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Conheça mais sobre os vidros para refrigeração comercial

01/06/2021 - 11h58

Um dos muitos segmentos no qual o vidro é elemento de destaque é o da refrigeração comercial: nosso material permite a visualização de produtos dentro de freezers e balcões, ao mesmo tempo que contribui para impedir a troca de calor entre o interior dessas estruturas e o ambiente, ajudando a conservar os alimentos. O Vidroplano conversou com empresas que produzem peças para esse mercado a fim de saber o impacto da pandemia da Covid-19 sobre ele e quais tipos de vidro podem ser utilizados.

Refrigeração aquecida
Muitos setores produtivos têm sofrido bastante com a pandemia. O de refrigeração comercial não é um deles. “Mesmo nesse período, é um dos mercados que mais têm crescido, pois está ligado diretamente aos produtos essenciais, no ramo alimentício”, observa Luiz Jaison Lessa, gerente-geral da Rohden Vidros – a empresa atende fabricantes de equipamentos para supermercados e de visa coolers (refrigeradores com porta transparente de vidro) para lojas de conveniência, padarias e cozinhas industriais.

Emerson Arcenio, diretor-comercial da Vidrolar, conta que esse ramo teve queda entre abril e maio de 2020. “Mas, justamente por conta da pandemia, logo se recuperou.” Mesmo com bares e restaurantes fechados para consumo no local, houve aumento das compras em supermercados, com muitos novos empreendedores no setor de alimentos, explica Arcenio — sua empresa fornece portas completas de insulados aplicados em freezer, sistemas de fechamento para expositores de supermercados e vidros curvos temperados para balcões refrigerados em panificadoras e bufês. A situação tem contribuído para manter o segmento com crescimento significativo, mantendo-se aquecido até o momento.

Isso não significa, contudo, que a atual crise não tenha trazido obstáculos para as empresas. “Existe uma dificuldade na indústria com relação ao desabastecimento de matérias-primas no mercado e, como o consumo está em alta, os prazos de fornecimento acabam sendo muito maiores, sendo observada também alta nos preços”, aponta Maria Cristina Cardoso, diretora de Vendas e Marketing para Brasil e América do Sul da Schott. A empresa atende fabricantes de expositores refrigerados verticais e horizontais para conservação de alimentos e bebidas, assim como atacadistas e supermercados de pequeno, médio e grande porte, fornecendo a eles portas e tampas de vidro para retrofit de gabinetes verticais e ilhas horizontais já existentes.

 

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Outro problema enfrentado, assim como em várias outras indústrias, é a redução na capacidade produtiva dessas companhias, decorrente dos momentos de quarentena e da ausência de mão de obra por conta da Covid-19. “Com o avanço da vacinação e a retomada da economia, espera-se que haja rápida recuperação nesse sentido”, avalia Fábio Reis, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Guardian. Ana De Lion, gerente de Desenvolvimento de Mercado da AGC, concorda. “Os próximos meses serão muito importantes para entendermos como a economia brasileira se comportará e qual será o impacto no segmento de refrigeração.”

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Qual usar?
Na fabricação em si, nas usinas de base, não há diferença entre o vidro destinado para outras áreas e aquele para a refrigeração comercial. “O float comum é a base e seu coating possui a mesma tecnologia dos outros aplicados na construção civil. Além disso, também podem ser temperados, curvados, serigrafados, lapidados e furados”, explica Isidoro Lopes, diretor-geral da Divisão de Vidros para Construção Civil e Indústria para América do Sul da AGC. Segundo ele, a principal diferença se dá na instalação: enquanto na construção civil o próprio revestimento da peça é responsável pelo desempenho térmico, na área de refrigeração o vidro é aquecido por um sistema energizado, a fim de evitar o embaçamento e a condensação de gotículas, garantindo assim a melhor visualização dos produtos.

Apesar da semelhança, há características específicas buscadas no vidro utilizado para esse tipo de aplicação. “É indicado que seja extremamente transparente, de modo a permitir a visualização dos produtos com mínima necessidade de abertura das portas do refrigerador. Deve ainda ter eficiência energética, mas sem o aspecto visual refletivo, muitas vezes demandado para um vidro de controle solar usado na construção civil”, orienta Fábio Reis, da Guardian.

Lessa, da Rohden Vidros, lista as três opções mais utilizadas em soluções para refrigeração comercial:

- Vidro baixo emissivo ou low-e: trata-se do mais usado nesse mercado. Seu revestimento metalizado diminui fortemente as perdas térmicas através do vidro – quanto menor for a emissividade, menor é a transferência do calor por radiação. O low-e também dá condições para sua energização, no caso de visores com aquecimento, evitando o embaçamento da peça e a condensação de gotículas nas portas e balcões refrigerados;

- Insulado com aplicação de gás argônio na câmara interior: segundo Lessa, essa composição propicia melhor performance térmica ao conjunto, com a redução da perda de calor por convecção e condução graças à propriedade de baixa condutividade do gás argônio, que também agrega propriedade antiembaçamento ao sistema;

- Conjunto de insulados duplos ou triplos aquecidos: essa opção combina elementos das duas anteriores, sendo indicada para locais com variação elevada entre temperatura interna e externa e/ou com umidade relativa do ar elevada. “O ideal é que o vidro externo – aquecido pelo sistema energizado – fique o mais próximo possível da temperatura ambiente, sempre acima da temperatura de orvalho, evitando assim a condensação”, recomenda o gerente-geral da Rohden Vidros.

Cuidados no processamento
Como dito anteriormente, o baixo emissivo é o tipo mais frequentemente usado em aplicações na indústria de refrigeração, e exige atenção adicional. Segundo Arcenio, da Vidrolar, o processamento desse produto em si é o mesmo adotado para os demais vidros de outros segmentos – porém, ele alerta: “Alguns cuidados devem ser tomados em relação ao manuseio e limpeza, tanto do produto como do equipamento por onde ele passa. Utilizamos como norma para esses processos a ABNT NBR 16673:2018 — Vidros revestidos para controle solar – Requisitos de processamento e manuseio”.

 

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O processamento de vidros para refrigeração necessita de um controle mais alto da qualidade da água, devido à camada metalizada nas peças low-e. “Os equipamentos e máquinas têm de estar limpos e em boas condições de uso para não gerar riscos na hora do processamento”, ressalta Lessa, da Rohden. Outro ponto que precisa de cuidado especial no processamento é o espaço de armazenamento dos vidros. “É fundamental proteger as peças de intempéries externas; além disso, elas não devem ficar em contato direto umas com as outras”, explica Maria Cristina Cardoso, da Schott.

Mesmo com todos esses cuidados, é importante ter em mente que alguns processos, como a têmpera e a laminação, podem causar diferença no desempenho dos vidros de baixa emissividade. “Portanto, o ideal é seguir sempre a recomendação do fabricante para não ter dúvidas sobre os beneficiamentos permitidos àquele tipo de vidro”, aconselha Ana De Lion, da AGC.

Este texto foi originalmente publicado na edição 581 (maio de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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