Vidroplano
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Presidente da Abravidro conta os desafios para novo mandato

24/06/2020 - 11h41

Quando José Domingos Seixas assumiu a presidência da Abravidro, em 2017, o Brasil e o mundo eram bastante diferentes. De lá para cá, nosso setor foi influenciado por diversos momentos de tensão, incluindo uma das piores crises econômicas e políticas da história nacional, desabastecimento de vidro, greve de caminhoneiros, eleições, fechamento de usina vidreira (a União Brasileira de Vidros – UBV) e até uma pandemia global.

Em conversa com O Vidroplano, o presidente reeleito para mais três anos comenta que não é incomum o mercado vidreiro enfrentar complicações vindas de fora. “Nosso segmento é maduro e resiliente, já atravessamos muitas situações conturbadas, muitos planos econômicos e vários períodos de recessão”, explica. Uma receita para superar esses momentos, segundo ele, está justamente no associativismo. Na entrevista conduzida por Iara Bentes, editora da revista e superintendente da Abravidro, Domingos analisa, entre outros assuntos, a importância da união dos elos da cadeia e os desafios para o mandato que se inicia.

Qual é o balanço de seu primeiro mandato, marcado por situações bem singulares?
Jose Domingos Seixas — Realmente, esses últimos três anos foram bastante intensos, um período de muito aprendizado e desafios. A Abravidro manteve seu papel de liderança forte e atuante no mercado, sempre focada em seu principal objetivo, o desenvolvimento do setor vidreiro nacional.

O desabastecimento foi uma questão pontual, de desorganização do mercado. A Abravidro atuou de forma firme junto às usinas para que o problema fosse resolvido e, principalmente, para que não venha a se repetir. A greve dos caminhoneiros também causou dificuldades ao mercado e as eleições deixaram o ambiente político instável, mas ainda assim 2018 foi um ano de bons resultados para a indústria de processamento de vidros. Porém, o fechamento da UBV mostrou que as usinas de base também têm suas fragilidades.

Mas o nosso segmento é maduro e resiliente, já atravessamos muitas situações conturbadas, muitos planos econômicos e vários períodos de recessão. As empresas reagem de diferentes maneiras, cada uma dentro de suas possibilidades, mas há, inclusive, quem se torne mais forte. É um clichê, mas toda crise é também uma oportunidade.

Com frequência o ouvimos reforçar a importância do associativismo e união de todos os elos da cadeia. Em momentos de turbulência, manter a unidade é sempre um desafio. Durante esses três anos, o segmento conseguiu evoluir nesse aspecto?
JDS — O associativismo é a arma mais forte para o desenvolvimento setorial. É quando as empresas deixam de olhar apenas para suas necessidades e realidades e passam a olhar para o coletivo, para o que é comum. Precisamos de todos, de empresários dinâmicos, ativos e que participem e colaborem com suas ideias e objetivos. E não há dúvidas: um setor organizado, forte, produtivo e profissionalizado é melhor para todos.

A união dos elos da cadeia também é muito importante, em especial no que diz respeito aos interesses comuns. Mas também é fundamental para que haja respeito nos momentos de interesses conflitantes, como quando cobramos das usinas de base.

Uma das mudanças anunciadas no começo de sua gestão era que ela seria colaborativa e compartilhada, com ainda mais participação dos membros da diretoria. Como tem sido essa experiência?
JDS — Tenho o privilégio de contar com uma diretoria e conselho deliberativo, composto pelos presidentes das entidades regionais afiliadas, de grande representatividade e com muita disposição para os assuntos da associação. Temos bons debates em nossas assembleias, sempre na busca dos melhores caminhos para contribuir com o nosso setor.

Além disso, os vice-presidentes acompanham e participam ativamente de nosso dia a dia, trazendo olhares e experiências complementares que agregam muito à nossa gestão.

A hora é propícia para falar não apenas do seu primeiro mandato, mas de toda a história da Abravidro. Sua família tem mais de noventa anos no segmento e, por isso, conhece muito bem o setor. Qual é a sua avaliação da trajetória da entidade até aqui?
JDS — A Abravidro completou 30 anos de uma bela trajetória de representação e defesa da indústria de processamento no Brasil. Tem uma história importante de contribuições para o setor, com desenvolvimento de normas que regulamentam nossa atuação e nossos produtos, qualificação de mão de obra, popularização da certificação do vidro temperado, defesa dos nossos interesses e realização de eventos que são referências para o mercado vidreiro.

Curiosamente, a Cyberglass foi uma das primeiras associadas da Abravidro, pois acreditávamos na importância de uma associação atuando pelo setor. Na empresa, nós fizemos uso de muitos dos benefícios e serviços oferecidos aos associados, como a especialização técnica para qualificar a nossa equipe. Mas a proximidade com o dia a dia da entidade é mais recente, ocorreu na última década, depois da minha atuação no Sincavesp-SP, entidade regional afiliada à Abravidro.

Quais os principais desafios para a Abravidro e o setor vidreiro nos próximos anos?
JDS — Nós vamos continuar atuando em diversas frentes para fortalecer ainda mais o nosso segmento. Temos o desafio de retomar o crescimento de nossa indústria, que teve retração em 2019, como mostra o novo Panorama Abravidro [encartado nesta edição de O Vidroplano]. Teremos ainda um 2020 desafiador por conta dos impactos da pandemia na economia global.

Além disso, temos uma pauta permanente que é qualificar o consumo do vidro no Brasil, aumentando a participação dos produtos de valor agregado no volume total do produto consumido no mercado brasileiro.

Qual é a sua mensagem ao setor e também aos diretores que dividirão o trabalho em sua gestão até 2023?
JDS — Minha mensagem é um convite a todos os colegas processadores e associados para que se aproximem da entidade. A Abravidro está aqui para atuar incansavelmente em prol do mercado vidreiro nacional. Participem ativamente, tragam suas necessidades, sugestões, ideias e nos ajudem a ser cada vez mais atuantes. Estamos abertos a ouvir e a atender a todos os nossos afiliados e associados em qualquer esfera.

Aos meus colegas de diretoria, agradeço pela confiança e pela disposição de estarem conosco para mais um período de trabalho árduo e intenso. Espero que tenhamos a clareza e sabedoria necessárias para seguirmos sempre com o melhor para o setor.

Este texto foi originalmente publicado na edição 570 (junho de 2020) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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