16ª Glass South America proporciona grandes oportunidades de negócios

Principal feira vidreira da América Latina contou com 120 empresas e mais de 300 marcas expositoras
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16ª Glass South America proporciona grandes oportunidades de negócios

De 3 a 6 de setembro, o setor vidreiro nacional esteve presente em peso no Distrito Anhembi para a 16ª Glass South America. A principal feira vidreira da América Latina, organizada pela NürnbergMesse Brasil (NMB) com parceria exclusiva da Abravidro, contou com 120 empresas e mais de 300 marcas expositoras, reafirmando-se como o mais importante espaço do País para os negócios de nosso mercado, garantindo também um networking de qualidade a expositores e visitantes.

Balanço
O CEO da NMB, João Paulo Picolo, afirma que o resultado da Glass 2025 foi espetacular. “Conversamos com bastante gente ao longo dos quatro dias de feira e os expositores contaram que fecharam muitos negócios. A Glass veio para ajudar o mercado a se fortalecer, e me sinto honrado em entregar um evento de tanta qualidade.”

A satisfação de Picolo é compartilhada pelo presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro: “Nosso balanço é muito positivo: a Glass foi um sucesso. Tivemos muitos associados presentes conosco no estande institucional da Abravidro, e observamos um feedback interessante dos expositores que estiveram na feira, o que demonstra que o empresário vidreiro segue investindo para atualizar seu negócio e ser mais competitivo”.

Segundo o diretor do Portfólio de Construção Civil da NMB, Alexandre Brown, depois de uma análise tão positiva, a expectativa dos organizadores para a próxima edição é bastante alta. “Já iniciamos o processo de renovação. Por isso, muitos expositores estão reservando e até aumentando seus espaços, enquanto outros que não puderam participar este ano nos procuram para garantir seus estandes na futura Glass”, revela. Aliás, anote na agenda: a 17ª Glass South America será realizada de 8 a 11 de setembro de 2027.

A casa do setor
Assim como em outras edições da mostra, o estande da Abravidro foi o ponto de encontro dos processadores. Ali, era possível saber mais sobre todos os produtos e serviços da entidade para o setor (Educavidro, Especialização Técnica, consultoria para certificação, Panorama, O Vidroplano, benefícios para os associados e muito mais), além de obter informações sobre o mercado diretamente com toda a equipe da associação. E, assim como no ano passado, ao lado do espaço, estava o estúdio do VidroCast, onde foram feitas gravações com profissionais do setor, da construção e do setor de esquadrias.

Programação
A programação da Glass contou com muito conteúdo de qualidade: palestras técnicas sobre temas vidreiros relevantes para as empresas na Arena de Conteúdo; demonstração de ensaios ao vivo com vidros de segurança no Vidro em Ação, espaço da Abravidro em parceria com a NMB e Falcão Bauer (clique aqui para saber mais sobre como foi o Vidro em Ação da Glass 2025); e ainda o Encontro de Associados Abravidro.

Presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro e CEO da NMB, João Paulo Picolo, durante cerimônia de entrega do Prêmio Abravidro Glass South America

E não se pode esquecer também da cerimônia de entrega da 2ª edição do Prêmio Abravidro Glass South America, realizada na noite do primeiro dia. Diversas marcas dos mais variados elos do setor vidreiro, além de um projeto com vidro, foram premiadas – e, dessa vez, houve empresas que levaram mais de um troféu (clique aqui para ver a lista completa de vencedores).

Em relação ao ramo de esquadrias, empresas desse setor participaram da feira simultânea à Glass, a E-squadria Show, que chegou à 2ª edição este ano. Um dos destaques do espaço foi a Fábrica de Oportunidades, que reuniu profissionais desse segmento para mostrar, por meio de pequenas apresentações, soluções tecnológicas e tendências de mercado.

Rafael Ribeiro e Iara Bentes, da Abravidro, com Myrian Ang (PKO) e Lucas Malfetano (Abividro) durante talk show

Pensando a estratégia de negócios
Na sexta-feira, dia 5, ocorreu o Encontro de Associados Abravidro 2025, evento gratuito preparado para as empresas associadas da entidade. Realizado no restaurante Le Sampah, no Distrito Anhembi, teve como objetivo oferecer uma manhã de conteúdo estratégico para a rotina de negócios das companhias.

