Boxes de vidro são protagonistas dos banheiros

Saiba como esses sistemas se transformaram em item de status ao longo dos anos graças ao nosso material
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Boxes de vidro são protagonistas dos banheiros

Um dos itens com vidro mais populares nas casas brasileiras, os boxes de banheiro passaram por uma transformação enorme ao longo das últimas décadas. Antes, eram simples barreiras para não molhar o banheiro todo durante o banho, sendo produzidos com materiais simples, como placas de acrílico – ou mesmo cortinas de plástico, mas aí mal dá para considerar um boxe. Hoje, representam um elemento importante do design de interiores, trazendo segurança, modernidade e tecnologia às residências.

Dada a variedade de possibilidades que o produto oferece, O Vidroplano conversou com empresas do setor (de processadoras a fabricantes de ferragens) para entender como é o processo de desenvolvimento de novas soluções para boxes e quais são as atuais tendências de aplicação – incluindo o crescimento do uso dos laminados nessas estruturas.

Totalmente vedado, o SealedBox, da Casa Mansur, evita que o vapor da água quente se dissipe por todo o banheiro, evitando assim que mobiliários e outros objetos do espaço se desgastem com o tempo
(Foto: Divulgação Casa Mansur/SealedBox)

Status social
A evolução dos boxes de banheiro reflete não só as mudanças tecnológicas do setor vidreiro, mas também transformações mais amplas, como as culturais e sociais de nosso país. “Hoje, o boxe é um reflexo de um estilo de vida que traduz o desejo do consumidor por ambientes mais amplos, limpos e contemporâneos. Além disso, o avanço dos kits, acessórios, ferragens, acabamentos e sistemas de abertura trouxe possibilidades infinitas de personalização, o que consolida o vidro como protagonista desse espaço”, analisa Glória Cardoso, gerente-geral da divisão de Vidros para Arquitetura da Pilkington e Blindex.

Para o coordenador de Projetos do Grupo Tec (antiga Tec-Vidro), Valter Galdino, o vidro passou a ser visto como um símbolo de sofisticação, valorizando o ambiente e até mesmo o imóvel. “Essa transição também acompanha o crescimento da importância do design de interiores, em que os banheiros deixaram de ser apenas funcionais e passaram a integrar o conceito de conforto e estilo da casa.” Esse movimento veio para ficar durante a pandemia, período no qual a residência se tornou mais do que apenas um lugar para dormir, mas sim para o bem-estar total dos moradores.

Como reforça o diretor da Ideia Glass, Érico Miguel, o boxe é uma das maiores peças existentes dentro do banheiro. “É maior que os metais sanitários, que as iluminações e até as louças. Por isso, um boxe, quando bem escolhido, muda completamente esse ambiente”, afirma.

E isso tudo acaba se traduzindo em um mercado pujante, como comenta Cristiano Cordoni, responsável pela marca SealedBox, da Casa Mansur, que produz linhas de boxes vedados, de sauna e de iluminação para banho. “Eu enxergo uma curva cada vez mais íngreme na evolução desse produto. Devido à popularização dos boxes, esse segmento ficou enorme, e isso promove uma grande quantidade de empresas participantes, muita concorrência e disputa constante na evolução técnica e mercadológica da solução.”

Clássico do portfólio da Blindex, o modelo de roldanas aparentes Chromus Titânio agora ganha uma nova cor, a Titânio, para agregar sofisticação e modernidade ao ambiente
(Foto: Julio Scarpelli/Blindex)

O que está na moda atualmente
De acordo com o diretor-comercial da Roaplas, Guilherme Flores, cada vez mais o arquiteto e o consumidor final buscam produtos que tenham um visual mais clean e com menos interferência na área envidraçada. “Nós fazemos pesquisas de mercado, e a nossa conclusão é que a tendência atual é realmente o minimalismo: mais vidro e menos alumínio.” Outro ponto extremamente importante, segundo Flores, são as cores personalizadas: “Por isso, como fabricantes, devemos estar muito atentos às tendências do mercado de metais sanitários para acompanhar os mesmos tons nos boxes”, comenta, citando como exemplos de cores em alta o dourado, rosé, titanium, aço corten e níquel.

Heloa Doia, responsável pelo Marketing da WR Glass, aponta dois modelos de boxe que estão entre os carros-chefe do mercado:

  • Contínuos, com sistema de roldanas, que buscam o visual clean tão procurado pelos consumidores, valorizando o ambiente com amplitude;
  • Articulados, que podem ter movimentação simultânea das folhas, para quem busca otimização de espaço ou para facilitar o acesso a pessoas com mobilidade reduzida, sendo ideal para locais compactos.

