Vidroplano
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Resistência transparente

17/04/2019 - 17h09

Conheça os detalhes sobre a aplicação do material em aquários, piscinas e pisos

Aquários, piscinas e pisos envidraçados são uma prova da força de nosso material. Ao ser instalado nessas construções, ele tem a função de resistir a pressões e cargas enormes, garantindo a solidez estrutural e oferecendo segurança aos usuários. Isso só é possível, no entanto, se forem usados os vidros indicados nas normas técnicas, além de se tomar os cuidados necessários na hora de calcular a espessura das peças e escolher os selantes.

Para esta reportagem, O Vidroplano conversou com processadoras, especialistas em projetos envidraçados e fornecedores de insumos para entender como deve ser feito o trabalho com essas estruturas.

O que as normas indicam?
A principal norma vidreira, a NBR 7199 — Vidros na construção civil — Projeto, execução e aplicações, classifica alguns usos como instalações especiais, casos em que o material é submetido a grandes esforços de resistência. Entre elas estão os pisos, visores de piscina e aquários.

O único tipo de vidro que pode ser aplicado nesses casos é o laminado, formado por duas ou mais lâminas fortemente interligadas por uma ou mais camadas intermediárias (interlayer). Em caso de quebra, seus cacos permanecem presos a essa camada, impedindo a abertura do vão, reduzindo o risco de acidentes e ferimentos e mantendo a área fechada e segura até que a substituição da peça seja realizada.

 

Visão subaquática
Projeto: piscina em Santos (SP)
Na cidade do litoral paulista, a Vidrosistemas projetou um visor de piscina feito de temperado laminado, com espessura total de 40 mm. O vidro utilizado foi o extra clear, para garantir visão total da água para quem está fora.

CASE piscina

Cálculo correto
“O cálculo é um dos pontos-chave para essas aplicações”, explica Angelo Arruda, diretor técnico da processadora Vidrosistemas. “Ele deve ser feito com ferramentas de dimensionamento estrutural adequadas, como os chamados softwares de elementos finitos, sistemas que simulam como um produto reage às forças do mundo real.”

“A NBR 7199 não considera uma fórmula de cálculo para essa aplicação. Por isso, é preciso contar com profissionais especializados, como consultores independentes ou com o apoio dos fornecedores”, comenta Rebeca Andrade, especificadora técnica da beneficiadora PKO do Brasil, uma das empresas que oferecem suporte técnico para o cálculo.

A Cebrace tem uma ferramenta online gratuita, bastante usada por nosso setor para isso, que tem versões para pisos (no link bit.ly/CálculoPiso) e visores de piscina (bit.ly/CálculoVisor).

 

Visibilidade com segurança

NOVA CASE
Projeto: Aquário de Belo Horizonte
A Avec Design foi responsável pela obra, inaugurada em 2010, para a qual desenvolveu 42 visores de temperados laminados triplos, em duas espessuras diferentes (33 e 39 mm), cada uma para situações específicas de pressão da água. Um dos segredos do projeto está nos interlayers. Escolheu-se o SentryGlas Plus, da Kuraray, que permitiu redução da espessura dos conjuntos e, consequentemente, do peso deles, viabilizando os processos industriais e logísticos. Para efeito de comparação: se tivesse sido aplicado PVB comum, seriam necessárias cinco camadas de vidro (50 mm no total) para obter o mesmo desempenho estrutural. O material foi temperado pela Cyberglass e laminado pela Terra de Santa Cruz.

 

O papel do selante

NOVA CASE 2
A escolha do produto dependerá de sua finalidade:

– Vedar o sistema de envidraçamento;
– Executar uma função estrutural.

“Em pisos, o projeto das juntas está mais ligado ao seu dimensionamento e ao modo como os corpos de apoio são compostos, pois a questão tátil é muito relevante”, analisa o arquiteto Felipe Aceto Ferraz, diretor técnico operacional da Avec Design. “Já em situação de juntas submersas, a durabilidade e a garantia do fornecedor nessas condições ganham importância superior”.

Vale lembrar que existem produtos específicos para o contato com água. “Além de vazamentos, o selante mal-especificado e mal-aplicado pode gerar delaminação do vidro”, aponta Angelo Arruda, da Vidrosistemas.

Pelo fato de essas estruturas contarem com laminados, é importante ressaltar que o tipo de selante escolhido influencia na estabilidade do conjunto. “Os produtos de cura neutra minimizam o risco de interação com o PVB, embora os testes de compatibilidade antes da aplicação sejam sempre recomendados”, explica Daniel Domingos, gerente de Contas para a América Latina da Eastman.

 

Transparência elevada
Projeto: Sundial Bridge (Redding, Estados Unidos)
Localizada no Turtle Bay Exploration Park, na cidade americana de Redding, estado da Califórnia, a ponte é obra do renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava — o mesmo responsável por criar as formas do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. A estrutura recebeu piso de laminados triplos (10+10+10 mm) com PVBs Vanceva, da Eastman, incolores e na cor branca. À noite, luzes especiais iluminam os vidros. Quem processou o vidro foi a empresa Oldclastle Glass.

Sundial Bridge California USA 3

Dicas para especificar pisos
- Distribuição das cargas: um espaço destinado à exposição de objetos pesados, como automóveis e mobiliários, é diferente de um para a passagem de pessoas. Por isso, é preciso checar de antemão as cargas que o piso suportará. Eventualidades, como a queda de um objeto pesado ou a pressão do vento também devem ser consideradas;

- Tipos de apoio: a NBR 7199 diz o seguinte sobre o assunto:
* O apoio nas bordas precisa ser de uma vez e meia a espessura total do nosso material;
* Utilizar calços de fundo e laterais, de forma que o vidro não toque diretamente na estrutura que o sustenta.

- Dimensões e fixação: é necessário saber o tamanho das peças e o número de lados de cada uma a serem fixados;

- Aderência: em alguns casos, podem ser aplicados vidros impressos ou películas antiderrapantes para que o piso não fique escorregadio.

Toyota TBN showroom, Bangkok, Thailand 16

Dicas para especificar piscinas e aquários
- Posição da peça em relação ao nível da água: isso vai definir o tipo de pressão a que o vidro estará submetido. José Carlos Alcon, consultor-sênior da Kuraray, explica: “A pressão da água exercida não é linear, diferente da do vento, que se distribui igualmente por todo o painel. Conforme aumenta a profundidade, maior a pressão”. Por isso, um aquário de zoológico não pode ser calculado da mesma maneira que uma piscina, por exemplo;

- Dimensões e fixação: é necessário saber o tamanho das peças e o número de lados de cada uma a serem fixados;

- Empenamento: mesmo suportando a pressão da água, nosso material pode sofrer com o empenamento, principalmente quando suas bordas superiores estão livres de apoio. Dessa forma, como alerta Alcon, o ideal é seguir a regra da redundância: “Em um exemplo genérico, se a aplicação de dois vidros é indicada para um projeto, você adiciona o terceiro para diminuir a deflexão das chapas”.

Piscina sul terrazzo

Como manter as estruturas bem-cuidadas?
Como aponta o gerente de Projetos da beneficiadora Divinal Vidros, Leandro Gonçalves Pedroso, um plano de manutenção periódica é essencial para essas construções. Deve-se seguir algumas recomendações básicas:

– Checagem das juntas de vedação, para ver se não existe infiltração, no caso das piscinas e aquários;

– Checagem das estruturas de ancoragem, para ver se a estrutura segue oferecendo segurança, no caso dos pisos;

– Limpeza, conforme padrão estabelecido pelo fabricante do produto. Água e sabão neutro são os produtos mais indicados.

Este texto foi originalmente publicado na edição 556 (abril de 2019) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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