Normas: oportunidades para o setor
A primeira apresentação do encontro foi do gerente técnico da Abravidro, Silvio Carvalho, que mostrou como as normas técnicas vão além da conformidade: são ferramentas estratégicas para garantir segurança aos projetos, podendo impulsionar a competitividade das empresas dentro dos mercados consumidores de vidro. O texto atualizado da ABNT NBR 7199, por exemplo, aumenta ainda mais a segurança do consumidor, incluindo novas aplicações nas quais se torna obrigatória a instalação de vidros de segurança. “Muitos profissionais têm receio de perder vendas para a concorrência se orçar um projeto somente com vidros de segurança. A grande questão é ter a informação para convencer o cliente”, afirmou Silvio. Além disso, é extremamente importante a própria indústria vidreira atuar como agente fiscalizadora: “O processador deve exigir e verificar a aplicação correta e educar seus clientes, facilitando o atendimento à conformidade”.

Comércio exterior
Alexandre Pestana, ex-presidente da Abravidro e atual diretor da entidade, assim como da Pestana Vidros, apresentou a evolução das importações e exportações de vidros planos nos últimos vinte anos, refletindo sobre o impacto que a entrada de material estrangeiro tem sobre a indústria nacional. Para 2025, a estimativa de importações de vidros planos (baseada no volume registrado nos primeiros sete meses do ano) é de 240 mil t – e o perfil de produtos importados mudou ao longo dos anos: se na primeira metade dos anos 2000, os float e impressos correspondiam a 91% das importações, em 2025 os processados já equivalem a 40% do volume. Pestana mostrou ainda a evolução da cadeia vidreira no Brasil, passando por indicadores como capacidade produtiva das usinas de base e o consumo per capita nacional – saímos de 3 kg, em 2000, para 9 kg, em 2014; atualmente, estamos com cerca de 7,5 kg por pessoa. Ao final de sua fala, Pestana passou a palavra a Iara Bentes, superintendente da Abravidro, que apresentou uma linha do tempo das medidas antidumping vigentes no Brasil.

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Bate-papo sobre os caminhos do setor
Na parte final do evento, Iara comandou um talk show sobre os desafios de hoje e as perspectivas de amanhã para o segmento, com a participação do presidente da Abravidro, Rafael Ribeiro; da diretora-executiva da PKO do Brasil, Myrian Ang; e do diretor-executivo da Cebrace e presidente da Abividro, Lucas Malfetano. “Hoje temos mais de seiscentos fornos de têmpera no Brasil; o grande desafio do setor é a ociosidade, pois a capacidade de processamento é maior que a quantidade de vidros float presentes no mercado e que a demanda por esses produtos”, apontou Rafael Ribeiro. “O vidro tem potencial para crescer muito no Brasil e, para isso, é essencial garantir que o consumidor tenha acesso à solução que melhor atenderá suas necessidades”, avaliou Malfetano, apontando os juros altos como um grande desafio para que isso aconteça. Myrian falou sobre o impacto causado nas processadoras nacionais pelo aumento nas importações de vidros processados: segundo ela, muitos compradores são convencidos pelos preços mais baixos dos importados, mas reforçou que esses materiais muitas vezes estão fora de norma, o que representa riscos ao desempenho e à segurança que o material deveria oferecer. “Esse ensinamento para o mercado é algo que temos buscado levar não só para nossos clientes, mas para a sociedade como um todo, reforçando a importância de verificar se o produto que estão comprando é uma solução de qualidade e se atende as normas”, refletiu.

Negócios por todos os lados
Os corredores da feira estiveram cheios durante os quatro dias, recebendo 13 mil visitantes atrás das novidades das marcas expositoras. Isso, como não poderia deixar de ser, resultou em vários negócios fechados – muitas placas de equipamentos vendidos foram vistas nos estandes de fabricantes de maquinários.

“Na verdade, estávamos muito preocupados, porque tivemos a Glass no ano passado e nos questionamos se a edição deste ano poderia ter algum resultado positivo. Mas, realmente, fizemos bons negócios e ficamos surpreendidos de uma maneira positiva em relação ao investimento feito”, analisa Sandro Henriques, da Sglass.

“Foi a primeira vez que expusemos em uma feira”, disse Leandro Oliveira, da Routeck, empresa com soluções voltadas para vidraceiros, cujo estande foi um dos mais lotados ao longo de todo o evento. “Batemos nossa meta nos primeiros dias da feira. No último a ultrapassamos mais ainda”, contou à equipe de O Vidroplano no sábado. Jonathan Ilucenski, da Mettallfleck, também comentou que a empresa bateu sua meta de vendas ainda na sexta-feira. “A Glass não é só importante para os negócios, mas também para se relacionar com o cliente. A gente atende o Brasil todo e até pessoas de outros países, como Bolívia e Paraguai. Então, a feira é um espaço muito importante.”

