Vidroplano
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A situação da indústria nacional na pandemia

20/08/2020 - 10h21

Este mês, o Brasil ultrapassou a marca dos 3 milhões de infectados e dos 100 mil mortos pela Covid-19. Isso mostra que, pelo menos por aqui, a pandemia do coronavírus está longe de terminar, ao contrário do que poderíamos esperar. Da mesma forma, uma rápida recuperação da economia também não aconteceu. Para ajudar a entender a situação atual, O Vidroplano mostra a seguir como é o momento vivido pela indústria nacional, assim como por variados setores que consomem o nosso material.

Queda jamais vista
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial brasileira (ver gráfico 1) teve uma redução sem precedentes desde o início da medição desse indicador:

Em março, a queda foi de 9,1% em relação a fevereiro;
Em abril, mais queda, agora de 19,2% em relação a março.

A indústria de transformação (ver gráfico 2) também sofreu bastante no período, com redução ainda maior: abril marcou -23,2% em comparação com março, mês que já teve queda considerável.

Os últimos dois meses do semestre (maio e junho) viram um crescimento importante, mas não a ponto de recuperar
toda a produção perdida. Como serão os próximos meses? Difícil fazer uma análise precisa — até por não se saber como se dará a recuperação da renda e da confiança do consumidor de forma a garantir a retomada do consumo.

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Canteiros de obras
Os números da construção civil, o segmento que mais consome vidro, podem ser considerados animadores. Em junho, enquanto o País como um todo fechou quase 11 mil vagas com carteira assinada, esse setor criou mais de 17 mil novos empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério da Economia. As admissões aumentaram 29,29% em comparação a maio, enquanto as demissões caíram 11,60%. “Isso vem se somar a uma série de outros indicadores que têm mostrado a recuperação e a força do setor para puxar a retomada econômica”, afirma José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Simplesmente nos deram condições e prazo para pagar e mantiveram nossos contratos. Nós respondemos de forma positiva.”

Mais dados positivos vieram da pesquisa Covid-19: impactos e desafios para o mercado imobiliário, realizada pela consultoria Brain Inteligência Corporativa em parceria com a CBIC. O resultado mostrou que o setor aqueceu-se ao longo da pandemia. Das pessoas entrevistadas que pensavam em comprar um imóvel, 22% efetivaram a aquisição em junho, um aumento de 6% em relação a março e 3% em relação a abril.

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Linha branca e moveleiro
O ramo de eletrônicos (que inclui os de linha branca) também viu aumento no consumo. Levantamento da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) mostra crescimento de 46,25% nas vendas do varejo em abril e maio. No entanto, na comparação direta com maio de 2019, a diferença ainda é considerável: queda de 27,3% na produção.

Os números da indústria moveleira, por outro lado, são ruins. De janeiro a maio, houve queda acumulada de 22% na produção, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário (Abimóvel). “A avaliação e projeção dos indicadores do setor estimam queda de 6,5% no número de peças comercializadas no acumulado do ano, contra redução de 9,45% na produção industrial”, revela a presidente da entidade, Maristela Cusin Longhi.

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De olho nos automóveis
O setor automotivo, outro entre os principais consumidores de nosso material, puxou a recuperação industrial medida pelo IBGE: seu crescimento foi de 70% em junho na comparação com maio, mês já com recuperação enorme (250%).

Mesmo assim, os efeitos da pandemia foram imensos. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de 729,5 mil veículos no primeiro semestre representou queda de 50,5% se comparado ao mesmo período de 2019.

A entidade projeta a fabricação de 1,6 milhão de automóveis (incluindo comerciais leves, caminhões e ônibus) em 2020, número 45% menor do que o de 2019.

“Trata-se de uma estimativa dramática, mas muito realista”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, em comunicado da associação. “A situação geral da indústria automotiva nacional é de uma crise maior que as enfrentadas nos anos 1980 e 1990. Um recuo dessa magnitude no ano terá impactos duradouros, infelizmente. Nossa expectativa é de que apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019.”

O que esperar?
Alguns dados são positivos, outros seguem negativos. O que esperar, então? Os empresários brasileiros parecem acreditar em melhora. Em julho, o Índice de Confiança do Empresário Industrial, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cresceu pelo 3º mês seguido, chegando a 47,6 pontos. O estudo afirma ainda que “as expectativas com relação aos próximos seis meses já são otimistas”. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também notou esse otimismo: seu Índice de Confiança da Indústria aumentou 12,2 pontos em julho em comparação a junho, alcançando 89,8 pontos.

 

Este texto foi originalmente publicado na edição 572 (agosto de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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