Vidroplano
Vidroplano

Entrevista com Paulo Drummond e Henrique Lisboa

23/03/2020 - 11h25

No final de janeiro, o mercado vidreiro recebeu a notícia de que o então presidente da Vivix, Paulo Drummond, deixaria a empresa. À frente da companhia desde o início do processo de sua fundação, em 2010, Paulo Drummond optou pelo desligamento para se dedicar a projetos pessoais. Em seu lugar, assumiu, no dia 2 de março, Henrique Lisboa, ex-diretor Comercial e de Marketing da empresa. Para entender o que representam essas mudanças na única usina vidreira de capital 100% nacional, conversamos com ambos, por e-mail. A conversa você encontra a seguir.

paulo-drummond

 

Paulo, você liderou o projeto do grupo Cornélio Brennand no setor de vidros planos desde o início. Dez anos depois, qual o saldo da empreitada?

Paulo Drummond: Estar à frente da Vivix desde a sua concepção foi um privilégio e sem dúvida uma etapa de extrema relevância em minha trajetória profissional. Foram muitos os aprendizados e conquistas que ficarão em minha memória para sempre. Construímos uma das mais modernas fábricas de vidros planos do mundo, expandimos o nosso portfólio de produtos e melhoramos processos e serviços. Conquistamos o respeito do mercado cumprindo os acordos assumidos e buscamos estar próximos dos nossos clientes, conhecendo as suas particularidades e apoiando-os no desenvolvimento dos seus negócios. Acreditamos que este é um dos principais caminhos para a ampliação da base de consumo do vidro plano no País, além de outras realizações e desafios superados. Enfim, acredito que demos a nossa contribuição para a evolução do mercado e sem dúvida o saldo foi muito positivo e gratificante.

 

Na primeira entrevista que concedeu a O Vidroplano, em abril de 2010, você comentou que o setor vidreiro no Nordeste precisava de desenvolvimento e investimentos, e que a então CBVP vinha para ajudar nisso. Esse desenvolvimento do mercado ocorreu como o esperado ao longo dos anos?
PD: Apesar da maior e mais longa crise econômica que abalou o País, e sobretudo o setor da construção civil no qual estamos inseridos, o mercado como um todo evoluiu. Pudemos contribuir para um maior e melhor abastecimento do setor. Investimos na qualificação da cadeia a fim de compreendermos suas necessidades e assim realizarmos ações personalizadas, visando ao crescimento individual de cada empresa.

 

Todas as demais usinas de base nacionais passaram por mudanças no time de executivos nos últimos anos. Agora, acontece na Vivix também. O que você pode comentar sobre o processo de passagem de bastão para uma nova geração de executivos?
PD: A mudança faz parte de um processo natural de sucessão, seguindo as diretrizes gerais da empresa e os objetivos estratégicos para os próximos anos. Esta foi uma decisão planejada, sempre visando uma transição adequada. A partir de agora, assume a liderança do negócio Henrique Lisboa, executivo experiente que esteve ao meu lado desde a concepção da empresa e dará continuidade à trajetória de crescimento da Vivix.

 

Apesar da maior crise econômica que abalou o País, o mercado como um todo evoluiu”
Paulo Drummond

 

Henrique, você faz parte do grupo Cornélio Brennand há vinte anos. Como é ser indicado para se tornar presidente do braço do setor vidreiro?
Henrique Lisboa: O convite para assumir o comando da Vivix me deixa honrado e também desafiado a dar continuidade ao processo evolutivo da empresa. Faço parte da Vivix desde a sua concepção e visualizo claramente as oportunidades existentes para o setor e para a empresa. Tenho orgulho de pertencer a um grupo empresarial com mais de cem anos de existência, sinônimo de confiança e respeito aos acordos.

 

O processo de sucessão será marcado pela continuidade dos projetos já em andamento?
HL: Sim. Como já demonstramos ao longo desses últimos anos, seguiremos honrando os nossos compromissos assumidos com o mercado e clientes, criando permanentemente possibilidades que visam à evolução do nosso segmento e o fortalecimento da nossa cadeia.

