Conteúdo estratégico para as empresas marca Encontro de Associados Abravidro 2025

Evento aconteceu na manhã desta sexta-feira, no Distrito Anhembi, antes do terceiro dia da Glass South America
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Conteúdo estratégico para as empresas marca Encontro de Associados Abravidro 2025

Ocorreu hoje, das 9h30 às 12h30, o Encontro de Associados Abravidro 2025, evento gratuito voltado às empresas associadas da entidade. O Encontro foi no restaurante Le Sampah, no Distrito Anhembi, local onde é realizada a Glass South America, principal feira vidreira da América Latina, e teve como objetivo oferecer uma manhã de conteúdo estratégico para a rotina de negócios das companhias.

Rafael Ribeiro, presidente da Abravidro, deu as boas-vindas aos presentes, mencionando ações da entidade para o desenvolvimento contínuo do setor, como a criação de uma cultura de dados por meio de estudos (incluindo o Panorama e o Termômetro Abravidro) e os pleitos junto a diferentes esferas de governo em prol da defesa dos interesses do segmento.

Normas: oportunidades para o setor
A primeira palestra do dia, ministrada pelo gerente técnico da Abravidro, Silvio Carvalho, abordou o tema Normas técnicas como estratégia de crescimento: transformando regras em oportunidades para o setor vidreiro. Ele mostrou como as normas técnicas vão além da conformidade: são ferramentas estratégicas para garantir segurança aos projetos, podendo impulsionar a competitividade das empresas dentro dos mercados consumidores de vidro.

A recente atualização da ABNT NBR 7199, a mais importante norma para o trabalho com vidro, assim como a revisão da ABNT NBR 14698, sobre temperados, estiveram no centro da apresentação. Silvio reforçou que é fundamental estar atualizado em relação à normalização de nosso material — e, para isso, uma ferramenta gratuita para os associados da Abravidro é o ABNT Coleção, biblioteca online que contém mais de cinquenta documentos técnicos disponíveis para consulta. Cada empresa associada pode acessar o sistema com até três usuários diferentes, podendo ainda imprimir dois exemplares de cada norma.

E de que forma as normas podem ser estratégicas para os negócios? O novo texto da ABNT NBR 7199 aumenta ainda mais a segurança do consumidor, incluindo novas aplicações nas quais se torna obrigatória a instalação de vidros de segurança. “Muito profissional tem receio de perder vendas para a concorrência se orçar um projeto somente com vidros de segurança. A grande questão é ter a informação para convencer o cliente”, afirma Silvio. Portanto, o uso das normas pode – e deve – se tornar argumento para fechar vendas.

São vários os benefícios trazidos pelas normas, segundo Silvio:

  • Mais segurança: redução de acidentes
  • Maior demanda: crescimento na procura por temperados e laminados
  • Diferencial competitivo: certificação desses produtos traz mais credibilidade às empresas

Além disso, é extremamente importante a própria indústria vidreira atuar como agente fiscalizadora. “O processador deve exigir e verificar a aplicação correta. Além disso, precisa educar seus clientes, facilitando o atendimento à conformidade”, alerta o gerente técnico da Abravidro.

Comércio exterior
Alexandre Pestana, ex-presidente da Abravidro, atual diretor da entidade e da Pestana Vidros, falou sobre Do comércio exterior à defesa comercial: o panorama do vidro plano – Importações em números e medidas em pauta no mercado brasileiro. A partir de dados atualizados, ele analisou as importações de vidros planos e o cenário da defesa comercial no Brasil.

As importações de vidros planos em 2025 atingirão a ordem de aproximadamente 240 mil toneladas – bem menor que no período de 2012 a 2014, que chegou à marca de 600 mil toneladas na época, mas maior que os anos anteriores a 2023.

Para entender esses dados, vale olhar o consumo doméstico nacional de vidro. De 2006 a 2014, o indicador cresceu 130%. No entanto, em 2015 e 2016, graças à recessão econômica do período, houve queda importante de 16%. De lá para cá, subidas e descidas, com 2021 chegando ao recorde do indicador —puxado pelas pequenas reformas realizadas durante a pandemia. O consumo per capita de vidro ajuda a ilustrar tais números: saímos de 3 kg em 2000 para 9 kg em 2014. Atualmente, estamos com cerca de 7,5 kg por pessoa.

Pestana também apontou que, em 2012 e 2013, a importação de vidros planos correspondia a 30% do material consumido no País; porém, a elevação do consumo interno levou a um aumento na capacidade produtiva nacional até que ela fosse capaz de atender essa demanda, resultando em uma queda expressiva no volume importado ao longo dos anos seguintes.

