Vidroplano
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Vidro traz vantagens para piscinas com borda infinita

19/02/2021 - 16h00

Sinônimo de sofisticação, piscinas com borda infinita ganham cada vez mais atenção por parte de arquitetos, engenheiros e designers de interiores. Se essa estrutura geralmente era encontrada em hotéis de alto padrão, spas e resorts de luxo, hoje em dia pode ser vista também em empreendimentos de menor porte e residências, muito por sua estética única que conquista as pessoas. Imagine, então, uma instalação dessas com vidro! Para entender o trabalho de especificação nesses casos, O Vidroplano explica o que precisa ser levado em conta na hora de fazer os cálculos, assim como a importância dos interlayers e da vedação bem feita.

Como funcionam
Essas piscinas aplicam uma ilusão de ótica: uma de suas bordas é mais baixa que as demais. Com isso, a água transborda por ali, dando a impressão de que a superfície não tem fim. Essa água transbordada cai em uma calha, vai para um reservatório, passa por filtragem e é bombeada de volta à piscina, num ciclo contínuo.

 

Apelo visual: piscinas com borda infinita também permitem estéticas diferenciadas, como o jogo com a luz de LEDs instalados na estrutura

Apelo visual: piscinas com borda infinita também permitem estéticas diferenciadas,
como o jogo com a luz de LEDs instalados na estrutura

 

Em depoimento ao site Tua Casa, a arquiteta Sandra Pompermayer explica que, mesmo podendo ficar de 10% a 20% mais caro do que o de uma piscina comum, um projeto como esse valoriza o imóvel, agregando valor a ele – tanto que muitos condomínios modernos são pensados com estrutura semelhante. Segundo Sandra, terrenos em declive são os mais indicados para a construção: “Assim, cria-se uma ligação visual entre a paisagem e a piscina. Outra vantagem é na hora da construção, já que não há a necessidade de retirar muita terra”. Um terreno plano até pode receber a estrutura, mas os gastos com mão de obra serão maiores.

 

Como funcionam as piscinas de borda infinita: uma de suas bordas é mais baixa que as demais, permitindo que a água transborde por ali

Como funcionam as piscinas de borda infinita: uma de suas bordas é mais baixa que
as demais, permitindo que a água transborde por ali

 

Como escolher o vidro
O cálculo para a especificação não é nada simples. Variantes diversas influenciam na espessura do vidro, incluindo:

– Dimensões da peça (largura e altura);

– Quantidade de apoios;

– Duração da carga exercida no vidro (no caso de visores de piscina, será permanente);

– Temperatura da carga (na maioria dos casos, são considerados 40 °C);

– Pressão hidrostática, representado pelo indicador “metros de coluna d’água” (mca).

Vale reforçar que todo esse cuidado se dá devido à enorme pressão causada pela água. “Não parece, mas ela é muito pesada. E essa pressão é maior conforme a profundidade aumenta”, explica Vaughn Schauss, gerente e consultor técnico para as Américas da Kuraray.

Por isso, como a resistência das chapas deverá ser a máxima possível, o indicado é usar vidros de segurança – no caso, multilaminados de temperados, com interlayers estruturais, pois, “além de permitir a redução da espessura final do conjunto, garantem alta resistência aos choques mecânicos e, em caso de quebra, impedem o rompimento do vão, dando tempo de esvaziar a piscina”, reforça Vagner Martins Júnior, especificador técnico da PKO do Brasil. Nesse sentido, é importante considerar sempre o uso de uma lâmina mina extra, para oferecer ainda mais segurança no caso de troca das peças.

 

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“Dada toda essa complexidade, recomendamos que especialistas que trabalham com sistemas construtivos sejam contatados para garantir a segurança do cálculo”, indica Douglas Alves, representante técnico para a América Latina da Eastman. Dessa forma, será possível minimizar possíveis erros e gastos extras com reposição de materiais em caso de especificação errada. Vale lembrar que a Cebrace possui uma ferramenta gratuita em seu site (www.cebrace.com.br/CalculoEspessura) para o cálculo da espessura de vidros a serem aplicados em visores de piscina e aquários, entre outras instalações.

 

Como funcionam as piscinas de borda infinita: uma de suas bordas é mais baixa que as demais, permitindo que a água transborde por ali

 

Interlayers e vedação
Como mencionado, os interlayers devem ser estruturais. “Eles contribuem com a resistência mecânica necessária para a aplicação”, esclarece Douglas Alves, da Eastman, fabricante do Saflex Structural DG41.

Vaughn Schauss, da Kuraray, fabricante do SentryGlas, reforça que esses materiais precisam de rigidez o bastante para resistirem à deflexão das placas e ainda oferecer o desempenho pós-quebra adequado – segurar os cacos dos vidros no lugar. “Os interlayers também nunca podem entrar em contato com a água por longos períodos, embora precisem resistir a esse contato por uma curta duração de tempo”, comenta.

Daí vem a importância da vedação. “O tipo de selante escolhido influencia na estabilidade do conjunto. Um produto mal-especificado ou mal-aplicado pode causar interação química com o interlayer, gerando delaminação”, afirma Vagner Martins Júnior, da PKO. O selante, portanto, tem função dupla numa obra assim: previne o contato das bordas dos vidros com a umidade, aumentando a durabilidade da estrutura, e evita o vazamento de água, o que gera problemas de ordens diversas no local ao redor da piscina.

Cuidados na hora de instalar
A fixação correta é outro ponto essencial do trabalho com piscinas envidraçadas. Dois tópicos ganham atenção:

- “Engastamento”: os apoios estruturais que impedem os movimentos das peças;

- Diagrama de forças: também chamado “diagrama de corpo livre”, mostra as diversas forças exercidas sobre um objeto.

Para que a solução seja efetiva do ponto de vista estrutural, recomenda-se a contratação de um profissional técnico, responsável por gerar um memorial de cálculo, que apontará a forma correta para esse “engastamento”. Não há receitas prontas a serem seguidas: para cada projeto, é preciso estudar qual será o tipo de fixação adequado.

Não se deve esquecer também da logística para o transporte e o descarregamento dos vidros: dada a sua especificação robusta, as peças podem chegar a centenas de quilos. Por isso mesmo, o manuseio deve ser feito com equipamentos próprios, incluindo ventosas, evitando qualquer possibilidade de acidentes nos canteiros de obra.

Este texto foi originalmente publicado na edição 578 (fevereiro de 2021) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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