Vidroplano
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Rui Nogueira apresenta cenários político e econômico no 13º Simpovidro

11/11/2017 - 13h05

O segundo dia de palestras do 13º Simpovidro foi aberto por ninguém menos que o jornalista Rui Nogueira, que já dirigiu as sucursais dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo em Brasília e hoje é sócio-diretor sênior na empresa Patri Políticas Públicas e especialista em relações governamentais. Com o tema Cenário Brasil: O preço do descalabro e o canto das sereias em 2018, ele avaliou o panorama político nacional e seu efeito sobre as empresas.

O primeiro tema da apresentação, como não poderia deixar de ser, é a situação atual do presidente do País, Michel Temer. Para Nogueira, a chance de que Temer saia do cargo antes do fim de seu mandato já é nula, pois o ano já está acabando e, além de não ser mais possível retirá-lo do poder por meio de denúncias, os próprios nomes na linha de sucessão não têm interesse em sua saída por saber que não há tempo para fazer algo pelo País e para evitar qualquer tipo de complicação para eles mesmos.

Ainda sobre o Governo Federal, Nogueira alertou que, entre o fim deste ano e o começo do ano que vem, veremos novamente a questão de quem ocupará os cargos ministeriais: o motivo para isso é que, a partir do dia 7 de abril, quem for candidato às eleições precisa sair de sua função atual em ministérios ou secretariados. Por isso, é provável que a disputa por cargos comece desde já.

Da política à economia
Outro ponto destacado por Nogueira é que, nos próximos meses, os políticos buscarão uma agenda afastada do Palácio do Planalto, buscando assim não se vincular à imagem de corrupção e impopularidade associadas a ele e se aproximar do eleitor. Para isso, é provável que eles pensem em leis que agradem a maior parcela do eleitorado, mesmo que para isso o setor produtivo do país seja ferido – com isso, a “conta” acaba ficando para as empresas.

Já no ambiente econômico, a situação atual é de expectativa; ou seja, há um forte movimento no sentido de esperar para ver o que vai acontecer, quais serão os próximos acontecimentos que podem interferir na economia nacional.

Reformas no Brasil
As polêmicas reformas trabalhista e previdenciária foram outro ponto central na palestra de Nogueira. No caso da primeira, aprovada recentemente, ele disse que ela, em tese, não foi pensada para cortar direitos dos trabalhadores ou mexer no seu custo direto. Um dos grandes trunfos dessa reforma, para o palestrante, foi a regularização da terceirização.

Já no caso da reforma previdência, Nogueira considera que ela dificilmente será aprovada pelo Congresso. Segundo ele, após o escândalo das gravações de conversas entre Temer e o empresário Joesley Batista, o governo precisou juntar forças e mobilizar sua tropa para vencer as denúncias; com isso, a articulação pela reforma da previdência foi bastante prejudicada.

Apesar disso, o sócio-diretor sênior da Patri considera que seria muito importante que duas questões fossem aprovadas: a idade mínima para aposentadoria e a redução dos privilégios do funcionalismo público. Para ele, se esses dois pontos seguirem adiante para o próximo ano, já seria, em tese, uma vitória.

A volta de tributos?
Sobre a questão tributária do País, Nogueira foi incisivo ao afirmar que não deve haver uma reforma tributária para os próximos anos – ou mesmo para o próximo governo federal. Ele também alertou as empresas sobre uma ameaça tributária: no próximo ano, a chance de cortes nas renúncias fiscais para as empresas é enorme, então a desoneração para os setores produtivos provavelmente será diminuída. Nogueira lembrou que, no momento, há cerca de 285 bilhões de reais em renúncia fiscal, e o governo certamente tentará reduzir esse número para tentar equilibrar as contas.

Outro tributo mencionado pelo palestrante é a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), cujo retorno está sendo considerado para contribuir para o aumento da receita no Brasil de qualquer jeito.

2018: certezas e incertezas
Sobre as eleições no próximo ano, o palestrante apresentou números e defendeu a ideia de que todos os possíveis candidatos têm alta rejeição. Desta forma, as pesquisas de intenção de votos já veiculadas não servem para apontar basicamente nada, até porque até o ano que vem muita coisa pode mudar e novas alianças podem ser feitas.

Um dos fatores que mais contribuem para essa imprevisibilidade das próximas eleições do ano que vem, apontou, é o aumento a cada nova eleição dos votos brancos, nulos e abstenções, o que pode influenciar diretamente o resultado.

Já a tão aguardada renovação do Congresso é um assunto que, segundo Nogueira, pode ser esquecido. Em 2014, por exemplo, 56% dos deputados foram reeleitos e apenas 12% são realmente novos – e, mesmo entre eles, vários são ligados a igrejas. “Então, de certa forma, a máquina eleitoral sempre reposiciona as mesmas pessoas, e a chance disso mudar em 2018 é muito pequena”, lamentou.

Conselhos para os empreendedores
O palestrante finalizou sua apresentação direcionando uma mensagem para as empresas: é preciso trabalhar uma relação com o governo. Mas, para isso, ele resumiu quatro regras que precisam ser seguidas:

1- “Não há um jeito certo de fazer a coisa errada”

2- “Ninguém vai a um motel para tomar chá” (ou seja, não pode haver margem para dúvidas em uma negociação ou relacionamento com o governo; tudo deve ser claro e direto)

3- “Você tem duas orelhas e uma boca” (em outras palavras, aprenda a ouvir mais e falar menos)

4- “Se você não fala, alguém fala por você” (isto é, não deixe uma boa oportunidade passar, pois quando perceber que poderia ter agido, já será tarde demais)

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