Vidroplano
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Saiba como a indústria vidreira pode economizar eletricidade

22/07/2021 - 10h56

Em meio a uma das maiores crises hídricas das últimas décadas, causada pela escassez de chuvas que ajudou a reduzir o nível dos reservatórios das hidrelétricas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aumentou em 52% o valor da bandeira vermelha patamar 2. Isso significa que, a partir deste mês, a conta de luz virá acrescida do valor de R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos. As bandeiras tarifárias são “ativadas” de acordo com as condições de geração de energia: quando não há problemas no abastecimento, não existe cobrança a mais (isso é considerado bandeira verde); em caso de abastecimento prejudicado, entram em ação as bandeiras amarela, vermelha ou vermelha patamar 2.

Parte de nosso setor não será atingida por esse aumento, já que atua no chamado “mercado livre”, no qual as empresas compram quantidades de energia diretamente com as concessionárias – nesse modelo, mudanças de tarifa não influenciam os valores negociados. Por outro lado, quem faz parte do “mercado cativo”, o modelo tradicional de cobrança, sentirá a mudança no bolso. Por isso, a saída é se adaptar para economizar esse insumo e gastar menos.

Em busca da eficiência
A indústria brasileira é responsável por cerca de 35% do consumo energético anual no País. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), esse insumo representa mais de 40% dos custos na produção industrial brasileira. Isso significa que a busca pela eficiência energética (ou seja, produzir mais com menos energia) pode render grande diminuição nos gastos. Uma solução a longo prazo é o investimento em novas matrizes de energia: a maranhense DVM Vidros, por exemplo, que também atua no mercado fotovoltaico, montou uma usina de geração para alimentar sua planta. São 648 módulos instalados, responsáveis pela produção de mais de 25 mil kWh por mês.

Mas é possível tomar ações imediatas para gerar economia. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) compilou em uma cartilha recomendações simples e de fácil aplicação para o assunto. Veja algumas dicas:

- Instalações elétricas
– Uma causa muito comum de perda de energia, e o consequente aumento na conta, é a fuga de corrente. Em geral, há necessidade de auxílio de profissional habilitado para a detecção do problema em instalações de médio e grande porte. Suas principais causas — que incluem emendas malfeitas ou mal-isoladas, fios desencapados ou com isolamento desgastado e conexões inadequadas ou malfeitas — devem ser sanadas assim que percebidas.

- Iluminação
– Utilize iluminação artificial somente onde não existir iluminação natural suficiente para o desenvolvimento das atividades;

– Percorra os diversos setores da indústria, a fim de verificar se há luminárias desnecessárias ou excesso de iluminação em algum ambiente;

– Estabeleça um programa periódico de limpeza das lâmpadas e luminárias existentes.

- Ar-condicionado
– Mantenha os níveis de temperatura utilizados nos ambientes com ar-condicionado dentro da faixa de conforto térmico (de 22 a 24 ºC), observando as épocas do ano;

– Verifique se o tratamento de água gelada e de condensação está adequado;

– Coloque avisos junto às janelas e portas instruindo os funcionários a mantê-las fechadas quando esse sistema estiver ligado.

Conscientização
Para garantir que essas boas práticas sejam seguidas, é importante a conscientização dos colaboradores. Modificar hábitos leva tempo, mas todos precisam saber seu papel na hora de economizar eletricidade. Campanhas educativas promovendo o uso racional dos recursos, tanto na rotina de trabalho como na vida pessoal, podem ajudar nesse sentido.

Por fim, mais duas dicas relevantes, presentes em artigo sobre eficiência energética no site do Grupo MB, especializado em soluções inteligentes para projetos industriais de iluminação e ventilação natural: flexibilize a agenda de trabalho para aproveitar os momentos de maior incidência da luz natural e não sobrecarregue a linha de produção nos horários de pico, geralmente das 17 às 22 horas. Dessa forma, diminui-se o consumo em horários nos quais o auxílio de iluminação artificial é imprescindível.

E vale reforçar: as empresas vidreiras devem acompanhar o assunto com atenção, já que a falta de energia, aumento ainda maior no seu custo ou eventual racionamento seriam desastrosos durante o segundo semestre, período em que a demanda por vidro se torna mais aquecida.

indústria

 

Menor consumo nos processos vidreiros
O instrutor técnico da Abravidro, Cláudio Lúcio da Silva, indica cuidados a serem tomados durante a operação dos maquinários, de forma a ajudar na economia de energia:

– Tenha atenção especial com a fase da programação do forno de têmpera: após a fase de aquecimento, evite iniciar as operações com vidros grossos (por exemplo, de 10 mm de espessura), o que aumentará significativamente a demanda;

– Não ligue todas as máquinas do sistema produtivo ao mesmo tempo; faça de forma progressiva, somente acionando as que serão utilizadas para aquele momento;

– Monitore a velocidade média das peças ao longo da produção, atuando para que esteja no patamar planejado pela empresa;

– Faça intervenções necessárias para reduzir as perdas: o retrabalho ou a quebra de peças impacta diretamente no consumo de vidro e de todos os demais insumos diretos, incluindo energia elétrica;

– Mantenha os maquinários em condições normais de operação: manutenções ineficazes tendem a gerar consumo maior de eletricidade.

Este texto foi originalmente publicado na edição 583 (julho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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