Vidroplano
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Saiba a hora certa para trocar sua lavadora

25/04/2022 - 18h18

O Vidroplano iniciou em fevereiro uma série de reportagens que ajudará as processadoras a saber quais os sinais de que seus maquinários precisam ser trocados. Este mês nossa redação contatou fabricantes para entender melhor o funcionamento das lavadoras, além de conversar com especialista no assunto.

Na reta final do processamento, a lavagem dos vidros tem a função de retirar qualquer impureza que esteja na superfície do material, principalmente as surgidas durante a lapidação ou furação — por isso, é uma etapa fundamental. A sujeira pode comprometer o resultado da têmpera, assim como o armazenamento e a instalação das peças. Se a lavadora não estiver em boas condições de uso, todo o beneficiamento pode ir literalmente por água abaixo.

Os temas da SÉRIE ESPECIAL
– Fevereiro: Mesas de corte
– Março: Lapidadoras
- ABRIL: LAVADORAS
– Maio: Fornos de têmpera

Cuidados que valem dinheiro
Antes de tudo, é importante relembrar um ensinamento (de Cláudio Lúcio da Silva, instrutor técnico da Abravidro) presente na 1ª parte deste especial: as processadoras devem sempre adquirir maquinários compatíveis com seu tipo de produção – ou seja, de acordo com os mercados que atende e com os vidros que produz.

Com isso em mente, vamos às lavadoras. Segundo as fontes consultadas, esse equipamento tem durabilidade enorme. Passam dos 10 anos de vida útil, chegando até mesmo a 20 ou mais – desde que bem manuseados, claro. Para isso, manutenção é fundamental.

Yveraldo Gusmão, diretor da GR Gusmão, representante das fabricantes Lovetro (nacional) e Triulzi (italiana), reforça que certas peças precisam ser conferidas regularmente.

- Jogo de escovas — suas cerdas não podem ficar rígidas de forma a apresentar falhas no trabalho;

- Espumas de enxague — precisam estar secas quando a máquina é desligada, para evitar que apodreçam;

- Mancais — devem ser verificados e engraxados a cada seis meses, em média, para não travar as roldanas-guias, arranhando o vidro na passagem das peças.

Crédito: Thiago Borges

Crédito: Thiago Borges

 

Motivos para a troca
Máquinas com operação, ajustes e conservação inadequados resultam em degradação precoce. Uma solução é reformar os equipamentos, colocando peças novas. “Caso o custo da reforma seja desvantajoso, ou o volume da produção seja superior ao da capacidade atual, pode-se optar pela aquisição de um maquinário novo”, aponta Cláudio Lúcio. A troca também se torna uma opção válida quando a empresa decide por maior automatização do processo ou quando o mix de vendas sofre alteração. Um exemplo desse último tópico, segundo Giorgio Martorell, gerente de Vendas da Lisec para a América Latina: “Se uma empresa passa a processar vidros low-e, ela precisará de uma lavadora com escovas mais finas, de 0,12 a 0,15 mm”.

Para Joel Martins Dias, diretor da Agmaq, o momento para a substituição é quando a lavadora não consegue mais entregar o vidro dentro das condições técnicas ideais para a sequência do beneficiamento. “Ela não pode ficar mais parada do que trabalhando”, alerta. Wagner Hubmann, diretor da Vetro Máquinas, representante da italiana SCV System no Brasil, indica outro sinal para ficar de olho: “Quando um equipamento manifesta a necessidade de manutenções frequentes e a qualidade do serviço começa a cair, é um claro indício de que sua vida útil está comprometida”.

Enrico Lancioni, gerente de Produto da Área de Lavadoras da Intermac, revela algumas situações que dão sinais de que a lavadora chegou ao limite de sua vida útil:

– Presença de corrosão nos componentes estruturais;

– Desgaste excessivo da parte mecânica;

– Motores superaquecendo devido à mecânica desgastada;

– Diminuição do desempenho da máquina;

– Diminuição da qualidade de lavagem e secagem;

– Nível de ruído excessivo durante a operação.

Crédito: Thiago Borges

Crédito: Thiago Borges

 

A escolha ideal
Além de a produtividade ser um parâmetro essencial para a aquisição de uma nova lavadora, pois influenciará diretamente no consumo de energia e água, o layout da empresa deve ser levado em conta – é ele que define se a máquina será horizontal ou vertical. Essa definição tem relação direta com o espaço ocupado pela lavadora dentro da fábrica e a capacidade de se montar linhas de processo (ou optar somente por uma operação individual).

Denis Salvo, diretor-comercial da Glassmaq, explica a diferença: “Nos casos de processo automatizado na vertical, a lavadora desse tipo pode ser colocada no final da linha de lapidação sequencial com giro automático, para peças que não necessitam de furos ou recortes. Já na linha horizontal, pode-se otimizar a lavagem do vidro com uma mesa que sai direto da linha de furação e recorte”.

Encaixar a lavadora é quase o processo de montagem de um quebra-cabeça. Giorgio Martorell, da Lisec, exemplifica: “Linhas de laminação jumbo deverão ter lavadoras horizontais com 3.300 mm de largura; já as máquinas na saída das linhas de lapidação turnover precisam de 2.500 mm de altura”.

