Se você leu a reportagem de capa desta edição de O Vidroplano, notou a ampla capacidade acústica do vidro. Além de estética, segurança, facilidade para limpeza e diversos outros benefícios, nosso material também se caracteriza pela eficácia para a atenuação de ruídos. E para comprovar na prática o desempenho do vidro contra barulhos, a seção “Vidro em obra” traz um projeto exemplar: o Teatro B32, em São Paulo, tem seu palco localizado à frente de uma bela fachada envidraçada (com laminados processados pela GlassecViracon), que, por sua vez, está voltada para uma praça e uma via das mais movimentadas da cidade. O resultado não surpreende ninguém: controle acústico perfeito juntamente de uma bela vista da metrópole.

(Foto: Iara Bentes)
Conexão
O teatro faz parte de um complexo erguido na Avenida Faria Lima, o coração financeiro paulistano, formado também pelo edifício comercial Birmann 32 (tema desta seção de O Vidroplano na edição de janeiro de 2021), por uma central de utilidades e a já mencionada praça – onde está instalada uma escultura em formato de baleia.
Todo o conceito desse complexo envolve a integração urbana. Não surpreende, então, a vontade de fazer o interior do teatro conversar com seus arredores por meio de uma fachada transparente. “Um teatro em um empreendimento com essa visão urbanística só poderia ter uma vocação de múltiplo uso. E isso tem horizonte amplo no B32 porque sua programação não se limita às diferentes expressões das artes performáticas: eventos corporativos e institucionais são recebidos no local como pauta importante e fundamental para sua operação”, explica José Augusto Nepomuceno, consultor da Acústica & Sônica, em matéria para o site da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica). A empresa foi a responsável por pensar o projeto de controle acústico e tecnologia de palco da obra.

(Foto: Manuel Sá Architectural Photography)
Transparência que barra o som
A fachada de vidro transforma o aspecto visual típico dos teatros, de um local escuro e fechado para algo cheio de luz natural. Mas engana-se quem acha que o desafio para aplicar essa ideia à obra foi simples. Além do trânsito pesado da Faria Lima (cujo ruído, de acordo com a Acústica & Sônica, pode chegar a picos de 79 dB), a região é rota de aproximação de aeronaves para o Aeroporto de Congonhas – ou seja, aviões e helicópteros sobrevoando o edifício são uma constante.
“Com relação à resposta acústica interna, por experiências anteriores muito bem-sucedidas, a equipe de acústica sabia que a presença do vidro, se trabalhada corretamente, não é um problema para a escuta no palco”, comenta Nepomuceno. Dessa forma, optou-se por uma fachada dupla: duas peles de vidro laminado (uma com 16 mm de espessura e a outra com 20 mm) separadas por um vão (de 1,2 m), com a função de dissipar o barulho. A pele de vidro interna ganhou inclinação para mudar a trajetória das reflexões sonoras – isso evita que o som gerado no palco retorne para os microfones.
Vidro também pode ser encontrado no foyer, local em que os espectadores aguardam o início das apresentações. Laminados de 18 mm ajudam a isolar o barulho da área, evitando que vaze para a parte interna.

Plateia modular
Uma curiosidade do Teatro B32 é o aspecto modular para a montagem dos assentos: cada fila da plateia é um elevador, fazendo com que as poltronas girem e se recolham. “Podemos transformar a plateia de formação em arquibancada para piso plano em, aproximadamente, vinte minutos com um único operador”, explica Júlio Gaspar, coordenador-geral do projeto na Acústica & Sônica, também para a reportagem da ProAcústica.

(Foto: Reprodução)
Ficha técnica
Projeto: Teatro B32
Local: São Paulo
Arquitetura: Eiji Hayakawa
Acústica e tecnologia de palco: Acústica & Sônica (Júlio Gaspar, José Augusto Nepomuceno e Anthony Nittoli)
Conclusão da obra: 2021
Processadora: GlassecViracon
Foto de abertura: Divulgação Teatro B32








