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O Vidroplano entrevista José Domingos Seixas

05/06/2023 - 11h35

Após seis anos à frente da Abravidro, José Domingos Seixas deixa este mês o posto de presidente da associação. Esse período foi marcado por uma série de conquistas – como o lançamento do Termômetro Abravidro e o público recorde recebido na edição 2022 da Glass South America –, mas também de desafios – como a pandemia da Covid-19 e seus impactos no nosso setor.

Alguns dias antes de deixar oficialmente a liderança da maior entidade vidreira brasileira, José Domingos Seixas concedeu uma entrevista para Iara Bentes, editora de O Vidroplano, na qual reforçou a importância do associativismo para o desenvolvimento da cadeia vidreira nacional, destacou a relevância estratégica de levantamentos como o Termômetro e o Panorama Abravidro para o planejamento das empresas, além de expressar seu orgulho pela equipe da Abravidro. “Esses seis anos me mostraram o que é comprometimento e o que é profissionalismo. Trabalhei lado a lado com os melhores profissionais para desenvolver projetos e resolver os problemas que surgem no nosso segmento”.

Quais foram as principais conquistas da Abravidro para o setor vidreiro nesses seis anos?
José Domingos Seixas – Nós conquistamos muita coisa nesses dois mandatos. Em particular, eu diria que o Código de Conduta Ética da Abravidro foi um avanço importante para a atuação da entidade e que pode gerar impactos positivos para todo o setor. Outra conquista relevante foi a equalização das alíquotas do IPI, medida cujo objetivo foi diminuir a evasão fiscal. Cito ainda a criação do Termômetro Abravidro, outro grande feito que trouxemos para o mercado vidreiro. E não posso deixar de destacar também a realização de duas edições da Glass South America, em 2018 e 2022, a segunda realizada em um período bastante complicado e difícil, mas com sucesso total – isso sem falar nas três edições do Simpovidro.

Você fala sempre sobre a importância do associativismo para o mercado. Como você acha que o associativismo se desenvolveu ao longo desse tempo?
JDS – Eu gostaria que o número de associados tivesse crescido mais – e muito. Hoje nós estamos com número recorde, com 207 associados, mas temos mais de quinhentos processadores. Então poderíamos ter crescido muito mais. Considero que o associativismo ainda é a ferramenta para conquistarmos muita coisa no mercado vidreiro.

Quais foram os momentos mais desafiadores da sua gestão?
JDS – Acho que foi durante a pandemia: os primeiros meses foram de muita incerteza, os fornos das usinas entraram em recirculação, não sabíamos como ia ficar o abastecimento de matérias-primas. Além disso, a pandemia interrompeu o planejamento que tínhamos feito de viajar pelo Brasil, visitando as sedes das entidades regionais afiliadas à Abravidro.

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Uma grande bandeira da Abravidro é fazer com que a cadeia tenha dados e informações para compreender os movimentos do mercado. No seu mandato, foi criado o Termômetro Abravidro, nosso segundo estudo econômico, com periodicidade mensal, que acaba indicando – como o próprio nome diz – a temperatura do mercado. É difícil convencer as empresas da relevância estratégica desses monitoramentos de dados?
JDS – Sim, infelizmente ainda é muito complicado mobilizar as empresas para participar das pesquisas. A gente tem visto um número cada vez maior de pessoas utilizando os dados dos nossos estudos, mas o número de empresas que contribui ainda é pequeno.

Qual você acha que é a importância dos estudos econômicos da Abravidro para o mercado vidreiro nacional?
JDS – A importância é enorme. O Termômetro, por exemplo, apresenta as informações mais recentes, do mês anterior, permitindo que os processadores possam prever algumas dificuldades que suas empresas possam vir a ter imediatamente. Precisamos difundir a cultura de dados no nosso setor, para que as empresas contem com mais essa ferramenta no dia a dia e no momento da tomada de decisão.

Como você enxerga o futuro do mercado vidreiro no Brasil?
JDS – Na atual conjuntura, considero bastante incerto. Não temos nada muito sólido quanto aos volumes de produção e de consumo, à abertura de importações… Por isso, creio em mudanças no mercado.

E que futuro você enxerga para a Abravidro?
JDS – Eu considero que o futuro do mercado vidreiro depende da Abravidro. Esses seis anos me mostraram o que é comprometimento, o que é profissionalismo, trabalhando lado a lado com os melhores profissionais, com pessoas com capacidade não só para desenvolver projetos, mas também para resolver os problemas que surgem no nosso segmento. É por meio da Abravidro que nós temos o desenvolvimento do mercado e as informações precisas para que isso seja possível.

Você tem algum recado para os outros elos da cadeia vidreira nacional?
JDS – Não tenho um recado, apenas uma opinião de que cada elo precisa desempenhar seu papel. Ninguém tem de atropelar ninguém.

Para terminar, deixe uma mensagem final para o segmento vidreiro.
JDS – Associem-se, pois só o associativismo é capaz de conquistar. Digo isso como um representante da terceira geração da minha empresa, sendo que as gerações anteriores não acreditavam no associativismo. Eu acho que nunca vi tanta força numa associação como na Abravidro. Por meio do trabalho dela, nós já conquistamos muitas coisas, incluindo algumas que muita gente não acreditava de que seríamos capazes.

Com relação à minha gestão na Abravidro, considero que me dediquei e mostrei de fato quem era o Domingos e o que ele poderia oferecer para a associação. Saio com a sensação de dever cumprido, de que me dediquei da melhor forma possível e lutei pela melhoria de nosso mercado vidreiro.

Este texto foi originalmente publicado na edição 605 (maio de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Créditos das fotos: Amorim Leite



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