Vidroplano
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Em entrevista, Cebrace aposta em maio com 50% da movimentação normal

05/05/2020 - 19h37

Nesta terça-feira, 5, ocorreu a primeira de uma série de lives (transmissões ao vivo) no Instagram, organizadas pela Abravidro, chamada Abravidro Entrevista. O objetivo é pensar o setor e os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus com os players do mercado. Para a estreia da iniciativa, o presidente da entidade, José Domingos Seixas, e a superintendente, Iara Bentes, conversaram com a Cebrace. A usina foi representada pelos diretores-executivos Leopoldo Castiella e Reinaldo Valu, e pelo gerente comercial, Flávio Vanderlei. Neste link, você pode assistir à live na íntegra.

 

Panorama
Além das perguntas feitas por Iara, responsável por mediar o bate-papo, os executivos também responderam questões dos espectadores. Flávio Vanderlei foi o primeiro a falar, oferecendo um panorama de como a paralisação da construção civil e do setor automotivo prejudicou o mercado vidreiro. Um estudo feito pela usina no início da pandemia previa que, em abril, 65% de seus clientes processadores estariam com a produção parada.

 

Consequências
A Cebrace foi a única fabricante nacional de vidro a paralisar sua expedição (de 30 de março a 13 de abril) durante o atual período de quarentena. A empresa aproveitou esse momento para antecipar manutenções nos fornos, além de rebalancear os estoques. “Fevereiro foi um mês forte, então nossos clientes estavam bem estocados. Eles não puderam se queixar de falta de vidro”, explicou Reinaldo Valu.

A retomada das operações aconteceu seguindo protocolos de segurança e de saúde, com o uso de máscaras e álcool-gel, de forma a evitar a contaminação de colaboradores e a disseminação da Covid-19. Segundo Leopoldo Castiella, a usina está trabalhando sob as regras da MP 936/2020, publicada pelo governo federal em 1º de abril. Por isso, houve redução de jornada e de salários de funcionários, com o intuito de preservar a sustentabilidade financeira da empresa. “Abril foi um mês pra ser esquecido, um ponto de inflexão histórico em nossa empresa”, revelou. O home office ainda segue para algumas funções – e deve continuar: “Temos a ideia de seguir com algum tipo de rodízio no futuro”.

 

Faturamento
De acordo com Flavio Vanderlei, março já mostrou grande queda e abril serviu apenas para atender urgências de clientes, mesmo com o retorno completo da expedição. Em números absolutos, esses dois meses representam cerca de trezentos caminhões carregados que deixaram de sair da fábrica. “Acreditamos que em maio e junho teremos metade da movimentação razoável para o período. No ano, a expectativa de queda do faturamento é de 20 a 25%”, analisou.
Os impactos da crise foram agravados, segundo a usina, por outros três fatores:

• O valor do gás natural, que não baixou apesar da queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional;
• A alta do dólar, dificultando a compra de matéria-prima, como a barrilha, e componentes de maquinários, como os refratários a serem usados na reforma do forno C2, em Caçapava, SP (que seria feita este ano, mas agora não tem prazo para ocorrer);
• O aumento da competitividade predatória por parte de algumas empresas do mercado, dificultando a situação da cadeia como um todo.
Por falar em investimentos, o cronograma da construção do C6, a ser erguido também em Caçapava, será revisto. “O prazo para a sequência desse projeto depende da recuperação do mercado em 2021 e 2022”, comentou Castiella. Já a nova fábrica da Vidriería Argentina S.A. (Vasa), subsidiária da NSG/Pilkington, está com o prédio externo finalizado e com as áreas internas bastante avançadas. Assim que o governo argentino flexibilizar a quarentena, os trabalhos serão retomados.

 

Mudanças
Para Reinaldo Valu, uma série de hábitos do setor será repensada: “Os mais óbvios são os relacionadas à Internet e ao e-commerce. No caso de nossa indústria, ainda não detectamos mudanças significativas. Mas o vidro não vai escapar de passar por uma transformação digital dentro das empresas”.

O executivo acredita que a cadeia precisa de responsabilidade durante esta crise. “Estamos no meio de algo grave, mas é passageiro. O importante é chegarmos todos vivos até o futuro, quando tudo melhorar. Mais do que se preocupar com a concorrência, a Cebrace assume responsabilidades, protegendo a equipe e garantindo a sustentabilidade de seus negócios”, afirmou.

 

Antidumping
Questionado sobre a revisão do direito antidumping aplicado às importações brasileiras de vidros planos float incolores, com espessuras de 2 a 19 mm, da Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos e México, Leopoldo Castiella afirmou que a Abividro vem acompanhando o pleito e a expectativa pela renovação do direito é grande.

“Todos os esforços foram feitos, acreditamos na renovação e sabemos que nesse momento de crise é fundamental que usemos toda a capacidade instalada para atender o Brasil. Se começarmos a receber vidro a preço de dumping de outros mercados a nossa situação será caótica”, avalia.

 

Defesa do setor
O presidente da Abravidro também comentou alguns assuntos importantes, como a questão da inadimplência, pedindo para que todos possam honrar seus compromissos da melhor forma possível.

José Domingos Seixas também enumerou as ações da entidade para a defesa do mercado vidreiro durante a pandemia. “Adotar o home office tão logo a situação se agravou não impediu a Abravidro de atender todas as solicitações que tivemos nos últimos tempos”, revelou. Ele também comentou a respeito dos pleitos que a associação leva aos governos de diversas esferas, sempre com o objetivo de defender os interesses da cadeia. “Esse é um trabalho silencioso, que muitas vezes as pessoas não ficam sabendo. No momento, temos pleitos no Ministério da Economia e ainda reuniões com órgãos como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)”, comentou.

Para finalizar, deixou um recado aos espectadores: “Com a diretoria e os associados, temos o ideal para continuar no caminho certo e sair deste momento da melhor forma possível”.

Assista à live na íntegra aqui.



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