Vidroplano
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Abravidro promove lives pelo Instagram com usinas de base

28/05/2020 - 11h16

Em tempos de pandemia, as lives se tornaram ferramentas eficazes para artistas, músicos e empresas falarem com o público. Aproveitando a onda, a Abravidro também iniciou as transmissões ao vivo. Seu objetivo: levar informação ao setor. Em 5 de maio, estreou em seu perfil no Instagram a série Abravidro Entrevista, reunindo conversas com players do mercado para refletir sobre os impactos causados pelo novo coronavírus. A primeira convidada foi a Cebrace e, na semana seguinte, dia 12, foi a vez da AGC – vale citar também que, durante o fechamento desta edição da revista, houve uma live especial para comemorar o Dia do Vidraceiro (18), cujo conteúdo será comentado em O Vidroplano de junho.

 

Consequências da crise
O 1º episódio da iniciativa, com a Cebrace, teve o presidente da entidade, José Domingos Seixas, e a superintendente, Iara Bentes, entrevistando os diretores-executivos Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, e o gerente-comercial, Flávio Vanderlei. Além das perguntas feitas por Iara, mediadora do bate-papo, os profissionais também responderam a questões dos espectadores.

A Cebrace foi a única fabricante nacional de vidro a paralisar sua expedição, de 30 de março a 13 de abril, aproveitando o momento para antecipar manutenções nos fornos e rebalancear estoques. “Fevereiro foi um mês forte; por isso, nossos clientes estavam bem abastecidos”, explicou Valu.

“Abril já foi um mês para ser esquecido, um ponto de inflexão histórico em nossa empresa”, complementou Castiella. Por isso mesmo, a usina está trabalhando sob as regras da MP 936/2020, publicada pelo governo federal em 1º de abril: houve redução de jornada e de salários de funcionários com o intuito de preservar a sustentabilidade financeira da empresa.

A retomada das operações seguiu protocolos de saúde, com o uso de máscaras e álcool-gel por parte dos colaboradores. As atividades no sistema de home office ainda seguem para certas funções e devem continuar com algum tipo de rodízio no futuro.

 

Faturamento e investimentos
Segundo Flávio Vanderlei, março mostrou grande queda nas vendas e abril serviu apenas para atender urgências de clientes, mesmo com o retorno completo da expedição. Em números absolutos, os dois meses representam cerca de 300 caminhões carregados deixando de sair da fábrica. “Em maio e junho, teremos metade da movimentação para o período. No ano, a expectativa de queda do faturamento é de 20% a 25%”, analisou.

Os impactos da crise foram agravados, segundo a usina, por três fatores: o valor do gás natural, que segue caro; a alta do dólar, que dificulta a compra de matéria-prima, como a barrilha, e componentes de maquinários; e o aumento da competitividade predatória.

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Em relação a investimentos — a reforma do forno C2, em Caçapava (SP), e a construção do C6, na mesma cidade —, não há mais tempo para ocorrerem. “O prazo para a sequência do novo forno depende da recuperação do mercado em 2021 e 2022”, comentou Castiella.

 

Pesquisa com o setor
Na live com a AGC, participaram Isidoro Lopes, diretor-geral de Vidros para Construção Civil e Indústria para a América Latina; Fabio Oliveira, presidente e diretor-geral de Finanças e Negócios na América do Sul; e Franco Faldini, diretor de Vendas e Marketing na América do Sul.

Um dos destaques da conversa foi uma pesquisa que a usina fez com clientes a respeito da pandemia. Entre os dados revelados por Faldini, vale citar que mais de 70% relataram estar trabalhando com 30% ou mais de ociosidade. Além disso, 27% afirmaram que terão redução de mais de 25% em seus quadros de funcionários (os setores de linha branca e de vidro blindado para automóveis são os que mais vão sofrer com corte de empregos). Em relação à retomada da economia, 70% acreditam que a retomada pode se dar em menos de seis meses; 20%, que será de seis meses a um ano; 10% já são mais pessimistas: creem que vai demorar mais de um ano.

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Quanto a se preparar para o retorno dos negócios, não existe receita pronta, comenta Lopes: “Temos um plano de retomada, baseado nas plantas do grupo em outros países que estão numa fase mais avançada da pandemia. Mas o combate ao vírus leva tempo. Não vamos deixar de usar máscara e cumprir protocolos de saúde em curto prazo”. A usina aposta na necessidade de reduzir custos e melhorar a produtividade para atender demandas com rapidez.

 

Como a empresa está atuando
Segundo Oliveira, foram adotados protocolos rigorosos na AGC. “Isolamos as pessoas dos grupos de risco, tiramos da fábrica os jovens aprendizes e estagiários e colocamos o maior número de pessoas possível em trabalho remoto”, explicou. “Vejo com bons olhos a possibilidade de seguir com o home office em certas tarefas, já que isso também trouxe produtividade.”

Como a expedição de vidros não parou na companhia, foram colocados aparatos de higiene e adotados procedimentos de distanciamento social nas instalações de sua fábrica em Guaratinguetá (SP), onde se localizam seus dois fornos. A empresa afirmou também que está trabalhando sob as regras da MP 936/2020. Com isso, alguns funcionários puderam entrar em férias coletivas e houve ainda redução de jornada e suspensão de contratos.

Isidoro Lopes explicou a estratégia para manter os fornos operando com pouca demanda. “Temos um forno com um ano de vida, e precisamos tomar todo o cuidado para garantir sua longevidade, principalmente por conta de sua tecnologia avançada.” No momento, uma das plantas opera em capacidade máxima; a outra produz quando necessário. “Enquanto os clientes estiverem em operação, vamos servi-los. Afinal, segundo o governo, não podemos parar de produzir, pois essa é uma atividade essencial.”

 

Defesa do setor
Nas duas transmissões ao vivo, o presidente da Abravidro comentou assuntos importantes, como as ações da entidade para a defesa do mercado durante esta crise. “Adotar o home office tão logo a situação se agravou não impediu a Abravidro de atender todas as solicitações que tivemos”, revelou José Domingos Seixas. O dirigente falou também sobre os pleitos que a associação leva aos governos de diversas esferas: “Esse é um trabalho silencioso, do qual muitas vezes as pessoas nem ficam sabendo”. Para finalizar, deixou um recado ao mercado: “Com a diretoria e os associados, temos o ideal para continuar no caminho certo e sair deste momento da melhor forma possível”.

Este texto foi originalmente publicado na edição 569 (maio de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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