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Abravidro participa de reunião na Fiesp com presidente do Banco Central

15/02/2025 - 14h22

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participou na manhã de sexta-feira (14) de um encontro com líderes do mercado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Iara Bentes, superintendente da Abravidro, esteve presente no evento.

O tema que marcou o encontro foi a alta dos juros – na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de janeiro, a taxa básica de juros, a Selic, foi elevada para 13,25%. O presidente do BC justificou que o Brasil cresceu mais do que o esperado por quatro anos seguidos, próximo do pleno emprego. “Se somamos a economia mais resiliente, com mínimo de desemprego, o crescimento da renda elevado, anos excepcionais para a indústria, para a construção civil e serviços, com um cenário de desvalorização cambial acentuada e impacto climáticos que afetaram a produção de alimentos, passamos a ver uma pressão inflacionária mais alta. Isso tudo gabarita as razões para a alta dos juros”, disse.

Questionado se a medida surtirá efeito para conter a inflação, respondeu: “O mandato do Banco Central é colocar a taxa de juros em um patamar restritivo o suficiente e pelo tempo que for necessário para que a inflação possa fazer a convergência para a meta. O remédio vai funcionar! O Banco Central tem as ferramentas para conduzir a política monetária, para perseguir a meta, e não vai se furtar a fazer isso”.

Empresários que participaram da reunião aproveitaram para apresentar demandas do setor produtivo. Em tom de brincadeira, mas que manifestou a insatisfação com a alta taxa de juros, Luiza Trajano, da Magazine Luiza, pediu ao presidente do BC que não comunique novos aumentos na taxa. “A pequena e média empresa não aguenta mais viver com isso. Não tem condição, e é ela que gera emprego”, disse.

O experiente Eugênio Staub, dono da Gradiente, desabafou ao dizer que acompanhou muitos momentos da economia nacional, e que, há muito tempo, o País convive com problemas estruturais que prejudicam o crescimento da indústria. “Não há perspectiva de uma reação do mercado a curto prazo por diversas razões, e uma delas é o custo financeiro. Não é possível investir em indústria a uma taxa real de 8, 10 ou mais por cento”, afirmou.

Galípolo concordou. “Esse tema me parece um desafio geracional, de como a gente consegue normalizar os canais de transmissão de política monetária. É algo de longo prazo, mais estrutural”, refletiu.

Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), avaliou que o BC está solitário na condução da política monetária e citou problemas como a indexação e vinculação dos gastos públicos, que, segundo o dirigente, torna insustentável a situação fiscal. “É importante que tenhamos menos indexação dos gastos públicos, menos vinculação no salário mínimo, que possamos ter tetos de crescimento das despesas compatíveis com uma trajetória da dívida pública que possa se estabilizar. Se nós não fizermos isso, vamos fazer com que o Banco Central continue, de forma solitária e muito penosa, sacrificando a economia para colocar a inflação na meta”, disse.

Agir com base em tendências e não em volatilidades
Sobre os impactos das políticas tarifárias do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, Galípolo disse que ainda é preciso entender as medidas efetivas que serão tomadas e quais as repercussões, ressaltando que existe uma incerteza considerável e que isso tem influenciado a dinâmica de preços dos ativos.

Segundo o economista, o BC tem uma atuação preventiva e conservadora na definição de sua política, agindo sempre com base em tendências, e não em volatilidades, mantendo cautela na interpretação dos dados.

Ao final, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, reforçou a confiança do grupo no trabalho do BC e defendeu que sociedade, governo, Congresso e Judiciário contribuam de modo que os juros não tenham que subir de forma persistente, como única solução possível para segurar a alta dos preços.

A íntegra do encontro está disponível no canal da Fiesp no YouTube.

Foto: Ayrton Vignola/Fiesp



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