Vidroplano
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José Roberto Guimarães inspira e dá aula de liderança no Simpovidro

11/11/2017 - 16h11

Quem melhor para falar sobre liderança no 13º Simpovidro do que o técnico José Roberto Guimarães? Trata-se do único brasileiro tricampeão olímpico: a primeira vez foi em Barcelona (1992), como técnico da seleção masculina de vôlei, e em Pequim (2008) e Londres (2012), como líder da equipe feminina do mesmo esporte. Mas essas conquistas não vieram de graça, como ele contou no maior encontro vidreiro do País e mostrou que sua experiência também pode ser aplicada no nosso setor.

Guimarães começou observando que a cultura do brasileiro em geral só privilegia o vencedor, esquecendo a importância dos demais colocados – isso, para ele, é algo que precisa mudar.

Saindo da zona de conforto
Guimarães nem sempre gostou de vôlei: quando criança, sua paixão era o futebol. Isso mudou quando, por volta dos treze anos, ele começou a namorar uma colega de escola que jogava vôlei. Aos poucos, foi se interessando pelo esporte, fez alguns testes e logo entrou para times.

Porém, o técnico logo descobriu que, em uma competição, é preciso sempre fazer mais do que o que os outros esperam de você, para provar sua capacidade tanto para eles como para si mesmo. “Pequenas coisas me fizeram ser cobaia de mim mesmo”, brinca: por não ser alto, tendo 1,74 m de altura, ele tinha que fazer algo diferente para se destacar no vôlei, e a solução encontrada foi fazer algumas aulas de balé para melhorar sua propulsão no salto. Isso, ele explicou, mostra que é importante não ter medo de encarar novos desafios para vencer, seja na vida pessoal ou profissional.

De comandado a comandante
Guimarães fez parte da seleção masculina que competiu nos Jogos Olímpicos de 1976, em Montreal, Canadá: neles, o Brasil ficou em sétimo lugar mesmo ainda não tendo um caráter profissional e enfrentado times muito mais fortes, mostrando que o esporte tinha futuro no País.

De jogador, Guimarães passou a assistente técnico em 1989, dirigiu seleções de base em 1991 até que, no ano seguinte, foi convidado para assumir a seleção masculina do Brasil. Na época com 34 anos – bastante jovem para ocupar essa função –, ele contou que chegou a duvidar da própria capacidade, mas aceitou o convite encorajado por sua esposa, familiares e amigos.

Apesar disso, nem todos os jogadores tinham confiança em sua liderança, situação que mudou justamente com uma experiência inusitada, em um jogo contra Cuba na Liga Mundial: durante o tie-break, um jogador cubano puxou a rede para fazer parecer que a bola enviada pelos brasileiros havia tocado nela. O juiz acreditou, e Guimarães, revoltado, invadiu a quadra para reclamar, sendo expulso. Isso acabou contagiando o time brasileiro, que reconheceu sua liderança e disposição para dar a cara a tapa nos momentos difíceis.

Com a confiança estabelecida, o técnico decidiu que a seleção precisava jogar de modo diferente das outras equipes no mundo antes das Olimpíadas de 1992: “As pessoas não podem ter receio de mudar de posição ou o que sempre fazem, tanto no esporte como no mundo corporativo”, disse Guimarães: ele ensinou que é preciso se abrir para o que ainda não foi feito, pois isso pode ser exatamente a chave para o sucesso. E foi mesmo: na ocasião, o Brasil conquistou sua primeira medalha de ouro em competição por equipes!

Aprendendo com as mudanças
Nas Olimpíadas seguintes, o Brasil ficou em quinto lugar no vôlei masculino, o que Guimarães definiu como frustrante. Mesmo assim, a derrota serviu como ensinamento de que os sucessos passados não garantem o sucesso no presente ou no futuro; para continuar vencendo, é preciso ter sempre muito foco e concentração.

Uma nova mudança veio quando, em 2000, passou a ser técnico de equipes femininas, culminando na liderança da seleção feminina em 2003. Segundo ele, há diferenças na forma de conduzir cada grupo: para os homens, a liderança é exercida com mensagens claras, enquanto no caso das mulheres, ele precisou se aproximar mais de cada jogadora para entender o que elas pensavam.

Infelizmente, mesmo esse aprendizado não foi suficiente para garantir a vitória nas Olimpíadas de Atenas, no ano seguinte. Isso fez Guimarães perceber que é preciso sempre se preparar o máximo possível, pois, em algum lugar, alguém está se preparando mais do que você. E foi o que ele fez, adotando recursos tecnológicos para reunir dados sobre o desempenho do time e levá-lo a um nível acima. Como os Jogos de Pequim (onde o Brasil não só conquistou a medalha de ouro como venceu todos os jogos e só perdeu um set) mostraram, a decisão foi acertada.

O papel do líder
Toda a trajetória profissional de Guimarães serviu para o palestrante ilustrar a todos os presentes qual deve ser o papel do líder: quem se encontra nessa posição precisa assumir riscos, motivar sua equipe e, principalmente, se comprometer com o projeto com o qual está envolvido. Saber ouvir cada pessoa também é muito importante.

“Muitas vezes, as pessoas deixam a bola para o outro e não assumem o que deveriam assumir”, ele explicou. Para ter êxito, o líder precisa ter atitude, assumir suas responsabilidades e, assim, dar o passo que falta para liderar.

Com ensinamentos extremamente valiosos, além de suas três medalhas de ouro, José Roberto Guimarães também pode dizer que fechou a grade de palestras do maior encontro do setor vidreiro no Brasil com chave de ouro!

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