Vidroplano
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Vidros à prova de bala protegem o quadro Mona Lisa

22/03/2022 - 11h44

Uma das obras de arte mais populares feitas na história, Mona Lisa (também conhecida como La Gioconda) passou por diversas mãos ao longo dos séculos. Pintada pelo multiartista italiano Leonardo da Vinci por vários anos a partir de 1503, e considerada inacabada por ele próprio, já esteve no banheiro de Francisco X, rei da França, e nos aposentos do imperador Napoleão Bonaparte antes de ser incorporada ao acervo do Museu do Louvre, em Paris, no século 19.

Mas isso não a impediu de ser roubada em 1911 – e a cobertura da mídia em torno do caso teve grande influência para que a pintura se tornasse uma das mais famosas do mundo. Atualmente, um furto desse porte é impossível, pois nem dá para tocá-la: Mona Lisa fica atrás de vidros à prova de bala, livre de qualquer perigo, incluindo ataques de visitantes malucos (acredite, isso aconteceu mais de uma vez…). A seguir, confira detalhes sobre a estrutura que protege essa obra-prima da humanidade.

Renovação
Em 2019, a Sala dos Estados, local no Louvre em que o quadro está exposto, passou por uma reforma total. O objetivo era deixar o espaço ainda mais tecnológico, ressaltando a beleza da tela sem prejudicar sua conservação – afinal, um objeto com mais de 500 anos precisa ser armazenado sob condições específicas. Trocaram-se os vidros, os painéis que ficam atrás da estrutura e também sua base, feita de madeira.

A empresa responsável pelo serviço é a italiana Goppion, especialista em vitrines e soluções para exibições artísticas. Ela própria fabricara o envidraçamento antigo, instalado em 2005.

A nova estrutura foi desenvolvida após intensa pesquisa em relação a materiais que poderiam ser usados. “Trabalhamos com base em um complexo processo de horas e horas de planejamento, procedimentos e verificações intensas. Fizemos tudo que pudemos para garantir que a vitrine seja o lar ideal para Mona Lisa, um espaço seguro que pode protegê-la enquanto ainda a mantém visível para os milhões de visitantes que a visitam”, comenta Alessandro Goppion, CEO da empresa. Estima-se que, em média, cerca de 15 mil pessoas passem pela Sala dos Estados por dia.

Imagem: aylerein/stock.adobe.com

Imagem: aylerein/stock.adobe.com

 

Força bruta
O novo painel de vidro é um multilaminado imenso: tem 2,2 m de largura por 3,5 m de altura e pesa 600 kg. Como permitir a total visibilidade do quadro seria fundamental para o projeto, nosso material conta com um revestimento antirreflexo de última geração. E, apesar de ser da mesma espessura que a peça antiga, o vidro atual é mais resistente – mais uma prova do avanço da tecnologia vidreira nas últimas décadas.

Outra questão que precisava ser levada em conta era o controle climático no espaço da vitrine – excesso de umidade ou calor poderia deteriorar a pintura e sua moldura. Para resolver isso, a Goppion trabalhou em parceria com a Universidade Politécnica de Milão para a construção de um sistema com a função de estabilizar a umidade relativa e filtrar o ar dentro da estrutura. Ele é formado por duas unidades independentes e redundantes: em caso de falha de uma, a outra assume a tarefa automaticamente. Existe ainda mais um sistema, de compressão, que veda o perímetro da vitrine em vários pontos, alcançando alto nível de estanquidade.

Portanto, quer proteger algum objeto de valor inestimável ao planeta? Pode contar com o vidro.

Quadro já foi alvo de ataques
Além do histórico roubo mencionado no início desta reportagem – realizado por um italiano que, num ato considerado por ele mesmo como “patriótico”, queria devolver a obra ao país de origem –, Mona Lisa também sofreu com outros visitantes em seu lar na França.

Em 1956, uma pessoa não identificada jogou ácido nela, danificando a parte interior da tela. Nesse mesmo ano, outro ato de vandalismo: um boliviano arremessou uma pedra que descascou parte da tinta. Em ambos os casos, a obra teve de passar por um processo de restauração.

O caso mais recente é de 2009: uma turista russa jogou uma caneca na direção do quadro. Como já existia a vitrine de vidro, nada aconteceu – a não ser para a mulher, encaminhada à polícia após o incidente.

Crédito da imagem de abertura: aylerein/stock.adobe.com

Este texto foi originalmente publicado na edição 591 (março de 2022) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.



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