Panorama Abravidro 2023 indica dura realidade
07/06/2023 - 10h43
A edição 2023 do Panorama Abravidro já está disponível. Como de costume, o principal estudo econômico sobre a produção vidreira nacional pode ser lido encartado na edição impressa de O Vidroplano ou em seu formato online e está também disponível em inglês e espanhol.
Os números presentes no levantamento deste ano indicam uma dura realidade para o nosso setor. Confira abaixo a análise a respeito dos principais indicadores do estudo e o que eles apontam.
A importância do levantamento
No Panorama Abravidro, as empresas da cadeia de vidros planos podem encontrar os números essenciais do setor e usá-los para definir suas ações ao longo do ano – e até mesmo comparar os resultados individuais da sua processadora com o desempenho do mercado como um todo. A publicação também proporciona uma visão de quais são os principais problemas do mercado brasileiro e quais as medidas necessárias para resolvê-los. “Em ambientes de economia vacilante e consumo em queda, poder contar com monitoramentos como o Panorama e Termômetro Abravidro é fator decisivo para que as empresas possam se adaptar e acompanhar a dinâmica do mercado”, avalia José Domingos Seixas, presidente da Abravidro que deixa seu posto este mês.
Sobre o Panorama Abravidro 2023
- Dados referentes ao exercício de 2022;
- Perfil da amostra: 46 empresas, as quais representam 24% do mercado brasileiro de vidro processado não automotivo;
- Período da coleta de dados: janeiro a abril de 2023.
Faturamento de vidros processados (R$ milhões/ano)
- No total, houve uma queda de 10,4% no faturamento das processadoras de 2021 para 2022;
- O laminado teve a menor queda observada no faturamento (2%), enquanto a maior foi a dos espelhos (13,8%).
Produção de vidros processados (m²)
- Assim como no ano passado, o laminado se manteve como o grande destaque, com um crescimento de 4,7%, ultrapassando a marca de 8 milhões de m²;
- A produção de temperado teve uma queda de 7,5%; apesar disso, ele permanece como o vidro processado mais produzido, com mais de 32 milhões de m²;
- Espelhos caíram 8,2%, o maior índice observado entre os diferentes produtos.
Participação por produto em 2022 (m²)
- O laminado cresceu pelo terceiro ano seguido e apresentou seu melhor índice de participação da série histórica, com 14,4%;
- O temperado permanece na liderança isolada; apesar disso, sua participação teve um pequeno recuo, caindo de 59% em 2021 para 57,9% em 2022;
- O insulado teve um pequeno crescimento em relação ao ano passado: 0,6%.
Preço médio do vidro processado (base 100 = 2012) *
- Tanto o temperado como o laminado tiveram uma perda de valor em relação a 2021, acompanhando a queda de faturamento e de produção;
- Esse resultado é outro sintoma da desaceleração do mercado vidreiro nacional.
* Os valores de referência de 2012 a 2021 foram atualizados monetariamente
Mão de obra empregada na indústria de transformação
- Houve uma queda de 1,3% no número de empregados no setor em 2022, após cinco anos em alta;
- Apesar disso, o nível de mão de obra empregada é o segundo mais alto desde 2014.
Produtividade na indústria de transformação (m²/funcionário/mês)
- A produtividade é calculada por meio da divisão da produção total em m² pelo número de funcionários;
- 2022 teve 153,9 m² processados por funcionário ao mês;
- Observou-se uma queda de 4,5% de produtividade na comparação com 2021, resultando no pior número em dez anos.
Eles participam do Panorama Abravidro. E você?
“Participamos sempre dos levantamentos para a elaboração do Panorama Abravidro porque cremos no associativismo e no compartilhamento de informações e conteúdos. Quanto mais empresas enviarem informações para esse estudo, mais fidedignos serão os resultados.”
Antônio Carlos da Cunha, sócio-diretor da Bend Glass (Contagem, MG)
“A PKO entende que essa participação contribui para o objetivo maior, que é a obtenção de dados mais precisos do setor, bem como a possibilidade de acompanhar sua evolução e oportunidades. Consideramos que a adesão das processadoras a esse levantamento deve ganhar uma escala sempre maior; são indicadores importantes que podem auxiliar na definição de estratégias mais direcionadas e, especialmente, nortear com mais segurança na tomada de decisões.”
Alexandre Toledo, gerente-comercial da PKO do Brasil (Mogi das Cruzes, SP)
“A Viminas é uma empresa com, aproximadamente, quarenta anos de mercado, atuando com transparência e profissionalismo. Desta forma, fazemos questão de participar do Panorama Abravidro, o que temos feito desde a primeira edição; temos a convicção de que, quanto maior for o número de empresas participantes, mais precisas serão as informações relevantes que teremos, além de estarmos contribuindo de maneira gigantesca para toda cadeia vidreira, seja para nossos fornecedores, clientes e para nós processadores, nas nossas tomadas de decisões.”
Maurício Silva Ribeiro, diretor da Viminas Vidros Especiais (Serra, ES)
Comparação entre estudos
Este ano, além do Panorama, o setor conta também com o Termômetro Abravidro, publicado mensalmente. Sergio Goldbaum, economista da GPM Consultoria Econômica, empresa responsável por apurar e consolidar os dados de ambos os estudos, comenta que a equipe estava ansiosa para ver de que maneira os números do Panorama e do Termômetro conversariam entre si. “A atividade econômica caiu em ambas as pesquisas, mas a queda do Termômetro foi mais acentuada. Estamos ainda estudando a discrepância, mas cada um deles tem características próprias e amostras diferentes”, avalia.
Com relação à queda nos números de diferentes indicadores do Panorama Abravidro 2023, Goldbaum considera que eles provavelmente indicam o final de um ciclo. “Em particular, a alta da taxa de juros já dura mais de dois anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informam que a atividade de todos os setores consumidores de vidros processados – construção civil, automóveis, eletrodomésticos e móveis – estiveram estáveis ou desaquecendo ao longo de 2022”, informa o economista da GPM, acrescentando que a atividade econômica em todos esses setores continua estável ou desaquecendo, o que indica a possibilidade de que essa tendência de queda se mantenha em 2023.
Ao contrário de outros indicadores, a balança comercial teve seu melhor desempenho em cinco anos – mas Goldbaum explica que a razão para isso não é exatamente boa: “O superávit da balança comercial é consistente com o desaquecimento do setor. A demanda reduzida do produto diminuiu as importações e o excedente da produção doméstica procurou mercados externos, ampliando as exportações”.
Crédito da foto de abertura: ikonoklast_hh/stock.adobe.com
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