Vidroplano
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Cúpula de vidro destaca-se em centro de pesquisa

22/11/2022 - 15h40

Não é preciso viajar para fora da cidade de São Paulo, nem mesmo visitar algum parque nos arredores da capital, para encontrar um pedaço da Mata Atlântica. No meio da maior metrópole brasileira, está um grande feito da engenharia vidreira: o Centro de Ensino e Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. O espaço, construído para abrigar uma das instituições mais avançadas da América Latina para o estudo médico, abriga uma gigantesca cúpula de vidro. A estrutura permite a entrada de luz natural em todo o interior e também garante as condições para a existência de um enorme jardim, com espécies nativas de um dos biomas mais importantes do País.

Ficha técnica
Obra: Centro de Ensino e Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Autor do projeto: Safdie Architects
Local: São Paulo
Fornecedor dos vidros: Seele

Pioneirismo de excelência
Inaugurado em agosto deste ano no bairro do Morumbi, o centro é a primeira escola de medicina estabelecida por um hospital privado no Brasil. “É a realização de um sonho, o cumprimento da missão histórica do Albert Einstein de ser um catalisador de transformações na sociedade, tornando-a cada vez mais saudável, humana e justa, baseada na educação e na ciência”, declara Sidney Klajner, presidente da sociedade.

O espaço ocupa mais de 44 mil m² e tem capacidade para cerca de 6 mil pessoas, incluindo professores, pesquisadores e alunos dos cursos de graduação (medicina e enfermagem) e de pós-graduação. Desenvolvido pelo escritório internacional de arquitetura Safdie Architects, o projeto foi pensado como um “oásis urbano”, de forma a trazer um senso de calma para seu interior, quase um contraponto à vida intensa da cidade ao redor. “O centro nos ofereceu a oportunidade de projetar um local iluminado para aprendizado, no qual a troca interativa e a forte conexão com a natureza pudessem desenvolver as próximas gerações de líderes médicos”, explica o arquiteto Moshe Safdie.

Céu envidraçado
O átrio central liga as diversas áreas do prédio. Ali fica o jardim citado no início desta reportagem, juntamente de uma área de descanso, com bancos e mesas, voltada para a interação entre os estudantes e profissionais. Acima disso tudo está o teto envidraçado em formato de abóbada que permite ao centro ser inundado por luz natural. Feita de insulados fornecidos pela alemã Seele, a estrutura envolveu diversos cálculos, estudos e testes antes de ser construída.

Seu formato arredondado (semelhante a três domos integrados) representou um desafio estrutural. Para suportar o peso do vidro, utilizou-se uma estrutura de aço entrelaçado. Ao todo, são 1.854 painéis de nosso material, com revestimento triplo para controle solar.

As peças, por meio de impressão com tinta cerâmica, ganharam um padrão de pontos translúcidos com a função de oferecer sombreamento. Vale citar que esse padrão não é uniforme: a parte mais alta do teto quase não tem impressão, fazendo com que a luz solar entre por ali para chegar às plantas do jardim sem obstrução; já os cantos do teto receberam uma grande densidade de pontos, de forma a fazer mais sombra onde as pessoas permanecem. A parte interna dessa estrutura tem ainda uma membrana acústica microperfurada, com o objetivo de absorver o barulho vindo de fora.

Para todos esses vários elementos se encaixarem do modo pretendido pelos arquitetos, foram realizados diversos testes com protótipos em tamanho real. Com isso, pôde-se perceber na prática se o nível de conforto (térmico e acústico, entre outros) estava dentro dos parâmetros necessários – evitando até mesmo retrabalhos na etapa da construção.

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Fachada com brises
As fachadas do centro também receberam vidro em larga escala, garantindo a entrada de iluminação natural nas salas de aula e laboratórios. Para evitar o ofuscamento dessas áreas, usaram-se brises para sombreamento. E essa foi mais uma tarefa a passar por extenso estudo: para saber a orientação dessas estruturas, softwares visando a simular a incidência do Sol foram utilizados, além de testes com protótipos em escala real. Assim, alguns brises foram instalados na horizontal e outros na diagonal, dependendo da área da fachada em que se encontram.

Se o ousado projeto desse centro de ensino e pesquisa reflete sua excelência para o estudo, isso se deve, em grande parte, ao vidro. Mais uma vez, nosso material está presente em obras-primas da engenharia moderna.

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Estrutura de ponta
O centro de ensino e pesquisa conta com estrutura de primeiro nível, incluindo:

  • Jardim com mais de 150 árvores (criado em parceria com a paisagista Isabel Duprat);
  • Auditório para 400 pessoas;
  • Laboratório de terapia celular;
  • Laboratório de biologia experimental;
  • Laboratório multidisciplinar;
  • Laboratório de enfermagem;
  • Espaço de videoconferência;
  • Biblioteca;
  • Praça de alimentação com 220 assentos;
  • Passarela com ligação direta ao Hospital Albert Einstein.

Este texto foi originalmente publicado na edição 599 (novembro de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Timothy Hursley



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