Vidroplano
Vidroplano


Mario Sergio Cortella encerra 1º dia de palestras do 15º Simpovidro

18/11/2022 - 16h13

O primeiro dia de palestras do 15º Simpovidro foi encerrado por uma figura de renome nacional: o filósofo Mario Sergio Cortella, ex-professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e autor de dezenas de livros não só sobre filosofia, mas também sobre motivação, gestão e liderança. Para o principal encontro vidreiro da América Latina, Cortella palestrou sobre o tema Cenários turbulentos, mudanças velozes, combinando citações literárias, referências anedóticas e bom humor para trazer aos participantes reflexões sobre o mundo veloz da informação no qual vivemos atualmente.

Superando o medo das mudanças
Citando o começo da música Mentiras, da cantora Adriana Calcanhotto, Cortella comentou que, com a pandemia de Covid-19 em 2020, “nada ficou no lugar”. Contudo, ele observou que essa não foi a primeira vez em que o mundo se viu tomado por um cenário turbulento em que mudanças velozes foram necessárias para se adaptar a ele.

Para essa postura, o filósofo falou que é necessário ter coragem – não como ausência de medo, mas sim como capacidade de enfrentar o medo. Cortella citou seu próprio caso: ele tem medo de tomar avião, mas considera que é necessário enfrentar e superar esse medo a fim de seguir com suas atividades.

Em relação ao setor vidreiro, ele observou que a pandemia trouxe oportunidades para o segmento em 2020, enquanto este ano a cadeia vidreira está em situação mais difícil, reforçando a percepção de que estamos sempre passando por alterações no dia a dia.

Passado x futuro
Para Cortella, uma das piores coisas que alguém pode fazer a si mesmo é apegar-se “ao seu tempo”, ficando aprisionado em um momento do passado. Segundo ele, o passado é um lugar de referência, mas não de direção: é preciso coragem e humildade para mudar as próprias percepções e buscar aprender o que não se sabe sempre que necessário – assim como o para-brisa de um carro é sempre maior do que o retrovisor, mostrando que, embora seja importante olhar para trás em alguns momentos, a visão deve estar focada principalmente para a frente.

O palestrante comentou também que precisou abrir a cabeça nos últimos anos para sua experiência como palestrante, adaptando-se aos novos tempos e às novas tecnologias, citando como exemplo seus vídeos no TikTok com reflexões sobre ética e filosofia. O esforço rendeu frutos: hoje, Cortella tem milhões de seguidores nas redes sociais, incluindo um grande percentual de público jovem.

Para quem tem medo de se perder nas mudanças, ele tranquilizou explicando que mudar não significa abandonar todas as suas raízes; pode-se – e deve-se – manter o que ainda funciona, observando e abandonando aquilo que já não funciona mais.

Arrogância x humildade
Um dos pontos na palestra foi a diferenciação entre os conceitos de “idoso” e “velho”. Segundo Cortella, idoso é alguém que já tem muitos anos de vida, enquanto velho é quem acha que sabe tudo e já aprendeu tudo o que precisa aprender, não importando a idade. Em contraponto a essa postura, ele recomenda a humildade, a postura de reconhecer que não sabe e nunca saberá tudo, que pode sempre aprender com os outros – para Cortella, ser humilde não é sinal de subserviência, mas sim de inteligência.

Diversidade e coragem em cenários turbulentos
Um alerta feito por Mario Sergio Cortella: em cenários turbulentos e mudanças velozes, cuidado com quem concorda com tudo que você pensa, pois isso lhe deixa no mesmo lugar. Ao contrário, preste atenção em quem discorda de você: isso pode ajudar a identificar erros e crescer; um adversário fraco lhe enfraquece. Ele também orientou os participantes a fortalecer a autoestima, mas nunca confundir autoestima com autoengano – isto é, achar que sabe algo que não sabe ou que é bom naquilo que não é.

O contato com pessoas diferentes, opiniões distintas das nossas, é o que nos tira da nossa zona de conforto e nos faz crescer. Novamente, usou sua própria experiência: tem uma série de discordâncias com um certo professor, mas são as discussões constantes com esse colega que o ajudam a evoluir.

Nesse sentido, o palestrante destacou a importância de um simpósio como o Simpovidro, e comentou que alguém que venha para o principal encontro vidreiro da América Latina e passe os quatro dias sem abrir a cabeça a novas ideias e práticas está perdendo uma oportunidade valiosíssima.

Encerrando sua apresentação – e o primeiro dia de palestras –, Cortella afirmou que, frente a cenários turbulentos e mudanças velozes, ou a gente senta e chora, ou levanta e enfrenta os problemas. “Enfrentem!”, ele concluiu.

Crédito da foto de abertura: Marcos Santos e Andreia Naomi



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters