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PIB da indústria de transformação teve queda em 2023

04/04/2024 - 10h21

Em meio ao bom resultado do Produto Interno Bruto (PIB) nacional de 2023 (crescimento de 2,9%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, no começo deste mês), um número chamou a atenção: a indústria de transformação marcou queda de 1,3%, mesmo com a alta de 1,6% da indústria geral. Esse é justamente o segmento em que as processadoras vidreiras atuam – o que acende um sinal de preocupação em relação ao desempenho do ano passado, que será medido na edição deste ano do Panorama Abravidro, a ser publicada em maio.

Nas páginas a seguir, O Vidroplano tenta entender o que esse dado significa para nossas empresas, analisando os gargalos encontrados na indústria vidreira, e qual a forma de superá-los.

O que o PIB mostra
Segundo o IBGE, entre os destaques positivos da indústria estão o segmento extrativo, com crescimento de 8,7%, causado pela alta na extração de petróleo, gás natural e minério de ferro, graças à alta nos preços internacionais dessas commodities. Também foram relevantes para o desempenho as operações de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (+6,5%), influenciadas pela melhora nas condições hídricas na comparação com 2022 e pelo aumento da temperatura associado ao fenômeno natural El Niño.

Já o desempenho da indústria de transformação sofreu com a baixa na fabricação de produtos químicos, máquinas e equipamentos, metalurgia e indústria automotiva (este último é um mercado importante no consumo de vidro). O PIB da construção civil também caiu (0,5%), resultado influenciado pelo recuo na produção de insumos típicos e na ocupação.

Para ficar de olho
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a situação da indústria de transformação é delicada e precisa ser observada de perto: nos últimos dez anos, esse segmento fechou em queda sete vezes. “É uma economia puxada pelo agro e pela indústria extrativa, que são setores primários. Ambos são muito importantes, mas uma cadeira não fica em pé só com uma perna”, analisou o economista-chefe da federação, Igor Rocha, em entrevista ao jornal Valor Econômico. “Quando pensamos em crescimento sustentável, de longo prazo, para sair da média e virar país de renda alta, a composição do PIB é muito preocupante.”

Para a entidade, a carga tributária sobre o ramo é maior que na comparação com outros setores, o que pode dificultar a definição de novas alíquotas dentro da reforma tributária. “É uma pena, sobretudo no momento em que a indústria de transformação está no holofote global. Poderíamos estar aproveitando o ritmo da transformação ecológica e energética, mas vemos um enfraquecimento relevante quando deveria ser fortalecida”, comentou Rocha durante a mesma entrevista.

Para este ano, a Fiesp aposta em crescimento de 1% na indústria de transformação – o que poderia até representar um alívio, não fossem os problemas enfrentados atualmente.

E o nosso setor?
Como explica Sérgio Goldbaum, economista da GPM Consultoria (empresa responsável pela análise do Panorama Abravidro e Termômetro), 2023 foi um período relativamente difícil para o segmento, com desaquecimento da demanda e aumento da competição com grande volume de vidros importados entrando no País: “Mesmo assim, o desempenho do setor ao longo do ano indicou relativa estabilidade, ainda que em nível inferior a 2022. Para o setor voltar a crescer, a demanda precisa ser reativada”.

O atual ciclo de redução da taxa de juros e o anúncio de medidas de uma política industrial mais ativa, realizada no começo deste ano, podem sinalizar alguma esperança. “Novos investimentos privados em alguns setores consumidores da indústria vidreira, como o automotivo, parecem reforçar essa possibilidade”, afirma Goldbaum.

Por falar em esperança, vale olhar para os dados do Termômetro deste início de ano. “Na comparação com os últimos dois anos, 2024 inicia com uma redução de consumo sazonal não tão expressiva. Em janeiro, tivemos um resultado positivo maior que em 2022 e 2023”, analisa Rafael Ribeiro, presidente da Abravidro. “Já em fevereiro, apesar do número negativo, a queda foi menor do que os números do mesmo período nos anos de 2022 e 2023”.

Será um vislumbre do início de tração do setor para 2024? “É um pouco cedo para sinalizar uma retomada”, reflete Goldbaum. “A Sondagem Indústria da Construção, divulgada pela CNI em janeiro, aponta que as expectativas para os próximos meses recuaram, mas seguem positivas. Ao mesmo tempo, a principal manchete da publicação informa que a atividade e emprego apresentaram comportamento acima do esperado. Então, o estudo sinaliza ceticismo em relação ao futuro e surpresa com o resultado presente.”

Panorama Abravidro: processador, participe do estudo!
Existe uma forma de medir o desempenho da indústria de transformação vidreira: o Panorama Abravidro. Criado em 2012, o principal estudo econômico do mercado de vidros no Brasil é uma publicação anual que contém dados atualizados sobre diversos aspectos do setor, incluindo faturamento da cadeia de processamento, volume produzido, itens processados mais fabricados e produtividade média das empresas, entre outros.

Diversos elos da cadeia se beneficiam com o Panorama. Para as processadoras, por exemplo, o estudo oferece a possibilidade de comparar resultados individuais com a média do setor, avaliando eventuais pontos de melhoria e correções de rota necessárias. Para fornecedores de equipamentos, insumos e acessórios, os dados ajudam a entender o atual cenário de negócios, além de trazer qual o humor para o ano vigente na parte qualitativa da pesquisa.

Este texto foi originalmente publicado na edição 615 (março de 2023) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: romul014/stock.adobe.com



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