Veja mais características a serem levadas em conta na hora da escolha:

- Capacidade de integração com os demais processos: considerar o ajuste da altura de trabalho com as outras máquinas em linha, assim como a interface de sinais elétricos para todas elas trabalharem em segurança;

- Zona de pré-lavagem: vidros procedentes das linhas de lapidação e de furação e recorte normalmente estão em contato com alta concentração de pó. Uma lavadora com zona de pré-lavagem faz o trabalho a partir de duas câmaras: uma zona própria, para a retirada de todo esse pó; e a outra, para a limpeza geral, com água mais limpa;

- Tamanho mínimo dos vidros: voltamos à questão de usar maquinários que atendem o tipo de demanda da processadora. Lavadoras convencionais, geralmente, trabalham com vidros de tamanho mínimo de 400 x 400 mm. Alguns modelos terão problemas no transporte de peças menores, interferindo até na qualidade da lavagem;

- Serviços técnicos e remotos: diz respeito às fabricantes de lavadoras. Elas precisam oferecer suporte técnico local, além da possibilidade de atendimento remoto para realizar diagnósticos em caso de problema nos equipamentos.

Água por todos os lados
Um fator preponderante em uma lavadora, e não poderia ser diferente, é a presença constante de água em diversas partes de sua estrutura. “Os componentes sujeitos a desgaste são protegidos para não serem danificados pela água”, explica Alessandro Carriero, gerente de Produto da Área de Lavadoras da Intermac. As peças em contato direto com o líquido são de aço inox 304, material que não oxida quando exposto à umidade – até mesmo os sistemas de transporte possuem revestimentos adequados.

Mas não podemos nos esquecer de que a qualidade da água também interfere no processo e na conservação do maquinário. Para começar, não pode ser qualquer tipo, mas sim a desmineralizada. “A água precisa ser trocada a cada processo, pois os resíduos da lavagem anterior podem prejudicar não só as peças a serem trabalhadas, mas o equipamento como um todo”, alerta Gusmão. O ideal é monitorar indicadores como a temperatura, pH (para saber se está muito abrasiva) e condutividade.

As tecnologias indispensáveis
“Atualmente, as lavadoras possuem sistemas que reduzem o consumo de energia e água e emitem menos ruído no meio ambiente, além de exigir menos manutenção durante sua vida útil”, explica Joel Martins Dias, da Agmaq. Wagner Hubmann, da Vetro Máquinas, aponta os sistemas de eliminação de energia estática e dispositivos que suspendem algumas funções da máquina quando ela está ociosa como exemplos dessa preocupação sustentável das fabricantes de maquinários.

Mas há ainda vários outros requisitos fundamentais no trabalho hoje em dia. Confira alguns deles:

– Ajuste automático de velocidade das escovas;

– Sistema de aquecimento da caixa de água para a etapa de lavagem, eficaz para desengordurar as chapas;

– Pelo menos duas etapas (estágios) de caixas de água, sendo separadas em lavagem e enxague. A 3ª etapa, de pré-lavagem, é outra solução disponível;

– Sistema de secagem por ventilação forçada com filtro de entrada. “Esses ventiladores têm estrutura de sustentação separada da estrutura da lavagem”, comenta Denis Salvo, da Glassmaq;

– Zonas de lavagem e secagem em uma mesma estrutura, garantindo que não haja possibilidade de drenagem e permitindo instalação mais rápida.

O que encontrar no mercado
Conheça modelos oferecidos por alguns fabricantes de lavadoras com atuação no Brasil. Todas as empresas citadas contam com soluções para diferentes tipos de produtividade (pequeno e grande portes). Abaixo estão apenas alguns dos equipamentos comercializados por elas.

 

Crédito: Divulgação Agmaq

Crédito: Divulgação Agmaq

Max (Agmaq)
– Modelo vertical. Estrutura das áreas de lavagem e secagem são de aço inox;

– Caixa de água com resistência termoelétrica de 6 mil W para água quente;

– Área de secagem com duas facas de sopro em diagonal, também de aço inox.

 

Crédito: Divulgação Glassmaq

Crédito: Divulgação Glassmaq

AWWD-H1600 (Luoyang Allwin Machinery, representada pela Glassmaq no Brasil)
– Modelo horizontal. Ideal para empresas com produção de pequeno porte;

– Sistema de transporte com roletes de borracha, próprio para ser acoplado em linha com outras máquinas;

– Tanque de aço inox para reúso da água.

 

Crédito: Divulgação GR Gusmão

Crédito: Divulgação GR Gusmão

Open Top (Lovetro, representada pela GR Gusmão)
– Modelo vertical. Indicado para empresas de pequeno e médio portes;

– Sistema de lavagem com quatro escovas (2+2), fabricadas com nylon 6.6;

– Ajuste automático da espessura dos vidros a serem lavados (de 3 a 10 mm).

 

Crédito: Divulgação GlassParts Divulgação Intermac/Enkong

Crédito: Divulgação GlassParts Divulgação Intermac/Enkong

Aqua Series (Intermac)
– Linha de lavadoras verticais. Disponíveis em três dimensões diferentes, podem ser combinadas para o trabalho em grandes peças;

– Sistema de pré-lavagem extrai cerca de 80% dos resíduos acumulados no vidro;

– Sistema de rolos e escovas posicionado na parte superior facilita a manutenção.

 

Crédito: Divulgação Lisec

Crédito: Divulgação Lisec

VHW-F33/V6 (Lisec)
– Modelo vertical. Voltado para vidros jumbos, pode ser usado em linha ou individualmente;

– Sistema de pré-lavagem, ideal para insulados;

– Ventilador de alta pressão e bocal especialmente desenvolvido secam as chapas independentemente da velocidade de transporte.

 

Crédito: Divulgação Vetro Máquinas/SCV

Crédito: Divulgação Vetro Máquinas/SCV

WMH (SCV System, representada pela Vetro Máquinas)
– Modelo horizontal, equipado com sistema de quatro ou seis escovas;

– Trabalha em vidros com espessura de 3 a 20 mm;

– Sistema de pré-lavagem opcional, com tanque extra de água.

Crédito da imagem de abertura: Thiago Borges

Este texto foi originalmente publicado na edição 592 (abril de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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