos e dos componentes acessórios à sua aplicação define esse produto como um “vidro plano cujo processo de fabricação reduz o risco de ferimentos em caso de quebra”. A associação, vale lembrar, sedia o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37).

São três os modelos de vidro que se encaixam nessa definição: o temperado, o laminado, e o aramado. Conforme comenta Samuel Toffoli, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), “são obrigatórios em diversas aplicações na construção civil, como fechamento de sacadas ou guarda-corpos”. Outro segmento em que os produtos são fundamentais, ele acrescenta, é no automotivo, que requer o uso de laminados em todos os para-brisas de veículos, e de temperados em todas as outras janelas.

Se não é de segurança, não entra!
Embora as informações sobre o vidro correto estejam cada vez mais presentes no dia a dia do nosso setor, ainda há quem use produtos inadequados em instalações. “Quando se instala um float em um guarda-corpos, por exemplo, o vidro pode quebrar-se em pedaços cortantes que podem cair sobre quem estiver abaixo dele”, alerta Raphael Gallegos, gerente-comercial da processadora Reflex Tempervidros, de Contagem (MG).

Para Leandro Gonçalves, gerente de Projetos da beneficiadora paulistana Divinal Vidros, quem não usa o tipo certo na instalação não pode ser chamado de profissional. “Essa prática seria de uma imensa irresponsabilidade e a empresa ou profissional autônomo podem até ser responsabilizados criminalmente em caso de acidente envolvendo lesão corporal”, observa. Ele tem razão: o artigo 39 do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor informa que os fornecedores são proibidos de colocar no mercado qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas.

A opção correta

Uso de vidro aramado na cobertura do ambiente Varanda Kashmir, de Valéria Leão e Marina Pimentel, na Casa Cor Brasília 2016

Uso de vidro aramado na cobertura do ambiente Varanda Kashmir, de Valéria Leão e Marina Pimentel, na Casa Cor Brasília 2016

Para a instalação de um guarda-corpos, então, devemos usar nele um dos três tipos de vidro de segurança, certo? Errado: a NBR 7199 — Vidros na construção civil – Projeto, execução e aplicações veta o uso de temperados nesses sistemas. O motivo para isso é que, se ele quebrar, o vão que deveria proteger quem está próximo ficará aberto, oferecendo risco de queda.

Onde, então, posso usar cada tipo de vidro de segurança? Em caso de dúvida, vale a pena consultar sua processadora de confiança. A paulistana Conlumi, por exemplo, criou o Departamento de Respaldo Técnico: “A iniciativa visa a evitar que os projetos tenham vidros aplicados de forma inadequada, protegendo tanto o cliente final como quem está prestando o serviço”, comenta Cláudio Passi, diretor-geral da empresa. Você também pode saber quais vidros podem ser aplicados em cada caso consultando os materiais do #TamoJuntoVidraceiro (veja mais no final desta reportagem).

Temperado: resistência trazida pela temperatura
vp_temperadoCOMO É FEITO — O processo de produção consiste no aquecimento da chapa a até cerca de 700 °C. Quando a temperatura se torna homogênea em todos os pontos da chapa, o produto é retirado do forno e passa por um rápido resfriamento, por meio de jatos de ar de alta pressão. “O interior do vidro se resfria mais lentamente que sua superfície, o que cria tensões térmicas residuais que permanecem no produto à temperatura ambiente, aumentando sua resistência mecânica”, aponta Toffoli, da Poli-USP.
SEGURANÇA — O temperado tem resistência até cinco vezes maior que a do comum. “Além disso, em caso de quebra, a peça se estilhaça em fragmentos pequenos, diminuindo a chance de ferimentos das pessoas ao redor”, ressalta Vera, da Abravidro.

Você sabia?
A primeira patente conhecida para o processo de têmpera foi concedida em 1874 ao parisiense François Barthélémy Alfred Royer de la Bastie. Na época, ele mergulhava as chapas quase derretidas em óleo quente.
Fonte: Jonathan Barr, The Glass Tempering Handbook

Laminado: proteção na camada intermediária
vp_laminadoCOMO É FEITO — Duas peças de vidro são intercaladas por uma camada intermediária, que pode ser uma película de polivinil butiral (PVB) ou de etil vinil acetato (EVA), ou uma resina. Em seguida, o conjunto é submetido a uma ação de pressão (no caso de laminação com PVB) e temperatura elevadas, dando-se como resultado a adesão entre as chapas e a transformação em uma única peça.
SEGURANÇA — “Em caso de quebra do laminado, seus cacos ficam presos à camada intermediária”, explica Vera, da Abravidro. Com isso, o risco de ferimentos por cortes é bastante reduzido. Mas essa não é a única proteção conferida pelo produto. Mesmo após quebrado, o conjunto ainda impede a passagem de objetos grandes, evitando a abertura do vão e mantendo a área fechada por tempo suficiente para que seja substituído.

Você sabia?
A primeira patente para vidro laminado foi concedida em 1909 ao químico francês Édouard Bénédictus, inspirado em um acidente de laboratório: ao derrubar um frasco envidraçado revestido com nitrato de celulose, constatou que o objeto se manteve inteiro mesmo com a quebra.
Fonte: Enciclopédia Britânica

Aramado: segurança na malha de aço
vp_aramadoCOMO É FEITO — Ao contrário do temperado e do laminado, o aramado ganha suas propriedades ainda no processo de fabricação. Antes de a chapa ficar sólida, logo após sair do forno de fusão, ela recebe uma malha de aço no interior de sua massa. Por ser um tipo de vidro impresso, apresenta-se como uma solução interessante na área de arquitetura e design de interiores.
SEGURANÇA — Vera explica que, se o vidro quebrar, a maior parte dos fragmentos permanece presa à tela metálica. Isso impede que objetos ou pessoas o atravessem, mantendo o vão fechado.

Você sabia?
A primeira menção ao aramado foi feita no ano de 1892 em Dresden, Alemanha. O produto surgiu como uma forma de superar as quebras em construções e evitar problemas de segurança e manutenção.
Fonte: Konstandena Keffallinus, Wire glass: History of technology & development

Unindo qualidades
vp_foto-conlumiExistem também os vidros temperados laminados — ou seja, feitos com a laminação de duas chapas temperadas. Essas peças trazem tanto a resistência mecânica dos primeiros como a aderência dos fragmentos à camada intermediária dos segundos em caso de quebra.

Outra vantagem é que, ao contrário dos laminados comuns, eles podem ser furados (antes de passar pelos processos de têmpera e laminação) para a instalação de ferragens, sem necessidade de caixilhos.

Tire suas dúvidas sobre os vidros para cada aplicação!
Os materiais da campanha #TamoJuntoVidraceiro, lançada este ano pela Abravidro, apresentam todos os tipos de vidro — de segurança ou não — e os locais e formas como cada um pode ou não pode ser instalado.

Por isso, não deixe de consultá-los sempre que possível: eles estão disponíveis para download gratuito em www.abravidro.org.br/tamojuntovidraceiro-materiais

Este texto foi originalmente publicado na edição 545 (maio de 2018) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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