Vidroplano
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Entenda como é feito o ensaio de impacto em guarda-corpos

22/07/2021 - 10h50

A realização dos ensaios e aprovação dos guarda-corpos conforme previsto na norma NBR 14718 — Guarda-corpos para edificação são fundamentais para assegurar que esses sistemas sejam capazes de cumprir sua principal função: garantir a proteção das pessoas contra o risco de queda acidental. A seguir, especialistas explicam as etapas de um desses ensaios, o de resistência a impacto, quais os requisitos para aprovação do guarda-corpos e onde os testes podem ser realizados.

Aparelhos necessários
Impactor (saco de material resistente em forma de gota, com diâmetro aproximado de 300 mm), contendo em seu interior esferas de vidro (bolinhas de gude) com massa total de 40 kg;

Sistema de fixação composto por cabos de aço e roldanas, de forma que permita que o saco, ao cair, descreva um movimento pendular;

Gabarito prismático para verificar se eventuais deformações nos guarda-corpos ou rupturas dos elementos de fechamento, fixações etc., permitem ou não a passagem desse equipamento.

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Passo a passo
A engenheira Michele Gleice da Silva, diretora técnica do Instituto Tecnológico da Construção Civil (Itec), lista as etapas do ensaio:

1) Posicionar o impactor no lado de dentro do guarda-corpos (sentido de dentro para fora), no centro geométrico do elemento de fechamento, distante de 5 a 15 mm desse fechamento;

2) Levantar o impactor, como um pêndulo, até que a distância entre seu centro geométrico e o centro geométrico do fechamento chegue a 1,5 m;

3) Soltar o impactor, ocasionando a colisão dele no guarda-corpos, com força de 600 J.

 

Requisitos para aprovação
por-dentro-das-normas3De acordo com o Laboratório de Componentes do Falcão Bauer, após o ensaio de resistência a impacto, é feita uma avaliação visual a fim de verificar se houve possíveis destacamentos de fixações ou ruptura de componentes – em caso de quebra do vidro, o sistema só será aprovado se não permitir a livre passagem de um gabarito prismático de 0,255 × 0,115 × 0,115 m no vão.

Michele, do Itec, acrescenta que não pode ocorrer a queda do elemento do fechamento ou de partes desse elemento – ou seja, o vidro não pode se desprender completamente. “Todas essas verificações visam a garantir que eventuais deformações não criem espaço suficiente para que uma criança, por exemplo, passe pelo vão.”

Onde o ensaio pode ser feito?
Segundo a NBR 14718, os testes podem ser realizados tanto em laboratório como em local estabelecido pelo contratante, incluindo a própria obra, desde que o local permita o acesso no piso para os lados interno e externo do protótipo e a instalação de todos os equipamentos necessários para a realização dos ensaios.

O Laboratório de Componentes do Falcão Bauer informa que os requisitos e métodos de ensaios da norma são os mesmos para os ensaios em laboratório e na obra. Contudo, ressalta que, em laboratório, há um ambiente controlado livre de possíveis interferências externas nos resultados, gerando maior confiança a estes.

Um ponto crucial apontado por Michele é que a NBR 14718 especifica que os ensaios devem ser feitos em protótipo – ou seja, num trecho do guarda-corpos instalado especificamente para o teste e não no sistema instalado no local de uso definitivo. “É comum vermos vídeos em que os ensaios são desenvolvidos em guarda-corpos que já estão no imóvel. Além de essa questão não atender requisito normativo, podem ocorrer danos não visíveis no momento, como na fixação, e que, após o uso, a ação da chuva, vento e sol possam ocasionar o desprendimento do sistema ou causar patologias na viga ou laje em que ele está instalado”, alerta a diretora técnica do Itec.

Este texto foi originalmente publicado na edição 583 (julho de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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