Conteúdo técnico imperdível
O terceiro dia de atividades na Arena de Conteúdo, espaço da Glass 2025 dedicado a palestras, contou com uma grade de apresentações com curadoria da Abravidro. A associação convidou especialistas em diferentes áreas para discutir temas de interesse para o universo vidreiro nacional.

ABNT NBR 7199: segurança aprimorada
A analista de Normalização da Abravidro, Clélia Bassetto, explicou o que mudou na principal norma de aplicação de vidros na construção civil, atualizada em junho. Os trabalhos de atualização foram precedidos por uma ampla pesquisa para a base técnica do processo, incluindo consulta a normas internacionais e amplo debate entre os diversos elos da cadeia vidreira e da construção civil. Entre as mudanças da norma, Clélia destacou a reformulação e ampliação da tabela de aplicações; a alteração da altura do desnível entre ambientes de 1,50 para 1 m; e o fato de que o aramado deixou de ser considerado um vidro de segurança.

Insulados, o futuro da construção
Jonas Sales, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Cebrace, teve como objetivo derrubar mitos e revelar possibilidades no uso de insulados no Brasil. Segundo ele, a aplicação desse material cresceu 50% em 2025 em relação ao ano anterior – até então, o avanço anual ficava na faixa de 1%. “O insulado é uma solução acústica, termoacústica e também de segurança”, frisou. Entre os nichos de maior potencial para o produto, Sales apontou o de edifícios corporativos que buscam certificações de sustentabilidade e o segmento residencial, especialmente em prédios de médio e alto padrão. “Temos de catequizar o mercado, mostrar as possibilidades do vidro insulado e explorar essa demanda por sustentabilidade e conforto”, conclamou.

O papel do vidro nas fachadas
Fernando Westphal, consultor, engenheiro e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), revelou os ganhos que o vidro pode trazer para as fachadas em edificações: “Há sete fatores que a especificação do melhor vidro para cada projeto precisa levar em conta: segurança, calor do Sol, temperatura, iluminação, estética, acústica e economia”. No insulado, por exemplo, a câmara de ar funciona como isolamento térmico tanto para o frio como para o calor; o laminado contribui para bloquear a radiação ultravioleta, que causa desgaste em pisos e móveis no ambiente interno; e os vidros de controle solar reduzem calor e contribuem para o controle da passagem de luz natural.

Como vender vidros de valor agregado
Isadora Villar, analista de Marketing da Cebrace, destacou a importância de transformar os benefícios do vidro em valor comercial, mostrando que a venda de vidros diferenciados vai além do produto: está diretamente ligada à experiência do consumidor. Ela mostrou o depoimento de uma consumidora que associa o material ao bem-estar, à claridade, à integração com a natureza e à sensação de amplitude. Para Isadora, esse olhar mostra que a decisão de compra é movida por sensações – por isso, o foco de venda deve ser direcionado ao setor da construção civil e aos arquitetos, profissionais que influenciam diretamente as escolhas do cliente final.

Educavidro: dois anos de capacitação
Clélia Bassetto retornou à Arena acompanhada de Mauricio Fernandes, consultor da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), para apresentar o Educavidro, plataforma de ensino a distância gratuita criada por ambas as entidades, que completou dois anos em agosto. Desde seu lançamento, em 2023, o Educavidro é utilizado não só para o treinamento de novos funcionários nas empresas vidreiras, mas também para disseminar conhecimento para toda a sociedade, inclusive os consumidores de nosso material.

Responsabilidade em acidentes com vidro
Encerrando a programação do dia, o advogado Thiago Adorno Albigiante, especialista em direito civil e regulatório da Fialdini Einsfeld Advogados, trouxe reflexões importantes sobre segurança, responsabilidade legal e os riscos que o setor corre quando não segue as normas técnicas. Ele lembrou que o Código de Defesa do Consumidor coloca o consumidor como elo mais frágil da cadeia. As normas técnicas estabelecem critérios técnicos obrigatórios; caso um produto ou instalação fujam dessas diretrizes, pode ser considerado defeituoso. “Seguir a norma significa prevenção de riscos e proteção jurídica para a empresa”, alertou.

Este texto foi originalmente publicado na edição 633 (setembro de 2025) da revista O Vidroplano. Leia a versão digital da revista.

Fotos: Marcos Santos, Meryellen Duarte e Andreia Naomi

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