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O perfil de produtos importados também registrou mudanças: se na primeira metade dos anos 2000 os vidros float e impresso correspondiam a 91% das importações, em 2025 os vidros processados já correspondem a 40% do volume importado no ano. A importação de vidro temperado não automotivo em 2025 é a maior registrada no Brasil desde 2017: “Hoje ele representa 5% da participação do temperado no mercado nacional; ainda é um número tímido mas que vem crescendo de forma expressiva, e isso é preocupante”, avaliou. A importação de vidro laminado no Brasil traz um cenário ainda mais preocupante: ela já corresponde a 22% do produto consumido no Brasil, e projeções indicam que 2025 terá o maior volume de laminados importados já registrado no País.

Em seguida, Pestana passou a palavra para Iara Bentes, superintendente da Abravidro, apresentar uma linha do tempo das medidas antidumping no Brasil: o primeiro pedido foi protocolado em 2010 pela Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro). Ela também listou todas as medidas de defesa comercial para vidros planos no Brasil, tanto as que já se encontram em vigor como as que estão em andamento ou que foram protocoladas. “Há atualmente um pedido de antidumping em andamento para vidros float incolores importados da Malásia, do Paquistão e da Turquia, que aguarda um parecer do governo”, destacou Iara.

Bate-papo sobre os caminhos do setor

Após as apresentações, Iara comandou o talk show Setor vidreiro em foco: desafios de hoje e perspectivas de amanhã – Um bate-papo sobre os caminhos do setor vidreiro diante dos cenários de negócios, economia e futuro. Os convidados para debater o tema foram Rafael Ribeiro, presidente da Abravidro; Myrian Ang, diretora-executiva da PKO do Brasil; e Lucas Malfetano, diretor-executivo da Cebrace e presidente da Abividro.

“Hoje temos mais de 600 fornos de têmpera no Brasil; o grande desafio do setor hoje é a ociosidade, pois a capacidade de processamento é maior que a quantidade de vidros float presentes no mercado e que a demanda por esses produtos”, apontou Rafael Ribeiro. “O vidro tem potencial para crescer muito no Brasil, e para isso é essencial garantir que o consumidor tenha acesso à solução que melhor atenderá suas necessidades”, avaliou Malfetano, apontando os juros altos como um grande desafio para que isso aconteça.

Myrian falou sobre o impacto causado nas processadoras nacionais pelo aumento nas importações de vidros processados: segundo ela, muitos compradores são convencidos pelos preços mais baixos de alguns desses produtos importados, mas reforçou que esses mesmos vidros processados muitas vezes estão fora de norma – o que representa riscos ao desempenho e à segurança que eles deveriam oferecer. “Esse ensinamento para o mercado é algo que temos buscado levar não só para nossos clientes, mas para a sociedade como um todo, reforçando a importância de verificar se o produto que estão comprando é uma solução de qualidade, se está atendendo as normas”, destacou a diretora-executiva da PKO.

Sobre o equilíbrio da cadeia produtiva vidreira, os presidentes da Abravidro e Abividro disseram considerar que há um ambiente de cooperação entre fabricantes e processadoras no Brasil para que haja o desenvolvimento do setor vidreiro nacional como um todo, mas que ainda há espaço para aumentar essa cooperação entre os elos.

Em relação ao tópico da gestão familiar, Ribeiro comentou que a atenção com a governança precisa estar em foco, com a preparação atenciosa dos sucessores para que estejam capacitados quando assumirem o negócio. Myrian Ang compartilhou que a perenidade da gestão da PKO sempre foi uma preocupação de seu pai, destacando que em 2020 a empresa buscou especialistas externos para ajudá-la nesse processo, contribuindo para que a processadora adotasse uma visão mais focada a longo prazo.

Para encerrar o talk show, Iara pediu que cada um dos convidados dissesse em poucas palavras aquilo que desejam para o futuro do setor. Malfetano citou o aumento na demanda e consumo de vidros insulados, a defesa comercial e a sinergia entre todos os elos da cadeia vidreira; Myrian acrescentou o aumento da educação, tanto dentro do setor como na sociedade brasileira como um todo; por fim, Ribeiro mencionou o equilíbrio entre demanda, produção e consumo no segmento vidreiro, e também na constância do crescimento do setor.

Foto: Marcos Santos e Meryellen Duarte

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