Vidroplano
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Saiba como apresentar vidros de valor agregado ao consumidor

19/02/2021 - 16h16

“Valor agregado” é uma expressão usada há um bom tempo nos negócios. Significa aquele item que vai além de sua função básica. O vidro, por exemplo, serve primeiro para fechar vãos. Porém, pode fazer muito mais que isso: oferecer segurança, conforto térmico e acústico e beleza estética, entre outros benefícios.

Para o setor sonhar com um crescimento igual ao do começo da década passada, vale voltar a atenção para esse tipo de produto. Por isso mesmo, O Vidroplano conversou com as usinas brasileiras, e também com uma arquiteta, para entender os diferenciais desses materiais e como o trabalho com eles deve ser realizado.

 

O significado
Um “vidro de valor agregado” deixa de ter a característica simples de commodity para se tornar algo diferenciado. Maria Luiza Ciorlia, a Malu, gerente de Marketing da divisão de Vidros para Construção Civil da AGC, explica esse conceito: “A maior parte desses vidros passa por algum processamento complementar após a produção”. Nesse sentido, o de controle solar recebe revestimento (coating); o espelho passa pelo processo químico de aplicação de prata, tinta protetora e outros componentes; o vidro pintado recebe a tinta em uma das superfícies etc. “Mas eles também podem ser provenientes da fabricação do float, como os extra clear, com baixo teor de ferro, os espessos e os com tonalidades diferentes”, complementa Malu. Portanto, o que vai caracterizar um produto desse tipo é o potencial que ele tem de gerar mais valor para quem o consome – e também para quem o comercializa.

Levando em conta que temperados e laminados também se encaixam nessa categoria, o foco desta reportagem está nos materiais “especiais”, aqueles com qualidades únicas que servem como interessante apelo de venda junto ao cliente. Afinal, como reforça Mônica Caparroz, gerente de Marketing da Cebrace, “para cada demanda, existe um vidro de valor agregado mais indicado, seja para ser aplicado em interiores ou em fachadas”.

 

O impacto nos negócios
Na indústria nacional como um todo, o produto básico (a commodity) tem grande participação no faturamento das empresas. Porém, os itens de valor agregado vão ganhando mais relevância à medida que os consumidores percebem os ganhos. Essa é a razão de as usinas apostarem neles. “Temos investido de forma permanente na ampliação e fortalecimento do portfólio, a exemplo dos recentes lançamentos nas linhas Vivix Performa e Vivix Decora, além de outros projetos já em andamento”, comenta Viviane Moscoso, gerente de Produto da Vivix.

Mônica, da Cebrace, reforça que essas soluções têm um custo mais alto, mas, ao mesmo tempo, contam com maior valor percebido pelo consumidor. “Como é um mercado em expansão, cada vez mais exigente com os produtos escolhidos, a tendência é que esse impacto no faturamento se transforme gradualmente em um dos carros-chefes de todas as empresas da cadeia vidreira.”

 

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Esse valor percebido faz com que vários tipos de vidro passem a concorrer diretamente com outros materiais. “Os utilizados em revestimentos, por exemplo, podem substituir as cerâmicas em muitas aplicações”, indica Malu, da AGC. “Os vidros de controle solar, por sua vez, podem contribuir com a sustentabilidade das obras, com características como a redução de uso de energia elétrica e o conforto térmico gerado a uma residência.”

 

A necessidade de conscientizar
Apesar do uso mais disseminado hoje em dia, ainda existe muito espaço para o crescimento na aplicação desses produtos. E isso passa pela conscientização não só do público, mas também de quem especifica, como arquitetos, engenheiros e designers de interiores. “Oferecendo informação de qualidade por meio de treinamentos e palestras, podemos contribuir para ampliar a demanda”, opina Renato Sivieri, diretor de Marketing da Guardian.

 

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O Circuito de Palestras Guardian reuniu profissionais em diversas cidades do País para palestras sobre tendências modernas no uso do material, incluindo dicas para vidraceiros sobre as melhores formas de agregar valor a seus negócios. Ano passado, em meio à pandemia, a empresa promoveu lives pela Internet a respeito de temas técnicos envolvendo a aplicação desses itens. “Também temos um canal de comunicação, via WhatsApp, no qual profissionais do setor podem se cadastrar para receber informações sobre vidros e espelhos”, afirma Sivieri. Somado a isso, existe ainda um serviço de consultoria técnica, prestado presencialmente e de forma remota.

A AGC fez parcerias com centros de formação profissionais para a realização de cursos, buscando maior proximidade com os especificadores. “A nossa estratégia é a comunicação com toda a cadeia de valor da indústria. Para isso, utilizamos todos os nossos canais de contato direto com o consumidor, mostrando que a utilização do vidro pode ir muito além de um boxe de banheiro ou de uma janela”, explica Malu.

