Conheça mais sobre o ESG na gestão administrativa
27/09/2022 - 13h35
Como pode ser visto no especial sobre sustentabilidade presente clicando aqui, o vidro tem papel relevante para que a construção seja menos agressiva ao meio ambiente. E a busca por um mundo com menos poluição recai também sobre as empresas do setor, independentemente do porte delas. Mas de que forma nosso segmento deve encarar a situação? A resposta está em um conceito cada vez mais relevante e popular na gestão moderna, o ESG.
O tema estará presente no 15º Simpovidro, com uma palestra feita por Fabricio Soler, advogado especialista em Direito do Ambiente (veja mais na matéria sobre o evento, clicando aqui). Para chamar a atenção a esse assunto, O Vidroplano explica o que a sigla representa e sua importância para a indústria, incluindo a vidreira.
O que é?
ESG vem da expressão em inglês Environmental, Social and Governance – em português, “Meio ambiente, Social e Governança”. O termo, criado em 2004 pelo economista James Gifford, então líder de um grupo de trabalho ligado à ONU, serve para medir o impacto das ações sustentáveis nos resultados financeiros das empresas.
De acordo com Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, não se deve achar que o ESG substitui as ideias de sustentabilidade debatidas anteriormente. “No Brasil, devido ao aquecimento do tema, muitos falam numa transição de um termo para o outro, como se fossem coisas distintas. Não são! É o mesmo objeto, visto e trabalhado por diferentes atores”, escreve Pereira em um artigo sobre o assunto. “Para os gestores nada mudou em termos de responsabilidade. ESG é o olhar do setor financeiro sobre essas questões.”
A relação meio ambiente e sociedade
Segundo estudo da agência de pesquisa norte-americana Union + Webster, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), 87% dos brasileiros preferem comprar produtos e contratar serviços de empresas sustentáveis. Das pessoas entrevistadas, 70% afirmaram ainda que não se importariam em pagar a mais por isso.
Os números revelam a mentalidade atual de grande parte da sociedade: o meio ambiente se tornou algo ligado ao cotidiano e às relações pessoais, incluindo o modo de se relacionar com marcas e empresas. Dessa forma, as empresas devem fortalecer laços com todos os que, de alguma forma, são impactados por suas atividades – de funcionários e acionistas a fornecedores, clientes e consumidores. Aí entra o ESG.
O que o conceito compreende
A SafeSpace, empresa brasileira especialista em soluções de compliance e recursos humanos, mapeou o que representa cada uma das letras da sigla:
- E de environmental (meio ambiente)
Resolução de questões como:
– Emissão de carbono;
– Poluição do ar e da água;
– Biodiversidade;
– Desmatamento;
– Eficiência energética;
– Gestão de resíduos;
– Escassez de água.
- S de social (social)
Ligado ao cotidiano da empresa, incluindo:
– Satisfação dos clientes;
– Proteção de dados e privacidade;
– Diversidade e inclusão da equipe;
– Engajamento dos funcionários;
– Relacionamento com a comunidade;
– Respeito aos direitos humanos e a leis trabalhistas.
- G de governance (governança)
Faz referência à administração da empresa, incluindo:
– Conduta corporativa;
– Relação com entidades do governo e políticos;
– Existência de um canal de denúncias.
Como funciona na prática
Em apresentação recente no Seminário de Compras da Autodata (veículo de mídia voltado para o setor automotivo), o palestrante do 15º Simpovidro Fabricio Soler comentou que o principal benefício de se implementar as pautas de ESG é fortalecer as relações da empresa com a cadeia de valores ao seu redor. O ESG, portanto, não se limita a olhar para a ecologia: contribui também para a empresa gerar efeitos positivos na comunidade. “De maneira muito simplista, o que uma empresa precisa fazer é entender, com as partes interessadas, quais são seus impactos negativos e positivos e agir sobre eles”, comenta Carlo Pereira, da Rede Brasil do Pacto Global.
É por isso que se deve entender o propósito da empresa dentro da sociedade. Uma reportagem da revista Exame sobre o tema sugere uma reflexão aos empresários, com uma pergunta para fazerem a si mesmos: “Se meu negócio deixar de existir, que falta faria a quem está envolvido com ele?”. Daí vem a importância das letras S e G na sigla: investir no relacionamento com clientes, fornecedores e comunidade, abrindo canais de diálogo com todos, é investir no próprio empreendimento.
Mas voltemos à letra E, ao meio ambiente. Em reportagem no site da Associação Comercial de São Paulo, Thiago Othero, coordenador de Projetos do Instituto Ekos Brasil (organização voltada à promoção da sustentabilidade), indica quatro pilares para que as empresas tenham controle das emissões em sua cadeia produtiva:
- Mensurar e divulgar as emissões;
- Ter um objetivo de redução e adotar um plano transitório para uma economia de baixo carbono. Para isso, deve-se levar em conta todos os tipos de emissão:
1. Diretas: aquelas liberadas para a atmosfera como resultado da atividade da empresa (por exemplo, a queima de combustíveis de veículos);
2. Indiretas: surgidas a partir do consumo de energia elétrica;
3. Indiretas na cadeia de valor: ligadas à aquisição de matérias-primas, viagens de negócios, deslocamento dos funcionários, descartes de resíduos etc.
- Realizar investimentos financeiros para reduzir, mitigar e, eventualmente, zerar emissões;
- Influenciar e educar o mercado a seguir os mesmos passos.
Para Fabricio Soler, é preciso atenção em como encarar os desafios propostos pelo ESG: como revelado por ele no Seminário de Compras da Autodata, não adianta uma empresa divulgar a adoção de práticas ambientais sem demonstrar de que forma isso faz a diferença na vida real. Soler mencionou uma reportagem do The Wall Street Journal, na qual se revela que uma empresa alemã teve queda de 12% no valor de suas ações após uma auditoria mostrar que parte das propagandas voltadas para as pautas ESG não poderiam ser comprovadas. Portanto, ao invés de fingir ser o que não é, vale mais abraçar a ideia com comprometimento.
E as empresas de pequeno porte?
Companhias menores dificilmente conseguirão fazer grandes investimentos para transformar seus sistemas produtivos. Mesmo assim, elas têm papel importante no assunto. A Associação Comercial de São Paulo mostra alguns passos simples a serem tomados, mas que farão a diferença na construção de um negócio sustentável.
- Priorize fornecedores que tenham responsabilidade ambiental nos processos. Dessa forma, o impacto social desses parceiros é ampliado;
- Organize campanhas de redução de itens descartáveis no ambiente de trabalho. Funcionários podem utilizar copos ou canecas próprias, por exemplo;
- Crie medidas para reduzir o gasto de insumos e recursos como água e eletricidade.
Crédito da foto de abertura: thodonal/stock.adobe.com
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