A partir daí, existem inúmeras variações: perfis embutidos, vidros com tonalidades especiais (cinza, bronze, refletivo, extra clear), uso de espelhos ou vidros polarizados (aqueles com película que ficam transparentes ou translúcidas a partir de corrente elétrica) e muito mais. “Questões ligadas à funcionalidade também vêm ganhando cada vez mais espaço, como a segurança contra estilhaços em caso de quebra, melhor eficiência térmica e acústica ou ainda a capacidade de impedir totalmente a saída do vapor, para manter os espelhos secos”, indica Cordoni, da SealedBox.

Versatilidade: o boxe Tec Safe, do Grupo Tec, pode receber temperados ou laminados, sem necessidade de alteração no sistema. Seu sistema exclusivo de pinças dispensa furos no vidro, o que aumenta a segurança estrutural e facilita o processo de instalação
(Foto: Divulgação Grupo Tec)

A força dos laminados
Se o leitor de O Vidroplano frequenta feiras do setor, deve ter reparado nos últimos anos uma presença, cada vez mais frequente, de perfis para o uso de laminados em boxes. Na Glass South America deste ano, por exemplo, algumas empresas já contavam com a solução em seus catálogos, enquanto várias outras fizeram lançamentos de estruturas desse tipo. Uma dessas fabricantes foi o Grupo Tec. “Investir em boxe com laminado é apostar em uma tendência consolidada de mercado, que une estética contemporânea, inovação e, principalmente, segurança, valores cada vez mais levados em conta por consumidores e especificadores”, comenta Valter Galdino.

A WR Glass também mostrou em primeira mão um boxe desse tipo. “Em nossa empresa, isso se fortalece ainda mais pelo fato de também trabalharmos com estruturas em inox, o que amplia a resistência e reforça a segurança do conjunto”, detalha Heloa Doia. E outras fabricantes seguirão esse caminho – a Roaplas informa que seu primeiro boxe de laminados tem previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2026.

Pelo fato de ser formado por chapas de vidro fortemente unidas por um interlayer (que pode ser de PVB, EVA ou outros materiais), o laminado não se estilhaça em caso de quebra – seus cacos ficam presos à película, reduzindo assim o risco de acidentes. “O laminado, que sempre foi usado em fachadas, coberturas e guarda-corpos, encontrou espaço também em áreas internas. A tendência surgiu da necessidade de segurança aliada à estética – e, hoje, esse tipo de vidro já é visto não só como alternativa, mas como diferencial”, explica Érico Miguel, da Ideia Glass.

“O conhecimento de que existe uma tecnologia ainda mais segura, com mais eficiência térmica e acústica, tem levado muitos clientes a exigir a utilização de vidro laminado”, cita Cristiano Cordoni, da SealedBox.

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Ideal para espaços reduzidos, o Flex, da Ideia Glass, conta com porta que abre 90% do vão, otimizando o aproveitamento do ambiente sem comprometer a circulação dos usuários
(Foto: Divulgação Ideia Glass)

Não se esqueça dos espaços reduzidos!
Banheiros compactos são uma realidade para parcela expressiva dos novos empreendimentos residenciais em todo o Brasil, especialmente em apartamentos construídos em grandes cidades. Por isso, a indústria precisa pensar em soluções funcionais para espaços pequenos – afinal, se os fabricantes de boxe não se adequarem a essa demanda de miniaturização, abrirão mão de uma fatia em crescimento do mercado imobiliário.

“É fundamental que os boxes atendam espaços reduzidos sem abrir mão da estética e da segurança. Portas de correr com trilhos discretos, sistemas de abertura reversível e flexível, e vidros mais leves são alternativas que ajudam a otimizar o ambiente e ampliar a sensação de espaço”, explica Glória Cardoso, da Blindex.

Projetado para áreas de banho com vãos de até 1 m, o Ultra Full, da WR Glass, oferece um ótimo aproveitamento de abertura (com 57 cm de vão livre). Seu sistema de duas folhas móveis integradas e deslizantes garante acessibilidade e praticidade
(Foto: Divulgação WR Glass)

O processo de desenvolver um boxe
Lançar um novo modelo do produto no mercado não é tarefa simples nem rápida. São diversos os passos para um boxe sair da prancheta e chegar ao banheiro dos consumidores.