Participar de ações de apoio junto a entidades vidreiras para a organização de treinamentos em diferentes Estados é uma boa solução para a questão, segundo a Cebrace. Esses eventos são organizados com regularidade, sendo noticiados no site da Abravidro e na seção “Agenda”, onde aparece a data de cada um deles (abravidro.org.br/fique-por-dentro/agenda). “Quanto mais falarmos sobre os benefícios e ensinarmos a especificação correta, melhor. Por isso, disponibilizamos uma consultoria técnica em todo o Brasil a fim de auxiliar nessa tomada de decisão”, revela Mônica Caparroz. “É importante manter projetos e parcerias com os setores de arquitetura e construção para gerarmos resultados a médio e longo prazos.”

Com a informação e oportunidades de formação cada vez mais disponíveis, esses arquitetos, engenheiros e designers se tornam a ponte entre o mercado vidreiro e os clientes finais, levando o conhecimento até eles. Mas, para que isso gere frutos reais, relembra Malu, da AGC, é muito importante que as usinas tenham esses produtos em estoque. “As fábricas precisam manter o abastecimento dos materiais, oferecendo cada vez mais produtos diferenciados e com uma qualidade que justifique e estimule a decisão de compra.”

 

Pelo olhar de quem especifica
“Eu adoro sugerir novidades para meus clientes e divulgá-las em mostras de decoração”, admite a designer de interiores Patrícia Kolanian Pasquini. Seu trabalho é a prova de que esse canal de comunicação com quem efetivamente consome vidro faz a diferença. “Normalmente, eu primeiro apresento o produto, mas sei que ele sempre vai gerar dúvidas caso seja algo diferenciado. Em seguida, mostro projetos que já fiz utilizando tal produto ou referências. Com isso, o cliente entende e o resultado final sempre o agrada.”

 

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Segundo Patrícia, várias pessoas que a contratam chegam com ideias fixas de soluções e materiais, o que pode ser atribuído à falta de conhecimento do que está disponível no mercado. “Vejo que o novo agrada, pois realmente não sabiam sequer da existência. Mas sempre perguntam do custo. Talvez esse seja o principal motivo de termos um consumo menor de itens de valor agregado no Brasil”, comenta a designer de interiores.

O “fantasma” do preço só será vencido quando os benefícios trazidos ficarem claros na mente do público. Patrícia cita um exemplo disso: “Adoro espelho bronze, sempre uso em áreas sociais. Tem um custo mais alto que o espelho cristal? Sim. Porém, vale o investimento, pois irá agregar uma estética única à obra. Hoje, alguns clientes me procuram já pedindo ‘quero aquele espelho’”. (Veja mais aplicações de valor agregado feitas por Patrícia na seção “Para sua vidraçaria”, clicando aqui)

 

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Cuidados especiais
De nada vai valer o consumidor saber de todos esses benefícios se as empresas não levarem em conta as particularidades do manuseio de vidros de valor agregado. Os de controle solar ou outros com revestimento, por exemplo, demandam cuidados especiais, principalmente em relação à superfície que recebeu o coating – da mesma forma que espelhos e acidatos. Mesmo assim, vale comentar que as características de processamento e manutenção são mínimas quando comparadas aos diferenciais comerciais entregues por esses materiais.

Sivieri, da Guardian, também tem recomendações: “Indicamos as melhores práticas independentemente do tipo de vidro, como o uso de luvas limpas, separadores entre chapas e materiais para limpeza compatíveis”.

 

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Catálogo de qualidade
É hora de conhecer alguns dos principais vidros de valor agregado disponíveis no Brasil. Veja a seguir, divididos por tipo e fornecedor.

DE CONTROLE SOLAR — Filtram a entrada de calor e de raios ultravioleta (UV) no ambiente. Aplicados em fachadas, fechamentos de saguões e entradas de prédios, envidraçamento de sacadas etc.

AGC
Sunlux Shadow — Linha produzida especialmente para climas tropicais, como o do Brasil. Com variadas opções de cores e disponível em quatro níveis de transmissão de luz;
Stopsol — Com aparência âmbar, pode ser utilizado em instalações externas e internas;
Sunergy — Low-e (com baixa emissividade) de aparência neutra.

Cebrace
Cool Lite — Família de produtos que engloba quatro linhas:
- BR: linha produzida especialmente para o clima brasileiro;
- K: low-e de aspecto neutro;
- S: garante redução de até 80% da entrada de calor e 99% dos raios UV;
- SK: low-e com baixa reflexão;
Habitat — Linha para uso residencial, bloqueia quase 100% dos raios UV, ajudando a proteger móveis, cortinas e tapetes do desbotamento precoce;
Emerald — Na cor verde, oferece grande passagem de luz e baixa reflexão.

