Vidroplano
Vidroplano


15º Simpovidro: Fabricio Soler explica o ESG

19/11/2022 - 18h15

Recentemente, a sigla ESG vem aparecendo com frequência em artigos, congressos e comunicados de imprensa, mas ainda há muitas dúvidas sobre o que esse conceito abarca e como aplicá-lo nas iniciativas das empresas. Pensando nisso, a organização do 15º Simpovidro convidou Fabricio Soler, consultor jurídico da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) no Brasil e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para estudos em resíduos, além de membro de comitês de ESG, para ministrar a palestra Desmistificando o ESG.

O que é ESG?
A sigla se refere às palavras em inglês para os segmentos ambiental, social e de governança. Soler explicou que se trata de um conjunto de medidas, ações e procedimentos nessas três áreas que o setor privado deve adotar.

No campo ambiental, o palestrante ressaltou que, ao contrário do que muitos pensam, o ESG não se resume apenas a práticas para reduzir as emissões de carbono: também é necessário buscar eficiência no uso de recursos naturais, como água e biodiversidade; eficiência energética e adoção do uso de fontes renováveis; prevenção, mitigação e reparação de poluição e contaminação decorrentes da atividade econômica; gestão e gerenciamento de resíduos sólidos; entre outras medidas.

Na área social, Soler enfatizou que as relações de trabalho precisam ser pautadas em combate ao assédio moral e sexual; na atenção à saúde e segurança do trabalho e prevenção de acidentes; na promoção de diversidade por meio da inclusão de diferentes perfis (gênero, orientação sexual, raça, condição física, idade); na prevenção e combate ao trabalho escravo e trabalho infantil etc.

Por fim, em relação à governança, as empresas devem contar com uma estrutura de governança para a sustentabilidade; ter transparência de seus resultados socioambientais e de governança; atenção com a composição do conselho de administração, com diversidade e independência; adotar uma política de remuneração variável baseada em metas socioambientais e de governança; formalizar e estruturar políticas e procedimentos de governança para os temas ESG; além de contar com auditoria, ética e transparência nas relações com stakeholders.

Mitos e verdades sobre o ESG
Embora a adoção do ESG seja noticiada principalmente pelas grandes empresas, Soler enfatizou que é um mito acreditar que as pequenas e médias não precisam seguir essa agenda. Outro mito apontado é o de que se trata apenas de uma moda passageira, ou algo restrito aos negócios e profissionais mais jovens: segundo ele, o ESG é um caminho sem volta. E engana-se quem argumenta que trazer essas práticas é algo caro: na verdade, não adotá-las sairá muito mais caro na relação entre custos e benefícios.

Por outro lado, algumas das verdades apontadas por Soler são de que o ESG exige a mudança de mentalidade e de cultura, e que ele fortalece a imagem da empresa junto aos clientes. De fato, ele enfatizou que o ESG traz a valorização da marca, melhora sua reputação, reduz riscos e ajuda a atrair talentos. E fez a pergunta: para quem acha que sustentabilidade é só custo e não gera receita, por que então o mercado só quer investir em empresas que apresentam essa preocupação?

Greenwashing
Um dos alertas feitos ao longo da palestra foi em relação ao “greenwashing” – isto é, a empresas que se dizem verdes e sustentáveis, mas cujas práticas mostram o contrário. Soler apontou que há sinais para identificar os “falsos sustentáveis”, como a falta de provas do que alega, a vagueza e imprecisão dos dados, a irrelevância do suposto diferencial sustentável e o uso de falsas certificações para seus produtos.

Quem faz greenwashing corre sérios riscos: além de poder sofrer punições de autoridades (caso do Deutsche Bank na Alemanha), a descoberta disso pode destruir a reputação da marca junto ao mercado, aos investidores e aos consumidores.

Oportunidade para o vidro
Este ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que adotou uma resolução histórica para acabar com lixo plástico no mundo. A decisão abre grandes oportunidades de negócio para o mercado vidreiro, uma vez que nosso material é altamente reciclável e nossa indústria tem grande destaque na área de sustentabilidade, conforme destacado em um relatório publicado pela International Finance Corporation (IFC – Corporação Internacional de Finanças).

Assim, Soler destaca que esse é um incentivo extra para que o setor vidreiro se adeque ao ESG. Segundo o palestrante, muito já foi feito dentro do ESG na agenda ambiental e na governança pelo mundo com comitês de auditoria, ouvidoria e quadros de ética; agora, tudo isso precisa ser trabalhado de forma sistematizada dentro das corporações privadas. E reforçou que esse não é um tema de um único profissional: precisa envolver diversas áreas, incluindo os departamentos de recursos humanos, jurídico, financeiro, e – é claro – as lideranças.

Crédito da foto de abertura: Marcos Santos e Andreia Naomi



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters