Vidroplano
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Os cuidados que o vidraceiro deve tomar no envidraçamento de sacadas

19/08/2019 - 13h58

A instalação de envidraçamento de sacadas é bastante frequente no Brasil — tanto é que nosso país foi o primeiro no mundo a ter uma norma técnica para sua fabricação e instalação, a NBR 16259 — Sistemas de envidraçamento de sacadas – Requisitos e métodos de ensaio, publicada em 2014 pela ABNT (conheça mais sobre o documento clicando aqui). Esses sistemas, bastante atrativos para o consumidor final, aliam transparência, integração com o espaço externo e proteção do ambiente contra a ação de chuvas e ventos.

Trabalhar com o produto abre muitas oportunidades de negócios para o vidraceiro, mas este, como fornecedor, precisa ter uma série de cuidados para que a instalação ofereça a segurança necessária e o bom funcionamento.

Planejamento e documentação
De acordo com Gabriel Batista, diretor do Grupo Setor Vidreiro, frequentemente cabe ao próprio vidraceiro a responsabilidade pelo projeto de sacada. “Na realidade atual, o mercado ainda carece de engenheiros ou arquitetos que projetem a aplicação do sistema”, diz ele.

Isso, porém, não significa que a participação desses profissionais esteja dispensada: a NBR 16259 recomenda que o fornecedor emita para o contratante a documentação de responsabilidade técnica do projeto e execução do sistema de envidraçamento, devidamente registrado em órgão competente. Se houver necessidade, o cliente poderá exigir que o documento seja emitido. Ele pode ser a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), fornecida por um profissional vinculado ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), ou o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), assinado por um profissional vinculado ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). Embora a norma não coloque como obrigatória a emissão desses documentos, é bastante comum o cliente exigi-los. Então, vale a pena estar preparado.

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Vendendo o envidraçamento de sacada
Sérgio Reino Júnior, professor do “Curso de Vidraceiro”, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em São Paulo, recomenda que o vidraceiro verifique junto ao cliente as normas do condomínio em que a instalação será feita para definir os detalhes do projeto. “Também é importante informar ao contratante como será a obra e o resultado final, apresentando amostras de perfis e fotos de trabalhos anteriores”, acrescenta. Após a definição desses detalhes, não deixe de documentar a venda com um contrato em que tudo que foi acordado esteja registrado.

Conhecendo o ambiente
Antes de firmar a proposta comercial, é aconselhável visitar o local. “Há detalhes que podem passar despercebidos pelos compradores, mas que podem resultar em custos extras para o vidraceiro”, alerta Gabriel, do Setor Vidreiro.

Alguns pontos que o instalador deve verificar nessa etapa são:
– Dimensões, prumo e nível do vão;
– Alinhamento entre as bases superior e inferior do vão;
– Quantas aberturas o sistema terá e onde elas estarão;
– Se será possível os painéis fazerem os percursos idealizados na abertura e fechamento do sistema;
– Presença de eventuais obstáculos;
– Diferença de aberturas no vão em que o sistema será instalado;
– Caixas destinadas para aparelhos de ar condicionado.

Você está capacitado para o trabalho?
Ainda não é exigido que o instalador comprove certificação. Apesar disso, Gabriel alerta: “É muito comum vidraceiros de longa data acreditarem que, por sua experiência com outros serviços, consigam instalar e garantir a integridade do envidraçamento de sacadas. Isso é um equívoco, pois esse tipo de sistema exige qualificação própria”.

Por isso, é importante que o profissional busque participar de algum curso voltado para o trabalho com esse produto.

Vale também consultar as fabricantes dos sistemas. Além de tirar dúvidas sobre seus produtos, algumas vezes elas também oferecem palestras e atividades para a capacitação dos vidraceiros nessa área.

Falando em fabricantes, aliás, não deixe de ler e seguir as orientações dos manuais de instrução fornecidos junto com seus produtos: esses materiais são imprescindíveis para uma instalação de qualidade.

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Proteção para o trabalhador
O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é indispensável. Não deixe de usar os seguintes itens:

– Bota de segurança;
– Capacete (com prendedor de queixo);
– Protetor auricular;
– Óculos de proteção;
– Luvas e mangotes de segurança;
– Cinto de segurança;
– Talabarte (dispositivo de conexão para sustentar ou limitar a posição do trabalhador);
– Linha de vida ou corda apropriada.

Sérgio, do Senai, ressalta que todos os EPIs precisam ter Certificado de Aprovação (CA). Por sua vez, Gabriel, do Setor Vidreiro, acrescenta que é importante também isolar o local abaixo da obra para evitar que a eventual queda de algum objeto possa atingir quem estiver ali.

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Teste do produto
Antes da instalação, o envidraçamento de sacada completo — incluindo os vidros que serão usados — precisa ser aprovado em ensaios realizados em laboratório (veja mais clicando aqui).

Muitas vezes, é a fabricante dos perfis que vai atrás dessa aprovação. Apesar disso, Sérgio ressalta que o próprio vidraceiro pode contratar um laboratório credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para fazer esses ensaios, caso queira verificar se o produto apresenta o desempenho esperado nas condições específicas do projeto.

Após a instalação
A responsabilidade da vidraçaria em relação ao sistema não termina com a conclusão das obras. Nesse momento, cabe ao vidraceiro entregar ao cliente o manual de uso e de manutenção do produto, bem como a ART ou o RRT da instalação.

O profissional também deve estar disponível para resolver problemas que possam aparecer no envidraçamento: o Código de Defesa do Consumidor determina a garantia legal de três meses contados a partir do recebimento para vícios aparentes (isto é, em caso de problemas perceptíveis visualmente) ou a partir do momento em que o defeito é identificado (para vícios não aparentes). Esse prazo é somado ao tempo de garantia contratual do produto.

“O vidraceiro só se isenta dessas responsabilidades se, mesmo após informar ao cliente sobre os períodos de revisões preventivas e orientá-lo sobre a importância das manutenções corretivas ao primeiro sinal de defeito, ele se recusar a fazer essas manutenções. Mas tudo precisa ser documentado”, salienta Gabriel.

Manutenção
A NBR 16259 recomenda que, após a instalação, o vidraceiro entregue para o cliente um manual de uso, manutenção e limpeza. E sugere conteúdo sobre a limpeza e conservação do sistema, incluindo as guarnições de borracha e escovas:

– Utilizar solução de água e detergente neutro, a 5%, com auxílio de pano macio;
– O intervalo de tempo mínimo sugerido para a limpeza é a cada doze meses em zona urbana ou rural, e a cada seis meses em zona litorânea ou industrial;
– Recomenda-se também a limpeza constante dos trilhos, para não comprometer o desempenho das roldanas.

Sérgio ressalta ainda que o vidraceiro deve aconselhar o cliente a contratar a revisão do sistema uma vez por ano. “É na manutenção preventiva que se identificam possíveis erros de utilização e se permite que os problemas sejam corrigidos para evitar desgaste e quebras”, explica o professor do Senai.

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As etapas do envidraçamento de sacada
1- VENDA
2- MEDIÇÃO
3- PROJETO
4- USINAGEM DE PERFIS
5- COLAGEM DOS PERFIS
6- ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE
7- INSTALAÇÃO
8- MANUTENÇÕES PERIÓDICAS

 

Fique atento!
Vidro lascado deve ser substituído porque corre risco de quebra;

Em caso de mau funcionamento ou quebra de algum componente, deve-se interromper o uso do sistema e solicitar a manutenção do produto;

Nunca bata no vidro com objetos rígidos, pontiagudos ou de metal;

Não deixe crianças desacompanhadas utilizarem o sistema.

Este texto foi originalmente publicado na edição 560 (agosto de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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