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Luiz Felipe Pondé dá aula sobre ética no 14º Simpovidro

08/11/2019 - 14h07

O que é ser ético nos negócios, nas relações pessoais, na vida? O filósofo, professor e escritor Luiz Felipe Pondé trouxe esse debate para a última palestra desta sexta-feira no 14º Simpovidro.


Uso com cautela
Segundo Pondé, ética é uma palavra que precisa ser usada com cuidado – com frequência, é empregada quando não se sabe muito bem o que dizer a respeito de valores. Mais que oferecer definições ou soluções, ele afirmou pretender esclarecer como o conceito funciona na prática.


Na teoria
Ética pode ser considerada um estudo do comportamento. “É uma ciência na contingência. Ou seja, sofre a pressão do ambiente em que a pessoa se insere”, comentou. Com as redes sociais, criar uma narrativa (que nem sempre é verdadeira) sobre si mesmo virou protocolo. A produção de transparência e a falta de privacidade fazem parecer que a ética seja algo vindo do exterior do indivíduo. Dessa forma, cria-se a necessidade de grandes mecanismos de vigilância. É contra esse horizonte que o debate sobre ética deve existir.


Gregos
Segundo o conceito criado por Aristóteles na Grécia Antiga, a ética está relacionada à virtude. Um exemplo para entender na prática: você só sabe se é honesto se tiver a chance de roubar e ninguém descobrir, mas mesmo assim não cometer o crime.

A virtude:

-cresce em ambiente hostil;

-cresce quando tornada hábito;

-deve ser tímida. Não existe marketing em ética. É o outro que deve reconhecer sua virtude.

A ética, portanto, é uma luta constante para resistir a vícios.


Na prática
A ética não existe na teoria, somente prática. Além disso, ela se relaciona com outras questões, como perdão, misericórdia, empatia. Pondé citou como um conflito ético a questão de manipulação genética: “Hoje isso pode ser considerado um absurdo, mas no futuro será normal”. Portanto, a ética se adapta aos valores de uma sociedade.


Alemães
O filósofo alemão Immanuel Kant foi citado como outro estudioso desse tema. Para ele, a ética está associada a regras rígidas: a pessoa deve se perguntar se seu modo de agir poderia ser transformado em norma universal de comportamento. Em caso positivo, está agindo eticamente. Esse pensamento, no entanto, vai de encontro com a famosa “cordialidade” do brasileiro. Por sermos emotivos, usando o “coração” em diversos momentos, tendemos a pensar que certas leis em determinadas situações podem ser burladas que não haverá problemas.


Bem-estar
Existe ainda uma relação entre ética e bem-estar, principalmente no mundo dos negócios. Ambientes que parecem incoerentes, sem imaginação ou empatia, acabam gerando falta de ética. “O capitalismo vive de confiança e quem é empresário tem de ser otimista”, explica Pondé, alertando que a empresa precisa ser uma extensão dessa filosofia.



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