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Setor nacional de esquadrias prevê crescimento para 2023

24/02/2023 - 17h39

Em janeiro, como de costume, O Vidroplano trouxe uma reportagem a respeito das expectativas das empresas vidreiras em relação ao novo ano. O desempenho de nosso setor está diretamente ligado ao de outros segmentos – e um dos mais importantes é o das esquadrias.

Quais são as perspectivas do setor de esquadrias para 2023? Conversamos com algumas das principais associações para saber como foram os movimentos desse mercado em 2022 e o que se espera para os próximos meses.

Perspectivas de crescimento
As principais entidades do segmento nacional de esquadrias mostram-se otimistas em relação a este ano. “Vimos que em 2022, segundo dados oficiais, tivemos muitos lançamentos de imóveis de médio/alto padrão e do programa Casa Verde e Amarela (que voltará a se chamar Minha Casa, Minha Vida) num patamar elevado. Isso indica que, para os próximos três anos, o País vai precisar de muitas esquadrias de alumínio”, afirmou Filipe Gattera, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal), em entrevista para o site da entidade em janeiro. Para O Vidroplano, Gattera explicou que a projeção da associação é que, no cenário mais pessimista, haverá um crescimento de 1,5% em relação a 2022; no mais otimista, o crescimento estimado é de 4,9%. Isso virá acompanhado por um aumento na demanda de vidros aplicados nesses sistemas, com previsões variando de 1,8% (equivalente a 12.970 m² de nosso material) a 5,5% (13.830 m²).

Assim como na área de alumínio, o setor de esquadrias de PVC também se mostra confiante. “Consideramos que nosso mercado deve continuar na linha de crescimento, como vem acontecendo nos últimos anos”, avalia Eduardo Rosa, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Sistemas, Perfis e Componentes para Esquadrias de PVC (Aspec PVC).

Robson Campos de Sousa e Ismael Person, respectivamente gerente técnico e consultor-comercial da Associação Brasileira das Indústrias de Portas e Janelas Padronizadas (Abraesp), contam que a entidade tem a expectativa de que este será um ano positivo para o setor, com perspectivas de crescimento entre 7% a 10% com base em 2022. “Já se percebe um otimismo entre empresários do ramo, além de investimentos sendo projetados para o decorrer deste período”, observa Robson.

Edson Fernandes, presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Esquadrias (Abie), conta que a entidade fez uma pesquisa recente com seus associados, parceiros e membros, e a maioria se mostrou otimista para 2023, ainda que com alguma moderação e cautela. “A Abie reforça esse otimismo e espera que haja aumento no volume de vendas no varejo e melhora nas políticas de recursos e taxas de juros para financiamentos imobiliários”, ressalta o dirigente.

Perspectivas na construção civil
Espelhando a cadeia vidreira, a de esquadrias também tem seu desempenho fortemente influenciado pela construção. De acordo com o estudo Produtividade e Oportunidades para a Cadeia da Construção Civil, elaborado pela Deloitte e divulgado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) este mês, os três setores que compõem a cadeia de construção (infraestrutura, infraestrutura de base e construção civil e incorporação imobiliária) devem somar investimentos da ordem de R$ 2,7 trilhões em projetos no Brasil até 2030 – o levantamento prevê que, desse montante, R$ 312,8 bilhões devem vir diretamente das obras de construção e incorporação imobiliária.

Segundo Edson Fernandes, a Abie sugere que as indústrias de esquadrias se mantenham alertas sobre as ações políticas e econômicas em 2023, para assim poderem planejar melhor seus próximos passos e tomar decisões com mais cuidado. De fato, fatores nacionais – e internacionais, também – podem ter um peso considerável nesse segmento.

Com relação a 2022, Robson Campos de Sousa e Ismael Person, da Abraesp, observam que o ano teve início com um forte reflexo negativo para o setor, efeito causado pela pandemia da Covid-19 em 2020 e 2021 – como nesse período houve um aumento sem precedentes das vendas para a construção civil e as indústrias não estavam preparadas para essa demanda, ocorreram faltas de vários produtos e insumos para atender o mercado. “Apesar de todos os fatores negativos, 2022 ficou acima das projeções iniciais, mas, infelizmente, não é possível constatar qual o número de unidades fabricadas. Isso porque o método comumente utilizado – a medição da fabricação pelo consumo de matéria-prima comprada – mostrou-se impreciso em razão da elevada perda de matéria-prima no processo produtivo”, explica Robson.

Foto: Thiradech/stock.adobe.com

Foto: Thiradech/stock.adobe.com

 

Programas populares de moradia
Ações de incentivo das diferentes esferas de governo podem contribuir para o crescimento desse mercado – e do de vidro também. “No passado, é inegável que o programa Minha Casa, Minha Vida teve impacto. Porém, nos últimos anos, tanto ele como sua versão rebatizada da gestão anterior tiveram pouco efeito”, observa Edson Fernandes, da Abie. “Contudo, foi recentemente veiculado que o programa será retomado no segundo semestre deste ano. Iniciativas como essa puxam toda a cadeia produtiva e aquecem o mercado da construção civil, gerando empregos que promovem ganhos sociais significativos para o Brasil”. De fato, o governo federal anunciou em fevereiro que pretende retomar ainda este ano as obras de 37.500 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida que estavam paralisadas – segundo a Agência Brasil, somente no último dia 14 foram entregues 2.700 habitações em nove municípios de seis Estados, de forma simultânea.

