Vidroplano
Vidroplano

Fernando Westphal lança livro sobre vidro em edificações

03/08/2023 - 17h06

Figurinha carimbada em diversas reportagens de O Vidroplano, Fernando Simon Westphal, consultor, engenheiro, professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, acaba de lançar o livro Vidro plano para edificações. A publicação pretende levar informações técnicas sobre nosso material em um formato de fácil acesso a profissionais do setor vidreiro e da construção civil e também a estudantes de engenharia e arquitetura.

Para conhecer o conteúdo do livro e saber como surgiu a ideia pra escrevê-lo, a equipe de O Vidroplano entrevistou Westphal. A conversa você confere a seguir.

Professor, este é seu primeiro livro?
Fernando Westphal — Como pesquisador e professor já escrevi muito artigos técnicos voltados a eventos científicos, revistas, periódicos. Mas tentar agrupar toda a informação desenvolvida ao longo de anos de carreira, em uma produção no formato de livro, é a primeira vez. E acho que é o sonho de muitos pesquisadores.

Espero que seja de fato um material de referência para um ponto inicial de estudo sobre o uso do vidro nas edificações e na arquitetura. Ele é voltado para o contexto brasileiro, citando produtos nacionais e as configurações de beneficiamento que a gente costuma utilizar no Brasil. A ideia é “tropicalizar” esses assuntos e assim ganhar notoriedade para os produtos com mais informação técnica para o mercado.

De onde surgiu seu interesse pelo vidro?
FW — Foi de uma necessidade. Terminei meu doutorado em 2007, no programa de engenharia civil, com especialidade em eficiência energética de edificações. Com isso, migrei para o mercado da construção. Saí de Florianópolis e fui morar em São Paulo, trabalhando com consultoria para certificação Leed [Leadership in Energy and Environmental Design] de grandes empreendimentos – e esses prédios comerciais são todos com fachadas envidraçadas.

Então, foi um grande choque participar de projetos com pele de vidro para climas quentes como o nosso. Pra mim, era uma novidade e eu até era crítico. Quando comecei as análises para os prédios que buscavam a certificação, nossa equipe concluía, por meio de números, que não havia um aumento expressivo no consumo de energia por conta do vidro. E comecei a estudar o porquê.

Esses empreendimentos buscam uma melhor qualidade de vida interna, e com maior área envidraçada você tem mais contato com o exterior, o que gera, inclusive, benefícios de saúde. O empreendedor, os futuros locatários e ocupantes estão dispostos a pagar por uma tecnologia a mais na fachada – no caso, um vidro de controle solar.

E depois disso, começaram a me chamar para palestras, pois passei a ser um defensor do produto. Fiquei impressionado com sua eficiência – e defendê-lo é simplesmente uma constatação.

54f7711b-03df-4e85-b5b7-78dc5801632f

E como apareceu a chance de preparar um livro sobre o tema?

FW — Em 2009, fui contratado para fazer um estudo sobre o impacto do vidro no consumo de energia das edificações para a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro). E, a partir daí, passei a prestar assessoria técnica para a entidade. Quando já atuava mais fortemente no mercado vidreiro, eu comentava que a gente não tinha uma referência de literatura nacional, até porque a informação vinha apenas das fabricantes. Em 2016 me prontifiquei a escrever um material e ele foi lançado como ebook com o nome Manual técnico do vidro plano. Algum tempo depois surgiu o interesse de publicar no formato de livro, o que acho que dá muito mais credibilidade para o material. Então, fizemos contato com a editora Oficina de Textos, e a Abividro patrocinou a produção.

Qual o conteúdo do livro?
FW — Os primeiros capítulos fazem uma introdução ao contexto histórico, o processo de fabricação do vidro, e depois entramos na questão de engenharia e arquitetura. O foco principal eu puxei mais para a minha área de atuação, chamando a atenção para os desempenhos térmico, lumínico e acústico. E não tem como a gente falar do produto sem comentar segurança. Então, há menção a uma série de normas técnicas relacionadas ao setor.

Eu tentei utilizar uma linguagem mais técnica, trazer equações, gráficos comparativos, algo que sentia falta no mercado, pois não se encontram tais referências na literatura. Essa é a principal diferença entre o livro e o ebook, cujo material era mais lúdico, com linguagem voltada ao público leigo.

Montei também um capítulo sobre como especificar, buscando ajudar do estudante de arquitetura ao profissional que deseja estudar o assunto. Resumi por conta própria algumas diretrizes: como você escolheria o vidro em termos de aspecto estético, coloração, nível de escurecimento e de espelhamento, trazendo as propriedades ópticas do material – uma coisa que eu sempre bato na tecla durante as palestras. Alguns colegas da área até me criticam por isso, por ser técnico demais. Porém, insisto que a gente tem de treinar o mercado em relação a esse tipo de conhecimento.

Em relação às normas técnicas, elas estão em constante renovação para atender as mudanças de nosso mercado. Como o senhor informou ao leitor de seu livro que é necessário ficar atento às novas versões desses documentos?
FW — Tem esse destaque no livro. Achei importante fazer a listagem das principais normas, as mais comuns e necessárias para o dia a dia, com a ideia de alertar o leitor justamente para essa quantidade de documentos, para que ele busque em cada aplicação a norma relacionada àquele assunto.

O vidraceiro tem no seu livro uma boa fonte?
FW — Com certeza! Espero também atingir esse mercado, para que o vidraceiro possa se inteirar um pouco mais sobre os diferentes níveis de desempenho. É claro que entender alguns pontos vai exigir um certo conhecimento a mais de engenharia. Porém, como todo material técnico, a gente pode pular algumas partes e ir direto ao que interessa. É um livro que se pode ler num final de semana? Sim! Mas espero que seja um material de consulta para a busca de informações específicas. O vidraceiro pode estudar um capítulo e entender o que significa fator solar, ganho de calor, ver estudos comparativos, e depois indicar um vidro especial ao cliente.

Sobrou conteúdo para uma continuação?
FW — Bastante coisa. Claro, temos de manter os pés no chão, verificar se será bem aceito pelo mercado e se de fato vai se transformar em uma referência técnica. A partir do lançamento, a gente começa a fazer um trabalho junto às universidades, para os meus colegas mostrarem aos professores que existe esse material. Mas, sim, fiquei com muitas ideias armazenadas.

Professor, para finalizar nossa entrevista, onde é possível adquirir o livro?
FW — O site oficial da editora Oficina de Textos faz a venda direta, mas também já o encontrei em grandes varejistas como a Amazon. Em outros pontos de venda, você o encontra fazendo a busca pelo título ou pelo nome do autor.

Este texto foi originalmente publicado na edição 607 (julho de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito das fotos: Reprodução



Newsletter

Cadastre-se aqui para receber nossas newsletters