  • Monitoramento de tendências e comportamento: “Tudo começa com uma pesquisa de mercado, em que identificamos as principais demandas dos consumidores e profissionais da área – como a necessidade por melhor aproveitamento de espaço, maior durabilidade ou facilidade de instalação”, explica Valter Galdino, do Grupo Tec;
  • Desenho dos modelos: após esse levantamento, chegou a hora de pensar como será o boxe, incluindo estética, acessórios, tipo de abertura etc. Érico Miguel, da Ideia Glass, afirma que as inspirações podem vir também de visitas a feiras pelo Brasil e pelo mundo, além de tendências da arquitetura. “Temos engenheiros e designers no nosso time que desenham e fazem essas ideias tomar forma”, explica;
  • Criação de protótipos: são fabricados modelos que permitem testar tanto a funcionalidade mecânica como o design estético do produto;
  • Ensaios: por último, é o momento de fazer ensaios para saber se os itens seguem as recomendações da norma técnica ABNT NBR 14207 — Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Entre os testes realizados, estão o de névoa salina (para avaliar a resistência à corrosão dos acessórios), de impacto de corpo mole (para garantir a segurança em caso de colisões) e de ciclo de abertura e fechamento (simulando o uso prolongado do boxe no dia a dia). Mas não é só a parte estrutural que deve ser testada, como revela Guilherme Flores, da Roaplas: “Em relação às cores especiais, o processo não é diferente: temos um rigoroso processo de homologação de fornecedores e exigimos testes de qualidade da pintura/banho para darmos total garantia ao nosso cliente”.

Lançado pela Roaplas (licenciada da marca Blindex), o Blindex Classic é um sistema de fechamento para banheiros com inspiração em sistemas europeu: suas roldanas em V na parte superior permitem um deslize suave na abertura e a trave de segurança embutida no perfil impede acidentes por descarrilamento da porta
(Foto: Divulgação Roaplas)

Alguns fabricantes não se limitam a produzir os kits de ferragens, fazendo também insumos para o processo de instalação, como é o caso da Blindex, que conta com uma linha de colas e selantes para garantir a vedação. “Sempre partimos da perspectiva do consumidor/usuário para projetar novos produtos. No caso dos boxes, além de todos os atributos inerentes à estrutura em si, não se pode desconsiderar a expectativa do consumidor: manter o banheiro seco”, afirma Glória Cardoso.

Boxe italiano: tendência que parece oferecer mais modernidade ao banheiro, mas na verdade traz mais complicações, como chão molhado e vapor espalhado por todo o espaço
(Foto: Toyakisfoto.photos/stock.adobe.com)

“Boxe italiano”: futuro do produto ou moda passageira?
Recentemente, reportagens online comentaram sobre uma suposta nova moda no design de banheiros: o “boxe italiano”, uma estrutura aberta apenas com fechamento lateral de vidro. Será mesmo que o futuro do produto é com menos vidro?

Para Érico Miguel, da Ideia Glass, a solução – também conhecida como “para ducha” – é mais conceitual do que funcional. “O brasileiro usa muito o banheiro, e não tem como ficar molhando e secando a área de banho toda hora. Acreditamos que esse modelo não terá muita aderência nas obras nacionais. O ideal é pensar na estética e na função antes de fazer uma escolha para seu boxe.”

“Esse sistema vai totalmente contra as tendências atuais e futuras, uma vez que ele não cumpre os papéis principais dos boxes: vedação e estanqueidade da área do banho”, alerta Guilherme Flores, da Roaplas. Cristiano Cordoni, da SealedBox, também é crítico ao sistema: “O cliente que gosta de um ‘boxe italiano’ não se incomoda com o piso cheio de respingos, espelho todo embaçado e em sentir frio durante e após o banho…”.

Glória Cardoso, da Blindex, acredita que esse tipo de instalação represente mais um movimento estético do que uma substituição real de material. “Pois, mesmo nesses projetos, o vidro continua tendo presença importante seja como divisória parcial, painel de proteção ou fechamento lateral. Ele segue sendo o elemento que confere leveza visual e transparência, além de manter o conforto do usuário e a contenção da água”, opina.

Como reforça Valter Galdino, do Grupo Tec, embora o uso do chuveiro sem boxe possa parecer vantajoso em termos de acessibilidade e custo, isso demanda um projeto muito bem planejado, com atenção redobrada ao escoamento da água, revestimentos e isolamento de umidade. A ausência de uma barreira física aumenta o risco de acidentes por piso molhado, infiltrações e até deterioração prematura de móveis e acabamentos do banheiro. “Embora algumas propostas arquitetônicas modernas considerem essa solução como alternativa, é fundamental destacar que, do ponto de vista técnico e normativo, o boxe de banheiro ainda é a solução mais segura, higiênica e eficiente para ambientes que utilizam sistemas de banho com água pressurizada.”

Este texto foi originalmente publicado na edição 634 (outubro de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Foto de abertura: Ekaterina/stock.adobe.com

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