 

Quais serão os desafios que você espera encontrar como presidente da usina?
HL: Precisaremos estar atentos às oportunidades que certamente virão com a retomada do crescimento econômico do País e buscar permanentemente soluções inovadoras, de olho na diferenciação e no desenvolvimento do mercado e dos clientes.

 

A Vivix apostou em modernizar seu parque fabril com tecnologia 4.0 nos últimos tempos. Como isso pode impactar positivamente nos negócios da empresa a partir de agora?
HL: A empresa investe constantemente em automação, tecnologia da informação e digitalização dos seus processos. A partir disso, criamos plataformas inteligentes que fazem com que a Vivix ganhe mais eficiência, velocidade, produtividade e segurança em todas as etapas. Tudo isso visando a uma evolução constante da empresa, a fim de oferecer sempre os melhores produtos e serviços ao mercado.

 

Sempre houve uma expectativa sobre o segundo forno da usina, muito por causa de declarações da própria empresa. Há algum planejamento quanto ao assunto?
HL: Sim. Desde o início do nosso projeto está previsto um segundo forno. Estamos acompanhando a evolução da economia para seguirmos com esse plano.

henrique-lisboa

 

Como se deu a escolha de José Henrique Ribeiro para o cargo de diretor Comercial e de Marketing?
HL: O José Henrique é formado em engenharia mecânica, com MBA em Administração de Negócios no Insper (SP). Ele é um profissional experiente, com forte histórico de atuação profissional dentro da área comercial/marketing, construído em empresas de ponta que atuam com foco no mercado. Será alguém que certamente trará grandes contribuições para o setor.

 

Quais desafios o setor vidreiro deve encontrar nos próximos anos? Vocês acham que nossas empresas estarão preparadas?
PD: Continuamos visualizando uma avenida de oportunidades para o mercado de vidros planos no País. Basta verificarmos o baixíssimo consumo per capita do material em comparação com alguns países da Europa e Estados Unidos. Acredito que a recuperação será moderada a cada ano e que iniciativas voltadas para a qualificação da cadeia e para a divulgação das diversas possibilidades de aplicação do vidro plano, inclusive com produtos de maior valor agregado, serão fundamentais para a evolução do mercado. Tudo isso, associado à recuperação da economia por meio de um novo modelo econômico, com taxas de juros mais baixas e maior incentivo ao crédito, impulsionará os financiamentos de imóveis e consequentemente o setor da construção civil.

 

“Precisamos focar esforços para elevar o nível de serviço dos profissionais em contato com o consumidor”
Henrique Lisboa

 

HL: O maior desafio é estar preparado para as novas oportunidades que virão, e um dos maiores gargalos que identificamos é a baixa qualificação da cadeia. O setor precisa focar esforços no sentido de elevar o nível de serviço dos profissionais que estão em contato direto com o consumidor final. Com uma maior qualificação e conhecimento do produto, surgirão novas possibilidades de aplicação, uma maior confiança na especificação e instalação do material, e consequentemente uma opinião maior valorização e consumo de vidros de maior valor agregado.
Paulo, do que mais sentirá falta em relação ao nosso setor?
PD: Sem dúvida, sentirei muita falta do convívio com as pessoas da empresa e do mercado. Fiz bons amigos.

 

Gostariam de deixar uma mensagem final ao setor e aos clientes?
PD
: Agradeço ao mercado pela confiança na Vivix e pelas relações construídas. Compartilho o meu mantra que é: “Seja simples, sonhe alto, seja grato e sorria muito!”.

 

HL: Reafirmamos o nosso compromisso com o desenvolvimento do nosso setor. Nosso objetivo é estar cada vez mais próximos dos consumidores, ofertando produtos e serviços que tragam valor para nossa cadeia. A evolução da Vivix somente será possível como consequência natural do crescimento e desenvolvimento dos nossos clientes.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 567 (março de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters