Vidroplano
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Vidro conquista o setor moveleiro

22/06/2023 - 21h34

Pode reparar: em qualquer mostra de decoração e design, ou mesmo na residência de algum conhecido e no escritório de trabalho, os móveis que mais chamam a atenção em um ambiente são feitos de vidro. As razões para isso são variadas – e revelá-las é o objetivo desta reportagem especial de O Vidroplano. Seja pela versatilidade estética, pela imponência visual ou então pela durabilidade, o vidro sempre está na moda quando se falam em móveis.

Por isso, trazemos um panorama sobre esse segmento, importante cliente de nossa cadeia. Nas páginas a seguir, o leitor saberá como anda o mercado moveleiro em relação aos negócios, conhecerá as tendências atuais no uso de vidros e saberá a opinião de uma fabricante de móveis sobre os benefícios que o material traz.

Os números, sempre eles
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de móveis fechou 2022 com queda de 16,2% em relação a 2021. Apesar de ser uma baixa considerável, 2021 teve demanda mais aquecida do que o costume por conta da pandemia: a maior permanência das pessoas em casa as levou a fazer investimentos em reformas e trocas de mobiliários.

Este ano começou instável. Estudo da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) mostra que a produção de móveis e colchões em fevereiro caiu 3,6% em relação a janeiro. Porém, o acumulado do ano é positivo, com alta de 4,1%. As vendas no varejo também marcam recuo em 2023 (-10,6% sobre o ano passado).

Os motivos para uma demanda baixa são os mesmos que assolam a construção civil e o setor vidreiro: alta taxa de juros e inflação, entre outros, impactando a renda das famílias e os investimentos. Mesmo assim, há esperança de crescimento no segundo semestre graças à movimentação do governo para aquecer o consumo (como você pode ver clicando aqui).

A visão das empresas vidreiras
A processadora paulista Marcetex trabalha com o segmento moveleiro e confirma o encolhimento dos negócios. “Esse mercado diminuiu tanto quanto os outros setores da construção. Diria que uma média de 40% em relação aos outros anos”, explica o gerente-industrial Sidnei Alves.

Apesar das dificuldades, há muito espaço para trabalhar o vidro dentro desse cenário. “Desde 2017, vemos um crescimento expressivo de peças e de designers querendo usar o material, entregando lindos trabalhos”, afirma Matheus Primo, diretor-criativo e proprietário da Glass11, marca especializada em móveis envidraçados. “Descolar a peça de vidro da injusta fama de ‘frágil’ é uma tarefa que seguirá por anos. Por isso, temos mais responsabilidade em demonstrar que esses itens podem ser feitos com vidros de valor agregado, como os de segurança, refletindo na qualidade recebida e percebida pelo cliente.” Já que todos estão de olho na retomada econômica, essa responsabilidade se torna ainda maior.

Mas, afinal, por que vidro?
A principal tendência arquitetônica surgida com a pandemia foi a de transformar casas e apartamentos em espaços multiuso, com áreas verdes e locais voltados para o home office. Já os escritórios passaram a deixar de lado o confinamento em favor de espaços abertos. E o vidro se tornou ainda mais relevante na relação das pessoas com suas moradias e ambientes de trabalho. Na comparação com outras matérias-primas como madeira e acrílico, ele oferece:

  • Menor necessidade de manutenção (com limpeza fácil e rápida);
  • Maior vida útil (sem se preocupar com deterioração);
  • Segurança;
  • Aspecto visual duradouro (mais resistente a riscos e arranhões, sem amarelar com o tempo).
Crédito: Cris Martins

Crédito: Cris Martins

 

Mas ninguém melhor para explicar por que apostar em nosso material do que uma fabricante de móveis conhecida por seus produtos envidraçados. “A empresa valoriza o acabamento de alto padrão e a atenção aos detalhes, e os vidros utilizados em nossos produtos desempenham um papel fundamental nesse sentido”, comenta Luísa Moysés, gerente de Produtos da Breton. “O extra clear e os laqueados, por exemplo, contribuem para a criação de móveis sofisticados, modernos e visualmente atraentes, oferecendo aos clientes uma experiência de excelência em design de interiores.”

E como se dá a escolha do tipo de vidro para um determinado mobiliário? Segundo a marca, o processo envolve uma análise minuciosa das características do design, das necessidades funcionais e das preferências estéticas do produto. Em alguns casos, a intenção é enfatizar a base do móvel, criando uma sensação de leveza e transparência. Nesse caso, a Breton opta pelo uso do extra clear por ter baixo teor de ferro em sua composição, resultando em uma transparência mais cristalina e livre de tonalidades indesejadas.

Já para tampos de mesas de jantar, o vidro é pintado na mesma cor do móvel, de forma a garantir uma estética superior. “A busca está sempre em encontrar a combinação ideal entre todos os elementos de um móvel, a fim de oferecer produtos com visual atrativo aos clientes”, destaca Luísa.

Em busca do acabamento perfeito
Para serem escolhidos por marcas desse porte, os vidros precisam ser produzidos com alto grau de precisão. Aí entram os grandes desafios para as processadoras vidreiras. “Geralmente, os móveis possuem uma tolerância mínima de medida, fazendo com que cada peça seja quase única em relação à fabricação”, explica Sidnei Alves, da Marcetex. “Um cliente que utiliza o vidro num móvel de alto padrão é mais minucioso nos detalhes do que aquele que vai instalar o material na parte externa de um prédio.”

Matheus Primo, da Glass11, reforça a importância de uma lapidação perfeita: “Ela deve ser feita com precisão, para que a cola UV tenha a aderência necessária. Um vidro mal-lapidado não entrega um móvel envidraçado”.

Pela necessidade de perfeição estética, o manuseio das peças se torna um momento crítico da produção. O ideal é transportá-los com embalagens especiais, principalmente para proteger bordas e cantos: qualquer dano, por menor que seja, pode significar retrabalho. É importante, inclusive, educar o usuário final de móveis com vidro. “Entregamos um manual de manuseio e limpeza, indicando as melhores práticas para manter a colagem e as bordas em perfeito estado, mas nada disso resolve se não houver uma conscientização do cliente sobre os cuidados necessários”, salienta Primo.

As tendências atuais
De acordo com a Breton, o foco hoje em dia está em explorar o vidro como protagonista. Como os designers estão utilizando-o de diversas formas, com variações de espessuras, texturas e acabamentos, criando peças únicas e sofisticadas, Luísa Moysés indica alguns padrões em voga:

Minimalismo: uma abordagem comum está na utilização seguindo conceitos minimalistas, com formas simples. Assim, dá-se total destaque à transparência, criando um visual clean e contemporâneo, adequado para diferentes estilos de decoração;

Cores: vidros coloridos, como o bronze, estão em alta, pois adicionam um toque de personalidade e trazem uma paleta de tons diferenciada aos espaços. Cores vibrantes também criam pontos de destaque no ambiente;

Texturas: os diferentes padrões e relevos de vidros texturizados agregam um elemento tátil aos móveis, sendo aplicados em painéis, portas, tampos e outras superfícies;

Combinação com outros materiais: misturar vidro com madeira, metal ou mármore proporciona contrastes visualmente impactantes.

Outra tendência vista nos últimos tempos, principalmente em mostras como a Casa Cor, são os tampos de mesa com vidros trabalhados artisticamente. De técnicas como fusing a pinturas manuais, não há limites para a criatividade quando se utiliza um material versátil como o nosso.

Crédito: Cris Martins

Crédito: Cris Martins

 

Existe alguma norma para vidros usados em móveis?
Sim: a ABNT NBR 14488 — Tampos de vidro para móveis — Requisitos e métodos de ensaio especifica as exigências necessárias para garantir a segurança da aplicação do material em mesas, aparadores e similares. A área quadrada do tampo, o tipo de vidro (comum, temperado ou laminado), a altura em relação ao piso e a forma como é apoiado (completamente ou não) são informações requeridas por essa norma para determinar a espessura do tampo de vidro a ser aplicado.

Existe também a ABNT NBR 14564 — Vidros para sistemas de prateleiras – Requisitos e métodos de ensaio, que especifica os requisitos de desempenho e os ensaios necessários para garantir a segurança da aplicação do material na composição de prateleiras. Importante citar ainda a ABNT NBR 14033 — Móveis para cozinha, que padroniza as dimensões dos móveis para cozinha e estabelece os requisitos de segurança e os métodos de ensaio para determinar a estabilidade, resistência e durabilidade desses produtos.

Este texto foi originalmente publicado na edição 606 (junho de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Crédito da foto de abertura: Marcos Santos



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