Guardian
SunGuard — Família de produtos que engloba três linhas:
- Solar: vidros de aspecto espelhado, voltados para aplicação comercial;
- High Performance: permite maior entrada de luz no ambiente;
- SuperNeutral: peças de aparência neutra que garantem altos níveis de transmissão de luz e menor ganho de calor solar;
ClimaGuard — Linha para uso residencial, bloqueia duas vezes mais calor do que um vidro comum e protege contra os raios UV, além de ter baixos índices de reflexão.

Vivix
Vivix Performa — Bloqueia o calor até quatro vezes mais do que um incolor e evita a entrada de raios UV. Disponível em duas versões: monolítica (cores bronze, verde e cinza) e laminada (a Vivix Performa Duo, em seis cores). Podem ser utilizados ainda em móveis e interiores.

Existem também vidros de controle solar com uma aparência mais espelhada, que refletem os seus arredores com maior intensidade. São os preferidos para a aplicação na decoração e em móveis, embora alguns dos citados ao lado também sirvam para essas soluções.

Cebrace
Reflex — Peças de tonalidade dourada;
Reflecta — Com aspecto brilhante, está disponível na tonalidade incolor.

Guardian
Vidro Refletivo Guardian — Disponível nas cores prata e champanhe.

 

PINTADOS — Como o nome indica, a parte de trás das peças é pintada em diferentes cores. Usado principalmente para a decoração de ambientes, revestimento de paredes e em móveis.

 

Vidro de controle solar na cor âmbar Divulgação AGC

Vidro de controle solar na cor âmbar
Divulgação AGC

 

AGC
Lacobel — Nove opções de tonalidade, sendo que as versões branca, extrabranca e preta são produzidas no Brasil;
Lacobel T — Vidro pintado que passa pelo processo de têmpera, graças ao uso de uma tinta patenteada, desenvolvida por um fornecedor parceiro. Cinco cores disponíveis.

Cebrace
Laqueado — De aspecto envernizado e com alto brilho. Disponível nas cores branca, extrabranca e preta.

Guardian
DecoCristal — De aspecto envernizado e com alto brilho. Produzido nacionalmente nas cores preta, branca e off white.

Vivix
Vivix Decora — Disponível nas cores preta, branca e nude, garante facilidade de limpeza e durabilidade.

 

EXTRA CLEAR Peças com baixo teor de ferro, mais claras que os vidros incolores. Podem ser usadas em fachadas, fechamentos de vãos, divisórias e móveis.

AGC
Clearvision — Segundo a empresa, é o extra clear com a tonalidade mais clara encontrada no País.

Cebrace
Extra Clear — Permite reprodução natural e verdadeira das cores branca e pastel quando esmaltado, envernizado ou serigrafado. Pode ser usado monolítico ou laminado.

Guardian
UltraClear — Com excelente clareza e alta transparência, pode ser laminado, temperado e curvo.

 

EXTRAGROSSO — Como o nome indica, suas espessuras são maiores que as de vidros comuns. Usados principalmente em móveis.

AGC
Linea Azzurra — Vidro italiano com tonalidade ligeiramente azulada, está disponível com até 25 mm de espessura.

Cebrace
Extra Grosso — Com cor uniforme, é encontrado nas espessuras de 12, 15 e 19 mm.

Guardian
Vidro Grosso — Encontrado nas espessuras de 12, 15 e 19 mm.

 

ESPELHOS PARA DECORAÇÃO — Espelhos especiais, voltados para o uso estético em aplicações decorativas, revestimento de paredes e móveis.

AGC
Mirox Premium — Com dupla camada de proteção, altos níveis de reflexão e resistência, é encontrado nas cores tradicional (prata), bronze e fumê.

Cebrace
Espelho Cebrace — Oferece reflexo sem distorção, além de maior resistência à umidade, oxidação, formação de manchas e corrosão nas bordas.

Guardian
Espelho Guardian Evolution — Conta com uma camada protetora especial aplicada no verso que eleva a durabilidade em relação a manchas e oxidação, protegendo ainda contra riscos nesse lado da peça. Encontrado nas cores prata, bronze e fumê.

Vivix
Vivix Spelia — Disponível nas opções incolor, cinza e bronze, oferece maior brilho e durabilidade. A linha possui um processo de produção sustentável, com reciclagem da água e da prata aplicadas no processo.

 

ACIDATOS — Peças que ganham acabamento com ácido, tornando-as levemente opacas, mas permitindo a passagem de luz. Aplicadas na decoração de ambientes, divisórias e móveis.

AGC
Matelux — Com toque acetinado e resistente a manchas, tem aspecto fosco e translúcido;
Matelac — Linha que conta com o Matelac Silver (versão do espelho Mirox Premium, nas cores tradicional, bronze e fumê) e Matelac Branco e Preto (versões do vidro pintado Lacobel).

Guardian
SatinDeco — Proporciona privacidade com alta transmissão de luz dispersa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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