Vidroplano
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Como está o mercado de vidro impresso?

17/04/2019 - 17h10

A situação desse produto um ano após o fechamento da UBV

No dia 3 de abril de 2018, o setor vidreiro foi pego de surpresa com o anúncio do encerramento das atividades da União Brasileira de Vidros (UBV), a então maior fabricante de vidros impressos do Brasil, com sessenta anos de história. Hoje, com somente a Saint-Gobain Glass fabricando o produto no País, como está se saindo esse mercado? Relembre a seguir os motivos pelos quais a UBV fechou e confira qual o futuro da aplicação desse item na arquitetura e decoração.

Um ano depois

Como ficou o setor ao longo desse tempo? “Em termos práticos, o mercado se manteve”, explica Pedro Matta, gerente-comercial e de Marketing da Saint-Gobain Glass. “Tivemos contratempos com relação ao nível de serviço, uma vez que nossos estoques foram consumidos em velocidade maior que o reabastecimento.” No entanto, a usina afirma ter buscado produtos em outras fontes do grupo, conseguindo atender os clientes de forma regular.

Os negócios no início de 2019 mostraram-se bons até o mês passado, quando ocorreu uma queda importante nas vendas. “Um pouco por conta do mercado, outro tanto por conta da oferta de vidros importados”, explica Matta. “Entendemos que neste ano ainda haverá ajustes entre oferta e demanda, com um cenário em que o vidro acompanhe o ritmo da economia do País.”

Ciclo de demanda

Nos últimos anos, o vidro impresso tem sido mais usado em revestimentos na arquitetura e decoração. Inclusive, existe a percepção, por parte de alguns profissionais vidreiros, de que há um encolhimento desse setor no mundo. No entanto, para a Saint-Gobain Glass, vivemos um momento de transição no uso desse item. Matta afirma: “Não esperamos crescimento em comparação a 2018, tampouco; com os elementos que temos até agora, há motivo para acreditar em queda forte”.

mobiliárioContratempos

No final do ano passado, alguns clientes comentaram a respeito de problemas pontuais nas peças de 8 mm da SGG. Segundo a empresa, isso aconteceu devido a uma contaminação da matéria-prima, descoberta somente após a entrega dos produtos. “Uma vez que a questão fora identificada, estabeleceram-se todas as ações para controle. Agora já temos de volta os níveis de qualidade desejados”, garante o executivo.

Futuro do impresso

Na edição de 2017 da Casa Cor São Paulo, a mostra voltada para decoração e arquitetura apresentou diversos ambientes com soluções de vidro impresso, principalmente em mobiliários. Em 2018, porém, o material pouco foi visto no evento. Afinal, qual será o futuro do produto nesses nichos tão relevantes para nosso setor? “São ramos que crescem seu interesse à medida que se tornam conhecedores dessas alternativas”, analisa Matta. “Com uma nova equipe dedicada ao tema, estamos concentrando esforços para tornar essa oferta mais conhecida. Dentro desse escopo, temos ainda o suporte técnico que vai ajudar a proporcionar o encontro da melhor solução para cada projeto.”

Crescimento ou estagnação?

Muitos desses prognósticos vão depender, na verdade, da situação econômica brasileira ao longo de 2019. “Com o País na atual situação, a indústria nacional perde força e competitividade”, reflete Matta. “O desemprego assusta muito e, com ele, o baixo consumo das famílias brasileiras não ajuda nesse processo necessário de retomada. Assumimos uma postura de otimismo, mas o momento requer atenção.”

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O fim da UBV

Desde 2017, executivos da usina avaliavam a situação da empresa, pois a vida útil de seu forno se esgotaria em 2018. Reformar o equipamento para um novo ciclo de produção custaria de R$ 15 a 20 milhões. Além disso, chegou-se à conclusão de que seria necessário um crescimento de 30% no volume de vendas para a usina retomar uma situação financeira estável. As baixas perspectivas de melhoras para a construção civil em curto prazo mostravam que isso era algo pouco provável. Assim, foi decidido não realizar os reparos e encerrar a produção.

Este texto foi originalmente publicado na edição 556 (abril de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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