Vidroplano
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Desempenho térmico tem avanço na normalização

02/02/2023 - 16h14

No final de 2022, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a ABNT NBR ISO 10077-1:2022 — Desempenho térmico de janelas, portas e persianas – Cálculo da transmitância térmica – Parte 1: Geral. Trata-se da tradução para o português da primeira parte da norma internacional ISO 10077:2017, cujo conteúdo contribuirá para a atualização de conhecimentos e padronização no segmento de eficiência energética no Brasil.

Marco para o mercado vidreiro
A tradução da ISO 10077 e sua adaptação como norma ABNT estão entre as atividades da Comissão de Estudo de Eficiência Energética e Desempenho Térmico nas Edificações (CE-002:135.007). Como o objetivo é desenvolver uma norma nacional de eficiência energética em edificações, o Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37) participou desse trabalho.

Para Fernando Westphal, consultor técnico da Abividro e professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a publicação da Parte 1 da ABNT NBR ISO 10077 representa um marco importante para o mercado vidreiro e de esquadrias no Brasil. Diz ele: “Com ela [a norma], padronizamos a apresentação de propriedades térmicas das nossas esquadrias e vidros, o que permite a comparação de produtos por desempenho e coloca o setor na situação de importância que deve ter quando se fala em eficiência energética de edificações, pois são os componentes de maior relevância nas trocas de calor e consumo de energia”.

Conteúdo
A seção publicada traz as condições de contorno e equações para o cálculo de transmitância térmica de esquadrias em geral, podendo ser portas ou janelas. “O vidro entra nessa parte da norma, pois representa a maior área de uma esquadria completa”, destaca Westphal, que também é o coordenador do Grupo de Trabalho em Esquadrias e Vidros da CE-002:135.007.

A transmitância térmica é a propriedade que expressa o quanto de calor atravessa a composição de vidro por condução devido à diferença de temperatura entre o ambiente externo e interno. Nesse sentido, Westphal aponta que vidros insulados têm transmitância mais baixa, pois a câmara de ar atua como um isolamento térmico. “O fato de termos uma norma nacional para a determinação dessa propriedade uniformiza as informações no mercado, pois existem outras normas europeias e norte-americanas que tratam do mesmo tema, mas com condições de contorno diferentes, levando a variações nos resultados e dificuldade de comparação entre produtos.”

Vale observar que os dados de transmitância térmica do vidro são determinados de acordo com a ISO 10292, que é semelhante à europeia EN 673, norma já adotada pelos fabricantes de vidro plano no Brasil.

Próximos passos
A Parte 2 da norma – já traduzida e que deverá entrar em consulta nacional em breve – trata especificamente da determinação da transmitância térmica dos perfis das esquadrias. Outras normas ISO também estão sendo traduzidas, como a 15099 (que aborda o processo detalhado de cálculo numérico da transmitância térmica das esquadrias).

“Acredito que a adoção dessas normas acende as discussões sobre estratégias de eficiência ainda incipientes no Brasil, mas que têm grande potencial para melhorar o conforto térmico nas edificações, tais como o uso de vidros insulados e vidro de baixa emissividade [low-e], além das esquadrias com thermal break e elementos de proteção solar inovadores”, avalia Westphal. O professor ressalta ainda que isso pode contribuir para evitar o uso excessivo de climatização artificial em edificações e para aproveitar o vidro como elemento de contato visual com o exterior, sem comprometer a qualidade do ambiente interno.

Este texto foi originalmente publicado na edição 601 (janeiro de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: leungchopan/stock.adobe.com



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