Do jeito que está, não pode continuar!
19/09/2016 - 11h57
A decisão do Senado Federal pela saída definitiva da presidente Dilma Rousseff, ocorrida no último 31 de agosto, é muito mais do que um marco histórico. Consolidou-se também a ruptura de um modelo econômico desastroso, que levou o Brasil à sua maior crise econômica de todos os tempos. Nesse período de dificuldades gravíssimas para todo o setor produtivo, renovamos a esperança de transformações estruturais — econômicas, políticas e sociais — que ofereçam condições mínimas para a viabilização de nossas atividades.
No setor vidreiro, verificamos a deterioração de toda a cadeia de valor. Assim como nos demais segmentos da economia, estamos sufocados por um arcabouço legal completamente arcaico. As exigências para funcionamento, as leis trabalhistas e tributárias e a infraestrutura inadequada exigem mudanças urgentes para o País reencontrar o caminho do crescimento.
Nesse cenário conflituoso, a nossa confusa legislação tributária gera grandes danos ao setor vidreiro. Como uma cadeia produtiva pode se organizar tendo algumas empresas suportando uma carga tributária superior a 30%, enquanto suas concorrentes assumem apenas 10%? A esse desequilíbrio, somam-se ainda opções desleais de alguns empresários, os quais se utilizam de manobras bem-conhecidas e condenadas pela fiscalização.
Diante dessa realidade tão preocupante em todas as regiões do Brasil, a diretoria da Abravidro concluiu que chegou a hora de pleitearmos políticas tributárias direcionadas ao mercado de vidros planos. Precisamos corrigir distorções e, principalmente, melhorar o equilíbrio e a competitividade entre as empresas. Pelo histórico de nossa entidade em torno do tema, somos cientes de sua complexidade. No entanto, disso depende a sobrevivência de centenas de empresas e milhares de empregos de nossa indústria de transformação.
Neste novo ciclo político, são grandes as expectativas de que o governo tenha uma porta aberta para o diálogo com a classe produtiva. Sabemos e defendemos a austeridade financeira exigida atualmente, mas nosso pleito não envolve renúncia fiscal — pelo contrário, precisamos apenas de reorganização e condições igualitárias de competitividade. Pode ser difícil, mas a Abravidro vai concentrar todos os esforços junto a esse objetivo. Afinal, temos uma certeza: do jeito que está, não pode continuar!
Este texto foi originalmente publicado na edição 525 (setembro de 2016) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista clicando aqui
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