Vidroplano
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“Na era das fakes, o GPD é fonte confiável”

28/06/2019 - 16h56

Acabou nesta sexta-feira, em Tampere, na Finlândia, a edição 2019 do Glass Performance Days (GPD), evento bienal considerado o principal congresso técnico vidreiro do mundo. Mais uma vez a Abravidro marcou presença, por meio de sua superintendente e editora de O Vidroplano, Iara Bentes.

Conforme é possível conferir nas reportagens publicadas em nosso site desde quarta-feira, quando o evento teve início, o GPD confirmou sua importância para o mercado vidreiro como fórum de apresentação e discussão dos temas que interessam à comunidade do setor. Aspectos técnicos e práticos, tendências, estudos de caso, protótipos, tudo está presente no congresso. A programação é vasta — começa antes mesmo da abertura oficial, com os workshops práticos — e é uma pena só conseguir acompanhar uma pequena fração das palestras, já que são realizadas de maneira simultânea.

Esta edição fica marcada pela despedida de Jorma Vitkala, chairman do GPD e membro da organização do evento há mais de vinte anos. Muito respeitado, o profissional foi homenageado em vários momentos, inclusive com a criação de um prêmio, o Jorma Vitkala Award of Merit. Em seu discurso na abertura do simpósio, afirmou: “Na era das fake news, o GPD é fonte de informação confiável”. Outro ponto de destaque foi a participação brasileira, com ao menos cinco empresas enviando representantes — veja as fotos deles na nossa galeria.

Mercado em análise
Escolher quais palestras cobrir no congresso é sempre missão difícil, pois os temas são tentadores. Dentre as que pudemos acompanhar, vale citar a de Bernard Savaëte, considerado um “guru” do vidro pela capacidade de analisar o mercado global. Nesta sexta-feira, ele apresentou um panorama da indústria de float no século 21, revelando a quantidade de fornos em operação ao redor do mundo e tendências, como a produção de vidros de maior valor agregado.

Sener Oktik, da usina turca Sisecam, também fez análises em sua palestra, na cerimônia de abertura. Segundo ele, a demanda por vidro hoje é maior que o volume produzido. A China segue sendo, de longe, a maior fabricante de nosso material. Em relação às previsões de crescimento do mercado, os estudos de Oktik estimam que a América do Sul pode crescer de 3% a 3,5% ao ano até 2022. O Brasil se desenvolveria abaixo desse patamar: cerca de 1,6% ao ano.

Anisotropia
A anisotropia, tema abordado na edição de 2017, voltou à pauta nesta edição. Aliás, por causa das discussões realizadas no GPD de dois anos atrás, um grupo de estudos foi criado para desenvolver uma norma americana — e, eventualmente, uma europeia e uma ISO — sobre o tema. Ainda sobre o assunto:

  • Louis Moreau, da Agnora, comentou as implicações dessas manchas no uso arquitetônico do vidro e comparou as diferentes soluções de scanners que identificam o efeito existentes no mercado;
  • Kai Vogel, da Viprotron, falou sobre como é possível extinguir a anisotropia com melhorias em fornos novos ou antigos a partir da análise dos produtos por meio de scanners in-line;
  • Reijo Karvinen, da Universidade de Tecnologia de Tampere, demonstrou como a melhor distribuição de calor nas chapas pode diminuir a incidência do fenômeno.

Fachadas e Indústria 4.0
No segundo dia do evento, Joe Kao, da Physee, trouxe estudos sobre um material inovador: um insulado com vidros que possuem revestimentos para filtrar a reflexão da luz e com células fotovoltaicas.

Ainda sobre tecnologia, mas agora no controle da produção, AJ Piscitelli, da FeneTech, abordou a Indústria 4.0: para ele, tão importante quanto ter uma fábrica integrada e gerando dados, é o que fazer com as métricas. Muitas empresas falham nesse processo e softwares especializados podem ser aliados importantes na análise das informações.

Vidro é design
Voltando a falar da estética do nosso material, na cerimônia de abertura, Stefan Blach, do Studio Libeskind, apresentou diversas obras envidraçadas projetadas pelo escritório, localizadas na Europa e América do Norte. Mike Pilliod, diretor da Tesla, empresa automotiva norte-americana também especializada em energia, comentou que nosso material funciona como um facilitador para o design de carros. Segundo ele, graças a parcerias com companhias vidreiras, foi possível aumentar a área envidraçada nos veículos, utilizando peças com tamanhos e formatos diferentes dos tradicionais.

Modernidade e tradição
As novas empresas de tecnologia movimentaram o espaço Step Change ao longo do evento. O ambiente buscou colocar startups vidreiras em contato com grandes companhias do setor, visando ao desenvolvimento de novas tecnologias.

Ainda durante o GPD, os tradicionais Conference Dinner, jantar com os congressistas (com o icônico brinde finlandês, uma dose de vodca dentro de uma casca de ovo), e a festa de encerramento (o tema neste ano foi o “Velho Oeste”) foram realizados, facilitando o networking entre os profissionais de todo o mundo que viajaram para a Finlândia.

Mais detalhes das palestras você confere em O Vidroplano de julho. Não perca!

 

 



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