De acordo com Eduardo Rosa, da Aspec PVC, os programas de moradia popular implementados pelo governo federal sempre contribuem para a utilização das esquadrias de PVC. “Isso se deve principalmente ao fato de que devem ser usados somente produtos qualificados e homologados no Programa Setorial da Qualidade (PSQ), implementado pelo Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBPQ-H), vinculado à Secretaria Nacional da Habitação”, afirma. Rosa destaca que a entidade, como mantenedora do PSQ de esquadrias de PVC, possui em seu quadro de associados empresas com produtos homologados e qualificados, tornando esses produtos aptos a serem utilizados nos programas de moradia popular, além de propiciar uma melhor ecoeficiência das moradias e bem-estar aos usuários.

Gattera destaca que a Caixa Econômica Federal, principal agente das políticas públicas, continuará financiando a construção com taxas sustentáveis, ainda abaixo de dois dígitos. Em entrevista para o portal da Afeal, ele também comentou que o novo governo vem falando bastante sobre investir em construção e infraestrutura, com a retomada de obras e a ampliação de programas para o setor da construção. “Isso tudo reforça o otimismo da nossa associação”, afirma.

Foto: AlfRibeiro/stock.adobe.com

Foto: AlfRibeiro/stock.adobe.com

 

Valor agregado em vidros e esquadrias
Será que as perspectivas de crescimento para 2023 virão acompanhadas por mais adoção de sistemas e vidros diferenciados, apresentando melhor qualidade e desempenho? Ou as opções mais baratas e simples continuarão sendo usadas nas obras?

“Não temos esse dado apurado isoladamente”, responde Gattera. “Quando olhamos para os números publicados pela Abrainc, vemos que o alto padrão teve um crescimento maior em 2022 do que o das demais faixas. Apesar disso, esse mercado ainda é pequeno para nós comparado ao que acontece lá fora. A esquadria para padrão econômico ainda é o maior volume de caixilharia no Brasil.”

Então os produtos de valor agregado continuarão em segundo plano? Talvez não. “O consumidor está cada vez mais exigente e informado. Vale destacar que o segmento de esquadrias de alumínio e empresas associadas à Afeal dispõem de soluções que garantem o desempenho de estanquidade, isolamento termoacústico, sombreamento e automação, entre outros atributos”, ressalta Gattera. De fato, dados da associação referentes a 2021 apontam que, embora vidros comuns correspondam a 57,6% das peças usadas nas esquadrias de alumínio em geral, o vidro laminado foi a solução escolhida para 83% dos sistemas voltados especificamente para fachadas.

Assim como no segmento de alumínio, as esquadrias de PVC também contam com opções de alto desempenho. “O crescimento da procura por esquadrias de alto desempenho em estanquidade, segurança e desempenho térmico e acústico faz com que a utilização de vidros especiais e diferenciados seja maior, pois o uso dessas peças com maior valor agregado é fundamental para se obter um melhor desempenho das esquadrias”, avalia Eduardo Rosa. “Na fabricação das esquadrias de PVC, existe sempre a especificação correta do vidro levando em consideração a aplicação do sistema. Devem ser verificados quais são os tipos de vidro de segurança e seus diferenciais de desempenho, para atender as necessidades do usuário final, sempre respeitando as exigências da norma ABNT NBR 7199.”

Segundo Robson Campos de Sousa e Ismael Person, a Abraesp acredita que haverá crescimento na comercialização de esquadrias para os empreendimentos de alto padrão, visando a atender os requisitos de conforto térmico e à eficiência energética das edificações, ambos lastreados pelos trabalhos de normalização que ocorrem no âmbito do Comitê Brasileiro de Construção Civil (ABNT/CB-002), dos quais a associação participa ativamente. Eles acrescentam que os vidros laminados são um elemento de fechamento utilizado em larga escala nas fachadas-cortinas e creem que o aumento de seu consumo será estimulado após a publicação da futura Parte 8 da ABNT NBR 10821 — Esquadrias externas para edificações, que está em desenvolvimento.

Edson Fernandes, da Abie, considera também que, nos últimos dez anos, o mercado de esquadrias mudou bastante, e essas mudanças causaram a reorganização do setor que fortaleceu as empresas qualificadas – o que, segundo ele, pode ser aferido e é explicado pelo advento das NBRs mais recentes, que passaram a exigir mais segurança e melhor desempenho acústico e térmico das esquadrias como um todo e também dos vidros utilizados nelas. “Com isso, o mercado naturalmente tornou-se mais exigente, e as indústrias estão se reorganizando cada vez mais para cumprir com os requisitos de performance e qualidade, que agregam mais valor aos produtos. Na visão da Abie, a continuidade desse processo de padronização e reorganização ao redor da qualidade é irreversível e seguirá contribuindo para o crescimento da demanda por esquadrias de valor agregado e com vidros diferenciados.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 602 (fevereiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Vitaliy Hrabar/stock.adobe.com



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